26 de agosto | 2018
Curupira foi condenado por menos de 20% da população
Um grupo minoritário de pessoas pode ser considerado o responsável por prefeitos, inclusive o atual, Fernando Augusto Cunha, a ordenar a retirada da cena da entrega da chave da cidade – um ato apenas simbólico – situação que ocorreu até no início dos anos 2000, quando da solenidade oficial de abertura dos Festivais Nacionais do Folclore de Olímpia, conforme foi idealizado pelo folclorólogo, professor José Sant’Anna, para simbolizar o início do evento. O evento ocorreu enquanto ele estava vivo.
Pode se considerar um grupo minoritário em razão de, segundo os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), relativo ao Censo de 2010, os evangélicos, segmento religioso que tem ganhado importância política na cidade, é representado por menos de 8,5 mil habitantes.
Segundo o instituto, quando se trata de população residente por religião, aparecem os totais de 36.533 católicos apostólicos romanos; 8.448 evangélicos (distribuídos em várias denominações); e 2.025 espíritas praticantes.
Daí surge, claro, uma diferença de aproximadamente 12 mil pessoas, quando o total de pouco mais de 38,5 mil moradores é comparado com o resultado final do levantamento de 2010, que totalizou 50.024 habitantes.
Aliás, esse grupo de 12 mil moradores que não aparecem destacados em nenhum segmento religioso, pode até mesmo ter em seu meio, inclusive evangélicos. No entanto, mesmo que se considerar que todos seriam deste segmento religioso, ainda assim seriam um total menor que os pouco mais de 36,5 mil católicos registrados na cidade.
JOVEM PASTOR
O problema com a entrega da chave da cidade ao Curupira, então feito por decreto municipal, acabou virando problemas após o falecimento do professor José Sant’Anna (faleceu em 1988), principalmente depois que a cidade passou a ser administrada pelo médico Luiz Fernando Carneiro.
O Curupira, aos que desconhecem, é o protetor das nossas matas, de acordo com a lenda que o cerca. No entanto, segundo consta, um jovem pastor de uma igreja evangélica, iniciou feroz campanha contra a entrega das chaves da cidade ao Curupira com a alegação de que pelo fato de o Curupira ter os pés para trás a cidade não conseguia progredir.
Na época a pressão chegou a atingir os vereadores locais, e os absurdos dessas alegações conseguiram convencer o proselitismo do à época prefeito Luiz Fernando Carneiro que, com seu ranço ditatorial, proibiu a entrega das chaves da cidade ao Curupira.
Em seguida veio o ex-prefeito Eugênio José Zuliani, Geninho, outro populista e fisiológico, que manteve a mesma postura e o Curupira amarga até a data de hoje, dezoito longos anos distante do folclore na conhecida Capital Nacional do Folclore.
Agora, o prefeito é o engenheiro Fernando Augusto Cunha que, até o presente momento não se manifestou acerca da questão e tudo parece indicar que o Curupira corre o risco de tão cedo não voltar aos festivais do folclore, como era desejo de José Sant’Anna.
CONTRA IMAGENS
Segundo o que já foi afirmado pelo Conselho Editorial desta Folha, é total o desrespeito a grande parte da população que não concorda com o exagero de parte de evangélicos que defendem a tese no mínimo absurda, que relaciona os pés para trás do Curupira com o possível atraso econômico da cidade, que, realmente acabou acontecendo sem o mito e só não ficou pior, por causa da visão de um empreendedor que nada tem de mito ou de folclore, ou de evangélico, mas conseguiu implementar o turismo.
É preciso lembrar a incoerência que pode haver na discussão desta parcela de evangélicos que não creem em imagens de barro da igreja católica; há no meio deles quem chute e quebre imagens de Nossa Senhora e atribui a um mito, o Curupira, poderes que, na visão de muitos deles, um santo da Igreja Católica não teria.
Outra incoerência apontada é que o pastor que iniciou a campanha pedindo a expulsão do Curupira do folclore teve que fechar suas igrejas de forma muito apressada, e fugir madrugada afora, exatamente por praticar malfeitos que até o dia de hoje nunca foram imputados ao Curupira.
QUEM É O CURUPIRA
Segundo a reportagem apurou no site oficial do Festival do Folclore, no endereço https://www.folcloreolimpia.com.br/ Curupira é de procedência tupi-guarani (de curu, curruptela de curumim + pira, corpo = corpo de menino), o Curupira tem ligações originárias com o homem primitivo e atributos heróicos na proteção da fauna e da flora.
Ele tem como principal característica a direção contrária dos pés em relação ao próprio corpo, o que constitui um artifício natural para despistar os caçadores, colocando-nos numa perseguição a falsos rastros.
Possui extraordinários poderes e é implacável com os caçadores que matam pelo puro prazer de fazê-lo; quando estes não acabam mortos, ficam loucos. Dizem também que quando os caçadores não acertam seu alvo ou quando se perdem na mata, é certo que foi uma intervenção do Curupira.
É descrito de várias maneiras: como um curumim, um duende, um anão, um caboclinho, dentes verdes, cabelos vermelhos, mas sempre com os pés ao contrário (calcanhares para a frente).
Existem, no entanto, variantes que divergem dessas ideias, em que o Curupira é um ser medonho e perverso. “O demônio das Florestas”. Mas sobrelevam as lendas que fazem dele o protetor das matas.
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