13 de setembro | 2009
Desintegração familiar gera jovens rebeldes e agressivos
A desintegração familiar oriunda das separações de casais, atualmente consideradas até comuns pela sociedade de maneira geral, é um dos fatores que geram adolescentes rebeldes e agressivos, a ponto de fazer crescer os índices da violência infanto-juvenil, principal dentro das escolas como tem sido registrado na cidade de Olímpia. Pelo menos isso é o que se depreende das explicações dadas por Roberta Patrícia Marretto(foto), psicóloga especializada em crianças com problemas de aprendizagem.
Por isso até entende que seja o momento das redes de ensino buscarem apoio na área de Saúde, utilizando as participações de profissionais das áreas de psicologia e psiquiatria. Principalmente, nas escolas da rede estadual que, por exemplo, no município de Olímpia, tem como clientela crianças e adolescentes com idades que variam entre 10 e 17 ou 18 anos, onde, inclusive, a violência tem sido mais comum.
“Hoje quase que não temos mais aquela família com estrutura do pai e da mãe, dos avos, irmãos, filhos do mesmo pai e da mesma mãe e vejo que isso afeta muito às crianças. Por mais que ocorra uma adaptação, que os pais tentem serem amigos após a separação, na nossa sociedade, não fomos criados para ter esse tipo de família e isso mexe muito com a cabeça da criança e do adolescente”, comenta.
Essa convivência que ela considerada estranha é o estopim de vários problemas, dentre eles, a rebeldia, um dos caminhos para a violência infanto-juvenil. E, isso, independe de classe social, muito mais quando se leva em conta a questão financeira. A convivência com o que pode ser chamado de ‘irmãos emprestados’ – filhos da madrasta em outro casamento, por exemplo – muitas vezes acaba gerando o ciúme pelo tratamento recebido por um ou dedicado a outro.
“Às vezes numa casa mora o pai, a madrasta, os três filhos do madrasta, os três filhos do pai, eles não são irmãos, eles até acabam se envolvendo afetivamente, acham que a madrasta dá mais atenção aos filhos biológicos, para eles não. E a escola é onde os adolescentes vão depositar sua agressividade”, explica.A escola acaba sendo, não o local escolhido, mas apenas o mais viável, uma vez que acaba sendo, principalmente do caso do período integral que vem sendo discutido, onde as crianças e adolescentes, que enfrentam os problemas do desmoronamento familiar, passam grande parte de seus tempos disponíveis ao longo do dia.
“A escola é onde eles passam a maior parte do tempo. Toda a agressividade, revolta e falta de afeto é na escola que eles estão demonstrando. É isso, na verdade, que está ocorrendo. É um apelo da adolescência de que eles não estão dando conta do tipo de família e da sociedade que eles têm que enfrentar”, avisa.
Pobreza financeira
Mas a falta de recursos financeiros também interfere, principalmente quando é o caso de filhos de famílias mais pobres e sem poder aquisitivo para atender às ofertas comerciais que, a todo instante, deparam quando estão vendo a televisão, por exemplo.
“Porque se na casa falta comida, se faltam coisas básicas, que eles também querem e o ser humano é movido pela mídia que toda hora está apelando muito na parte do consumismo, no ponto de coisas materiais, tudo isso gera uma revolta e uma insatisfação muito grande”, acrescenta.
Na verdade, a escola acaba sendo o pára-raios da sociedade para os problemas que interferem no crescimento interno do indivíduo, que projeta nos professores, segundo a psicóloga, a imagem dos próprios pais.
“A agressividade no professor, que até então era aquele que eles tinham como segunda mãe ou como se fosse o segundo pai. Se não têm isso nas suas casas, eles projetam na verdade tudo aquilo que não no têm pai e mãe e depositam em alguém e, o professor está sofrendo essa conseqüência e os colegas de sala também”, acrescenta.
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