25 de abril | 2013

Estudante sem braços de Cajobi vira hit no YouTube com “Moda de Bigode”

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DO DIÁRIO DA REGIÃO

Junte um texto engraçado com batida funk, adicione quatro amigas bonitas e coloque pitadas de coragem, bom humor e cara de pau em estado puro. Grave tudo isso em vídeo, faça edição caprichada e disponibilize no site Youtube. Pronto: está criada uma bela receita de sucesso no mundo virtual. Pelo menos foi assim que aconteceu com a “Moda de Bigode”, do universitário Thiago Vessi, de 19 anos de idade, morador de Cajobi.

A música, criada de forma despretensiosa, tornou-se sucesso. Em apenas dez dias, o videoclipe se destacou no mar de informação que é a internet. Até no início da tarde desta quinta-feira, dia 25, quase 196 mil pessoas já tinha assistido ao vídeo. Exatamente, o vídeo já havia sido acessado 195.801 pessoas.

Em nenhum verso, Thiaguinho, como é chamado pelos amigos, menciona sua deficiência física – nasceu sem os braços. Para ele, a questão não faz diferença. Vive intensamente e usa a criatividade para se reinventar. Seu pé direito foi convertido em mão: escreve, joga videogame e usa todas as funções do computador.

A canção nasceu após brincadeiras da família. Ninguém perdoou o fato de Thiaguinho deixar um bigodinho – nem tão grande quanto o do cantor Freddie Mercury ou espalhafatoso como o do pintor Salvador Dalí. O estudante foi apelidado de Thiago Abravanel. A letra surgiu em um sábado chuvoso.

Apesar de sua música ser em ritmo de funk, Thiaguinho bebe do samba e do pagode. Inclusive, faz parte do grupo Herdeiros do Samba, que se apresenta em bares da região. Gosta de falar em suas letras de sentimento, amor e relacionamento. A Moda do Bigode, no entanto, não “combinou” com os tradicionais ritmos.

Não deu liga colocar cavaco, pandeiro e tantã para acompanhar versos como “os inimigos recalcados têm inveja e falam mal, mas eu sei que lá no fundo, me admiram e pagam pau”. Ou então: “barbinha trabalhada, charme pra mulherada, só tirando onda junto com a rapaziada”.

Dessa forma, recorreu ao funk. O casamento foi perfeito. A batida eletrônica cobriu com maestria trechos como “muitos me criticam pelo meu jeito de ser, falam pelas costas sem me conhecer, me vejam como mala, marrento e metido, mas não sabem do meu caráter, só me julgam pelo estilo”. “A letra veio na cabeça e coloquei no papel. Do meu jeito. Foi na base da brincadeira. O resultado me agradou”, acrescenta.

Thiaguinho frequenta uma barbearia de Cajobi, toda segunda e quinta-feira, para aparar o agora famoso bigode e dar um tapa na costeleta. Com o texto pronto, o universitário, do terceiro ano de jornalismo na Unilago, procurou o amigo Leandro Firmino, que é editor de imagens e trabalha na faculdade. Ele ficou empolgado e de pronto ajudou na gravação. Só a música, no entanto, dificilmente conquistaria grande audiência.

Era hora de colocar em prática a segunda parte do plano: gravar um videoclipe. Para acompanhá-lo, teve uma feliz ideia: convidou quatro amigas que estudam na mesma instituição. Sem pestanejar, as meninas aceitaram o chamado para participar da empreitada. Além de gostar do que ouviram, não deixaram o amigo sozinho.

A participação feminina foi tão importante quanto a de Thiaguinho. Sobram comentários nas redes sociais, até mesmo de internautas de outros Estados. O quarteto, sem querer, passou a ser chamado de Thiaguetes ou Bigodetes. Já saboreiam o sucesso e são alvo de brincadeiras em todo lugar.

A música foi parar no Youtube e acabou reproduzida em vários outros sites. A popularidade, porém, causou dois tipos de reação dos internautas: brincadeiras ácidas sobretudo com trocadilhos sobre deficiência, e elogios por sua coragem de brincar, expor-se e produzir a honrosa galhofa. “Não ligo para críticas. Levo numa boa. Tem bastante gente que elogia. Está sendo bacana tudo isso. Não esperava.” Apesar da canção bem-sucedida, ele não pensa em gravar um CD de funk. Quer investir no samba e no jornalismo. Se possível, com o mesmo reconhecimento obtido com a Moda do Bigode.

THIAGUETES TAMBÉM FAZEM SUCESSO

As meninas “roubaram” a cena no videoclipe da Moda de Bigode. Tanto que são chamadas por fãs que amealharam em duas semanas de Bigodetes ou Thiaguetes. Em comum, todas estudam na Unilago. Bárbara Lopes Caran, 19 anos, do terceiro ano de jornalismo, é a que mais se destacou, pelo jeito único, diferenciado e inimitável de dançar. “Não é o meu forte”, brinca.

Além do desempenho como dançarina, foi a única a usar blusa laranja na gravação. O traje oficial, no entanto, era top branco. Os internautas não perdoaram. “Não esperava que ia chamar tanto a atenção.” Sua colega de sala Jaqueline Roberta, 20 anos, foi abordada na rua em razão do sucesso. “Já me pediram autógrafo.” Ela fez as vezes de coreógrafa.

“Meu namorado (Flávio) levou numa boa. Não dá para acreditar que tanta gente viu”, acrescenta Taís Fernanda, 19 anos, do terceiro ano de Letras. Já Larissa Camilo, 20 anos, que é do primeiro ano de publicidade e propaganda, gostou tanto da experiência que já se colocou à disposição para outras empreitadas assim.

Para quem quiser conhecer o sucesso de Tiaghinho, basta acessar: http://www.youtube.com/results?search_query=moda+de+bigode&oq=moda+de+bigode&gs_l=youtube.3…308500.333157.0.335235.37.28.1.0.0.0.765.4172.4-5j2j1.8.0…0.0…1ac.1.11.youtube.ghGiu62MbU

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