14 de janeiro | 2007

Caos do Apagão: Produtor pode ter perdido 12 mil frangos

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 Segundo uma estimativa inicial do produtor Marco Aurélio Feltrin de Carvalho (foto), proprietário de uma granja no sítio Concha de Ouro, localizado no bairro Campo Alegre, o apagão histórico acontecido no município de Olímpia por mais de 15 horas consecutivas, gerado por um curto-circuito causado por um pombo (pássaro), provocou a morte de mais de 10 mil frangos.

A granja, que tinha 50 mil frangos em criação e utiliza um sistema totalmente automatizado, teve problemas com a falta de energia elétrica, fazendo com que as aves ficassem sem ventilação, água e até mesmo comida.

Nas primeiras horas do apagão, pelo menos cem aves morreram. "Só vou ter noção do prejuízo depois, quando contar os frangos mortos", disse Cotrim a um jornal de Rio Preto.

Feltrim explicou na tarde de ontem para a reportagem desta Folha, que devido à interrupção do fornecimento de energia elétrica na granja, faltou água, ração e até a ventilação que ambienta o barracão: "e com isso veio a morrer cerca de 10 a 12 mil aves".

Por isso já avisa que vai acionar a CPFL Paulista na justiça para reaver os prejuízos que teve: "Entrar com uma ação contra a companhia", resumiu ao ser questionado se já havia decidido o que fazer. Segundo disse, a granja ficou sem energia elétrica no período das nove horas até 0h10 da madrugada de ontem.

Ontem Cotrim ainda não tinha em mãos um cálculo dos prejuízos que teve com o apagão, mas reforçava que sua produção depende em tudo da energia elétrica: "porque a água é ligada na energia, a comida é ligada na energia, a ventilação à nebolização é elétrica. Tudo que funciona na granja é a eletricidade".

Com 30 dias em processo de produção, segundo Cotrim, as aves já estavam com um peso até considerável e, praticamente em meio ao processo para a entrega ao frigorífico.

"Já estava com um peso de mais ou menos 1,5 quilo por ave. No fim do processo deve estar entre 2,5 quilos e meio e 2,8 quilos. Depende da idade que saem essas aves", explicou acrescentando que permaneceriam na granja por mais 15 ou 20 dias para seguirem ao abate previsto para aproximadamente 50 dias.

Dificuldade para obter informações
Mais uma vez as dificuldades para se obter uma informação precisa junto à CPFL fica claro na situação enfrentada por Cotrim, ao explicar que fez contatos com a empresa para tanto.

"Só entrei em contato ontem para saber a respeito da energia para saber que hora que ia restabelecer, mas ninguém soube me dar informação nenhuma. Fui até à subestação; liguei no 0800; fui na companhia aqui na central de Olímpia; e ninguém me deu posição nenhuma", reclamou do atendimento.

Cotrim chegou a relatar seu problema para os funcionários da empresa: "disseram que não poderiam fazer nada, que estavam esperando chegar um gerador e tinham que esperar chegar".

O produtor destaca também que não é o restabelecimento do fornecimento de energia que faz com que a situação volte à normalidade.

Mais prejuízos

Além das aves que não resistiram e serão enterradas, Cotrim já sabe de antemão que ainda vai perder dinheiro com o seu negócio que foi atrapalhado pelo apagão.

"Espero que pelo menos o ressarcimento desse prejuízo, porque além de eu perder as aves que morreram, terei prejuízo pelas que ficaram vivas. Ficaram cerca de 15 horas sem energia, deixaram de ganhar peso e desidrataram. É um prejuízo muito grande com as que ficaram lá no galpão", lamentou.

Embora ainda tenha risco de morrerem mais aves, a grande preocupação de Cotrim agora é com a perda de peso: "O risco maior ali é de não atingir o peso ideal no final, devido a essas 15 horas que faltou energia".

O período de 15 horas, ele avalia, as aves deixarão de ganhar muito em peso. "Porque o frango ganha em média 60 gramas por dia e além de deixar de ganhar esse peso ele ainda perdeu. Desidratou porque ficou quinze horas sem beber água".

O comprometimento da produção das aves que sobreviveram ao apagão é considerado bastante grande pelo produtor: "Isso com certeza em mais de 80% dos que ficaram na granja". Este foi o pior dos apagões que já enfrentou. "Às vezes acontece, mas é por pouco tempo e não tem problema", disse.

Mas a situação poderia ter sido ainda pior: "Ainda bem que as aves estavam com 30 dias. Se estão perto do ponto de abate tinham morrido 90% ou até 100% das aves do galpão, porque elas ocupam mais espaço e elas precisam de uma temperatura mais baixa no galpão".

A produção de Cotrim não tem cobertura de uma seguradora: "Tenho seguro do barracão, mas o seguro não cobre as aves, só a estrutura do galpão. Eles (seguradora) não fazem seguro das aves", finalizou.

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