28 de junho | 2009

“Capitão” do Moçambique acha difícil fazer igual ao Sant’anna

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 Avaliação de Adelis Paula dos Santos, capitão do Terno de Moçambique São Benedito, do Jardim Santa Ifigênia, zona norte da cidade de Olímpia, será difícil surgir alguém que possa dar continuidade e, principalmente, fazer um festival nos moldes que o idealizador e criador do Festival do Folclore (Fefol), folclorólogo José Sant’anna realizava. A opinião foi emitida durante entrevista que concedeu à reportagem desta Folha, na manhã da sexta-feira, dia 26.

No entanto, ele prefere não avaliar diretamente o resultado do que está sendo prometido pelo prefeito Eugênio José Zuliani, Geninho, para o evento deste ano. “O Geninho está falando que vai fazer um festival muito bem feito, mas só vendo para depois a gente falar. Antes de ver é difícil. Eu acho que igual o professor é difícil”, comentou.

Santos sempre relata a atenção que os grupos folclóricos recebiam do professor Sant’anna: “Tudo o que precisávamos nunca mancou, procurava com ele e tinha. Agora, depois que ele saiu ficou diferente. A gente precisa de alguma coisa e tem dificuldade até para fazer a roupa e montar enfeites”.

Por isso, avisa que prefere não se manifestar: “De hoje em diante quero sair fora e ficar quieto, nem quero comentar nada porque a gente vai comentar as coisas e acaba ficando como o ruim e as pessoas ficam com raiva da gente”.

“Não quero comentar mais nada sobre ninguém e se for para ficar fora eu fico, mas vou ficar numa boa. Não quero mais comentar, não quero mais nada”, reforça.

O Terno de Moçambique de São Benedito, que já foi inclusive destaque na revista mensal da Editora Globo, Globo Rural, edição de dezembro de 1995, é, atualmente, o único a seguir as tradições deixadas pelos escravos negros que vieram de Angola, na África. Todos os componentes dançam com os pés descalços como era na origem da manifestação cultural no Brasil.

Antes havia outro idêntico, no Estado de Minas Gerais, na cidade de Ibiraci. Mas o grupo mineiro perdeu seu chefe por falecimento e acabou. A sobrevivência do Moçambique do Jardim Santa Ifigênia, de acordo com Santos, era um desejo do professor José Sant’anna.

Adelis acompanhou o professor Sant’anna desde 1964, quando da realização do 1.º Festival do Folclore (Fefol), quando o evento contava apenas com quatro grupos da cidade de Olímpia e era realizado em apenas um final de semana. Quando ainda era vivo, o professor não negava nada que fosse solicitado pelo moçambiqueiro, desde um acordoamento para uma viola até as roupas que usariam para as apresentações. Mas mesmo assim, tem queixas de prefeitos anteriores.

CIDINHA MANZOLLI

Mesmo com a possibilidade de mais uma vez não participar do evento, embora o grupo seja a ilustração do cartaz promocional, Santos lembra que, embora não considere que seja uma coisa que carrega do passado, passou a enfrentar problemas justamente quando a professora Maria Aparecida (Cidinha) de Araújo Manzolli assumiu a coordenação dos festivais, ainda na administração do ex-prefeito Luiz Fernando Carneiro.

“Há alguns anos atrás ela se recusou em dar a roupa para nós e é o mesmo problema que está tendo agora. Então, ficamos alguns anos sem participar do festival. Eu não vou fazer roupa do meu bolso se não tenho condições para isso. Tenho uma família para tratar”, avisa.

Santos confirmou para a reportagem que move um processo na justiça contra a coordenadora, mas ainda sem nenhuma solução: “Fiquei magoado porque nós fundamos a festa juntamente com o professor Sant´anna. Participamos por 36 anos e sem falhar nenhum ano e quando ela entrou se recusou dar a roupa e nos deixou de fora durante seis anos e nem satisfação nos deu”. 

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