07 de abril | 2013

Velhas folhas da Folha que se renova

Compartilhe:

WILLIAN A. ZANOLLI

Olhar um jornal dos dias de ontem, não é apenas “refotografar” o passado, ou “revisitar” saudades e memórias que estavam adormecidas no nosso interior, não é apenas acordar adormecidas emoções.

É como pisar novamente no solo ladrilhado da nossa história e comparar espaço a espaço o dia a dia da nossa cidade, do nosso estado, do nosso país, do universo, da nossa gente e de tantos outros humanos, seres de tantas outras distantes pátrias.

Razão maior que esta não há e nem precisaria haver para justificar a importância do jornalismo quando levado a sério, o registro do cotidiano das aldeias, das nações.

Por esta razão, louvo e elogio o esforço desenvolvido pelo jornal Folha da Região ao longo dos seus trinta e três anos de luta em favor da notícia e da opinião manifestada de forma imparcial e livre.

Sou colaborador deste jornal, Folha, sobre o qual escrevo, e posso assegurar sem nenhum temor de que ao longo destes anos todos foram muitas e intensas as tentativas de que ele tivesse encerrado as suas atividades por contrariar a vontade de asfixiar a manifestação do pensamento dos que se opunham aos poderosos de plantão.

Poderosos, que, diga-se de passagem, quando na condição de pretendentes do poder eram extremamente favoráveis as posições independentes do jornal, e quando alçados a condição de governantes desenvolviam e desenvolvem esforço gigantesco para sufocar o jornal economicamente, tentando invia­bi­lizar sua publicação.

Um exemplo clás­sico deste desejo foi a proposição e criação da Imprensa Oficial do Município por haver, no período, orientação de edil local no sentido de que retirando as editais oficiais que eram publicadas na Folha da Região e em outros jornais locais, o jornal perderia valores significativos e teria dificuldades de manutenção.

Levado a efeito o plano ma­quia­vélico se revelou mais uma das muitas loucuras dos ensandecidos que entendiam o poder mais poderoso que a realidade e os fatos.

O jornal, não só sobreviveu a tentativa chã e balofa, como acrescentou novos elementos de informação ao jornalismo incorporando a internet e sendo o primeiro jornal local a estar na mídia eletrônica.

Recentemente, na atual gestão, que já foi oposicionista e cujo prefeito até escreveu artigos de opinião no jornal, a Secretaria Municipal de Saúde publicou vários informes publicitários em valores relativamente altos e, segundo o publicado na coluna do Arantes, não efetuou os pagamentos, deixando hipoteticamente a sensação de tentativa de estrangulamento do jornal.

Estes e outros exem­plos do que foi a luta do semanário ao longo dos seus trinta e três anos de existência permitiriam escrever um longo livro de amor e ódio, retaliações, e interesses contrariados. Tentativas de submeter, ameaças, processos, e a resistência a toda forma ditatorial de impor o pensamento único.

Da minha parte posso dar testemunho pessoal acerca do número escandaloso de assinantes, anun­ciantes, e pessoas que não eram nem uma coisa e nem outra, apenas bajuladores, puxa sacos do governo instalado, ou de todos os governos instalados na cidade, para manterem uma boquinha, pediam aos representantes do jornal que não publicassem meus artigos.

E solicitavam a censura aos meus artigos de forma muito sutil, ameaçando cortar assinaturas, não anunciar mais no jornal, pedir para os assinantes cortarem as assinaturas, Desta maneira anti­de­mocrática os democratas de ontem e de hoje e de sempre combatiam e combatem com suas armas tiranas aquele que diverge de seus pensamentos.

O jornal através de seus representantes legais em tempo algum cedeu às pressões e continuou não só publicando meus artigos como de outros cuja opinião incomodava os ditadores de ontem, de hoje e de sempre.

E da mesma maneira se comportou em relação a matérias que os poderosos ligavam através de terceiros e quartos e os quintos dos infernos para passar a singela informação de que não gostaria, ou não gostou, de ver publicado algum fato envolvendo algum notável “borralhão”.

Está a Folha da Região que envelhece conosco, colaboradores, leitores e anunciantes, respeitando a liberdade de manifestação do pensamento expressa na Constituição, defendendo com unhas e dentes este preceito valioso para o crescimento cultural do ser humano que precisa de informação correta e não de manipulação, como pretendem os autoritários.

Está a Folha, que faço questão de parabenizar pelos trinta e três anos de registro da história da nossa comunidade, sem ceder aos interesses perversos e mesquinhos dos que precisam do poder como forma de sobrevivência.

 

 Willian Zanolli é artista plástico, jornalista. e pede para que visitem seu blog ww w.willianzanolli.blogspot.com

Compartilhe:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do iFolha; a responsabilidade é do autor da mensagem.

Você deve se logar no site para enviar um comentário. Clique aqui e faça o login!

Ainda não tem nenhum comentário para esse post. Seja o primeiro a comentar!

Mais lidas