14 de janeiro | 2007

Caos do “Apagão”:Cidade vive dia de caos em apagão de mais de 15 horas

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 Uma simples pombinha acabou sendo responsabilizada diretamente pelo dia mais caótico vivido pela cidade de Olímpia em toda sua história. Foi através de um curto-circuito provocado pela ave (foto) que começou o apagão da quinta-feira (11) desta semana, deixando grande parte da cidade por mais de 15 horas sem energia elétrica.

O caos aumentava com o passar do dia. As informações cada vez mais desencontradas aumentavam o pânico em empresários, comerciantes de todos os ramos, donas-de-casa, proprietários de hotéis e até mesmo nas pessoas que conseguiram trabalhar o dia todo e não viam confirmar as expectativas da volta da energia elétrica para tomarem banho ou mesmo poder preparar o jantar.

Faltavam poucos minutos para as nove horas quando o problema aconteceu na subestação que fica localizada na zona leste da cidade, encravada ao lado dos jardins Paulista, Campo Belo e Luíza.

As primeiras informações eram que o fornecimento de energia elétrica seria restabelecido por volta das 10h10. Depois o tempo de espera seria até 11 horas e foi aumentando, gerando a expectativa de volta e as pessoas, por causa disso, talvez nem buscasse solução para os seus problemas. Uma nova perspectiva de retorno do fornecido passou a ser divulgada pela CPFL para depois das 18 horas.

Um pouco antes disso, por volta das 17h15, foi restabelecido o fornecimento para um terço da cidade, segundo foi informado pela própria empresa, para atender a região da Santa Casa, que desde as nove horas vinha funcionando com energia gerada por gerador movido a óleo diesel.

Isso, segundo explicaram os engenheiros, foi possível através de uma manobra trazendo energia da cidade de Barretos. A medida beneficiou em linha reta a cidade numa faixa de cinco ou seis quadras, desde o Jardim Paulista até o Jardim Tropical II.

O restabelecimento por completo aconteceu apenas por volta das 0h15 da madrugada da sexta-feira. O descontentamento de todos era por causa do desencontro de informações, mesmo negado pela empresa, que justificou a necessidade de fazer vários testes e que o objetivo seria bem informar a população antes de decidir por trazer uma subestação móvel da cidade de Araraquara em carreta de transporte especial.

Geralmente, em cidades bem estruturadas, principalmente as que querem ser consideradas turísticas, segundo um especialista em direito público, são formados os chamados conselhos de Defesa Civil, que entram em ação nestes casos.

Segundo o profissional, a Defesa Civil teria que ter informado a população, por exemplo, através dos chamados carros de som, sobre o que havia ocorrido e sobre as perspectivas de regularização da situação.

Imediatamente, também, teriam que ter dado suporte às empresas que trabalham com produtos perecíveis e, mesmo às indústrias para que desse tempo de se contratarem ou alugarem geradores de energia para que não tivessem prejuízo.

Para o advogado é uma pena que a cidade tenha um atrativo de vulto como é o Thermas e se mostre tão abandonada e desorganizada principalmente para os turistas que aqui aportam durante todo o ano e, pior ainda, nesta época em que os hotéis, pousadas e até casas de aluguel estão lotadas de turistas passando férias na cidade.

Subestação móvel

"Conforme o pessoal da CPFL, está vindo uma subestação móvel da cidade de Araraquara, está já chegando aqui na vicinal, está em Catanduva, deve estar chegando dentro de uma hora aqui em Olímpia. Essa subestação substitui o transformador. Eles vão ligar na rede e alimentar toda a cidade. E estão tentando fazer manobras para ver se conseguem reestabelecer nesse momento pelo menos uma parte da cidade. Segundo as pessoas da CPFL, antes de escurecer vai estar normalizada a situação", dizia o secretário municipal de Obras e Viação, engenheiro elétrico Gilberto Tonelli Cunha que acompanhava todos os passos dos funcionários da CPFL, que seguia a informação passada pelo gerente de Poder Público da CPFL de Campinas, Giuliano Emanoel Vieira.

Pelas ruas da cidade circulavam rumores que o problema não afetava apenas Olímpia, inclusive falado por um funcionário do DAEMO (Departamento de Água e Esgoto do Município de Olímpia) em uma mercearia da cidade por volta das 16h40.

A esta altura dos acontecimentos a dúvida pairava na cabeça de todo mundo. Este era o caso, por exemplo, de Alex Sandro Augusto Parra Anselmo, proprietário do Alex Serv Festas, que já admitia assumir algum prejuízo com a situação.

"Com certeza se você não tomar nenhuma medida de cobrir com gelo ou alguma outra forma de manter esses produtos numa temperatura correta, você pode ter prejuízos", comentava demonstrando bastante preocupação com o chope que tinha armazenado em sua câmara fria que vinha abastecendo de gelo.

Aliás, o gelo passou a ser um produto de primeira ordem de consumo. Antes mesmo final da tarde já se encontrava dificuldades para adquirir ao menos pequenas quantidades. Mesmo com fábrica de gelo na cidade, havia dificuldade para produzir porque faltava o principal, a energia elétrica.

O desencontro de informações era confirmado na manhã de ontem, quando começaram a circular os jornais de São José do Rio Preto carregando informações do apagão olimpiense.

No Diário da Região, por exemplo, a informação era que o apagão tinha afetado 70% dos consumidores do município. Mas apenas o Distrito de Ribeiro do Santos, que é abastecido por Altair, não viveu o problema.

Já o concorrente Tem Mais Bom Dia, ligado à Rede Globo, creditando a informação a Gilberto Tonelli Cunha, informava que o problema havia perdurado por 12 horas afetando os cerca de 50 mil moradores de Olímpia.

A falta de energia prejudicou atividades em toda a cidade. Na Santa Casa o gerador foi usado para atender o centro cirúrgico, UTI e pronto-socorro.

A lavanderia e outros setores do hospital pararam as atividades. Exames de raios X e cirurgias agendas para a quinta-feira foram transferidos para o dia seguinte. Depois do almoço a prefeitura, secretarias, escolas e creche municipais dispensaram todos os funcionários. O comércio, empresas e indústrias também aos poucos foram fechando as portas.

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