27 de julho | 2014

Falta de lazer e atividade pode estar levando crianças e adolescentes às drogas e ao crime

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A falta de atividades esportivas, culturais ou de lazer às crianças e adolescentes do município de O­límpia, que deveriam ser uma preocupação do Estado (União, Estado e Município) até mesmo em atendimento a promessas eleitorais que sempre são feitas durante as campanhas, pode estar levando a que se envolvam com a cri­mi­nalidade e ao consumo de entorpecentes.

Um problema que começa com a falta de vagas em creches e pode chegar, por exemplo, à falta de campos de futebol para que pratiquem o esporte mais popular do Brasil, atividade que sempre é pregada durante campanhas eleitorais como forma de tirar as crianças das ruas e do con­sumo das drogas.

Por outro lado, embora o município não apareça em levantamento divulgado recentemente pela CNM (Confederação Nacional dos Municípios), com um dos que enfrentam verdadeiras epidemias  de drogas, no caso a principal delas é o crack, pode-se afirmar que a cidade está enfrentando uma epidemia de drogas, onde os principais atingidos são justamente os menores de idade.

Para se chegar a essa conclusão basta considerar as informações que comumente são divulgadas a partir de ocorrências policiais, dando conta da apreensão de menores que estavam envolvidos diretamente com o tráfico – o que começa com o consumo da droga – ou que são surpreendidos com drogas que alegam sempre que teriam adquirido para uso próprio.

Claro que a CNM trabalha seus relatórios com base em informações oficiais que obtém diretamente com as Prefeituras Municipais e no caso desse relatório a principal pergunta era se a localidade tinha um trabalho para combater e de­sestimular o consumo de drogas.

No entanto, o que se percebe é que ou esse tipo de trabalho não está existindo ou, se existe realmente, não estaria surtindo o efeito desejado, pois há caso recente em que o menor apreendido, embora tenha confirmado que estava comercializando a droga, alegou que a mesma não lhe pertencia, mas sim a outra pessoa que seria o traficante verdadeiro.

AVIÃOZINHO DO TRÁFICO

Quer dizer, para tentar amenizar o problema policial para o seu lado esse menor se assumiu como um aviãozinho do tráfico – meninos ou meninas que ficam na rua, durante a madrugada, comercia­lizando drogas aos usuários que saem a caça de pontos de venda para buscar o produto e sustentar o vício.

Sobre a inatividade o que se sa­be, pelo menos do que veio à tona recentemente, é que a quantidade de escolinhas de futebol reduziu nos últimos seis anos, principalmente, deixando de ser em torno de meia dúzia, como havia na administração do ex-prefeito Luiz Fernando Carneiro, para apenas duas na atual administração, de Eugênio José Zuliani, que está cumprindo seu segundo ano do segundo mandato.

Além disso, há também os problemas que começam surgir na rede de ensino da cidade, principalmente da rede estadual, onde o problema acaba estourando porque se inicia no tempo de criança, se vê mais complicado na adolescência da pessoa.

Mas ao que tudo indica, os problemas dessas crianças começa mais cedo, ou seja, logo aos dois ou três anos de idade, quando os pais têm de sair para trabalhar e não têm onde deixá-las, um local como, por exemplo, uma creche municipal até porque não têm co­mo pagar uma particular.

A luta por uma vaga numa das creches da rede pública é grande e há vários anos se fala em déficit de vagas e a promessa é sempre de serão construídas novas unidades. Porém, a solução não aparece e o problema pode ser ainda maior.

Claro que pode ser que haja o desinteresse desses pais em cuidar de seus filhos, mas é preciso considerar também que seus horários de trabalho inibe qualquer possibilidade de passar a noite na fila de uma creche em busca de vaga para o filho.

A respeito de vagas em creches, além dos anúncios que são veiculados costumeiramente de novas unidades, há de se ressaltar também que a briga contra o déficit existe, mas de forma que não estaria suprindo as verdadeiras necessidades.

Aparentemente, pelo menos, apenas estariam reduzindo o período das crianças nas creches para que possam surgir novas vagas. Há informações de que em Olímpia, ao contrário do governo anterior, não existe mais creche em período integral.

Governo Zuliani tem menos escolinhas de futebol do que no governo Carneiro

Num momento que seria muito importante ter opções para tirar as crianças das ruas e, consequentemente deixá-las mais longe do crime, principalmente do tráfico de entorpecentes, através de pessoas da sociedade dispostas a consumir um pouco de seu tempo praticando o bem, percebe-se que na administração do prefeito Eugênio José Zuliani a cidade tem menos escolinhas de futebol do que no governo do ex-prefeito Luiz Fernando Carneiro.

Para chegar a essa conclusão basta considerar duas entrevistas que foram veiculadas recentemente por emissoras de rádio da cidade que, direta ou indiretamente fazem menção ao tema.

Uma delas, do ex-jogador de futebol profissional Paulo Alberto Fonseca, que foi diretor de esportes no Governo Carneiro e está de voltado à Prefeitura Municipal depois de seis anos para atuar na administração de Zuliani, depois de seis anos.

Na entrevista Fonseca relata que há dificuldades para montar os campeonatos infantis, principalmente entre as escolinhas de futebol. De acordo com ele, diferente de agora, há seis anos havia mais escolinhas. “Você depende das escolinhas. Tinha mais naquele ano. Agora, tem a minha e a do Dentinho. Só”, resumiu.

Mas segundo ele mesmo que houvesse mais alguma escolinha de algum bairro também haveria dificuldades porque daria no máximo cinco ou seis equipes.

As condições eram melhores para organizar uma competição porque além da dele e do Dentinho, naquele período tinha as escolinhas do Castro, Nei, Ocimar, Soró. “Agora é difícil você ter escolinhas”, enfatiza.

FALTAM CAMPOS DE FUTEBOL

Além disso, Fonseca reclama também da falta de espaços para treinar e também para jogar, ou seja, reclama que não tem mais campos de futebol: “O que falta para a gente é campos. Temos campos pequenos”.

Isso, segundo ele, gera outra dificuldade para a competição, uma vez que treinar uma equipe em um campo pequeno fica difícil para disputar uma partida em um campo grande. “A dificuldade nossa é treinar num campo pequeno e, depois jogar num campo grande. É uma dificuldade muito grande”, justifica.

Mas além dele, a reclamação sobre a falta de campos de futebol e o desperdício com o que havia parte também de Ismael Barbosa, conhecido por Neguinho Ismael, morador do Jardim Santa Ifigê­nia, na zona norte da cidade.

Tido como um bairro problema, principalmente no que se refere ao tráfico de drogas, o local está perdendo ou mesmo já perdeu, o espaço conhecido por Campo de Olimpinha, ou seja, Estádio Municipal Alfredo Takahashi, antigo Campo do Japonês.

E era nesse espaço que Ismael Barbosa estava trabalhando com algumas crianças com idades entre sete e 14 anos, que têm o sonho de se transformarem em um jogador profissional. “Eu tenho aluno de 7 anos, 12 anos, de 14 anos, e não tenho como dar uma continuidade”, reclamou recentemente durante uma manifestação contra o fato de promessas feitas pelo prefeito Eugênio José Zuliani não terem  sido cumpridas.

Além do que, acrescenta Ismael Barbosa, que mesmo que a criança não tivesse chance como jogador profissional, poderia ser encaminhado de outra forma na busca de trabalho em alguma empresa. “Ninguém abraça essa ideia. É complicado”, reclama.

No manifesto sue organizou foram colocadas cruzes com velas acesas: “Essas cruzes e velas simbolizam talentos enterrados aqui no Santa Ifigênia, não digo no campo Olim­pinha, mas no Santa Ifigênia. Há anos que não surge um talento em Olímpia ou no Santa Ifigênia. Há anos que esse campo está abandonado”, comentou Ismael Barbosa.

Menor apreendido estaria vendendo drogas a mando de traficante no Jardim Santa Ifigênia

Um exemplo de que a sociedade está perdendo para o crime foi uma ocorrência divul­ga­da recentemente, quando o menor JEMM, de15 anos de idade, que foi apreendido pela Polícia Militar no início da madrugada do dia 20, um domingo, por volta de 1h20, estaria vendendo drogas, mas mando de um traficante que não foi i­den­tificado.

JEMM foi apreendido em flagrante durante patrulhamento no cruzamento da Rua Domingos Bizzio com a Rua João Pereira dos Santos, no Jardim Santa Ifigênia, na zona norte de Olímpia, local que é considerado um dos pontos de venda de drogas da cidade.

No momento da abordagem, com ele os policiais militares encontraram um pino de cocaína. Em seguida ele confessou que estaria comercializando drogas no local a mando de uma pessoa desconhecida e que havia mais entorpecentes em um terreno baldio do outro lado da rua.

Consta que no terreno os policiais encontraram 25 pedras de crack. Já em relação a dinheiro, o menor confessou que o dono das drogas já teria passado e recolhido o valor referente às drogas que já tinha comercializado.

O caso foi apresentado na Delegacia de Polícia de Olímpia, onde o delegado de plantão confirmou a apreensão em flagrante e colocou o menor à disposição da Vara da Infância e Juventude.

Depois de tentar fuga espetacular com moto menor é apreendido em flagrante com 10 pedras de crack

Mas se faltam opções para tirar as crianças das ruas, quando uma delas chega à fase de adolescência chega com muita coragem e ousadia. Esse, por exemplo, é o caso de MFM, de 17 anos de idade, que foi apreendido pela Polícia Militar depois de uma tentativa de fuga que pode ser considerada espetacular utilizando uma motocicleta.

De acordo com a polícia, depois de muita correria, MFM foi apreendido em flagrante com 10 pedras de crack que ele teria tentado se desfazer durante a fuga.

Segundo o que consta na ocorrência registrada no início da tarde do dia 25 de junho, uma quarta-feira, por volta das 13 horas, MFM foi pego depois de tentar fugir dos policiais da ROCAM (Ronda Ostensiva Com Apoio de Motocicletas) e transitar por várias ruas da cidade.

Consta que ele conduzia uma Honda CG 150, modelo Titan S, ano 2007, e que teria andado em alta velocidade, pela contramão de direção e até entrado em um estabelecimento comercial por uma porta e saído por outra, mesmo ainda na condução da motocicleta.

Além disso, ainda durante a fuga, que iniciou na Rua Coronel Francisco Nogueira, no centro, ele teria arrebentado o portão de uma casa, entrado no quintal e quebrado a porta de uma edícula. Somente depois disso tudo que acabou sendo detido, mas já na Rua Dr. Otávio Lopes Ferraz, no Jardim São José, na zona sul.

O menor foi apresentado na Delegacia de Polícia de Olímpia onde a delegada Maria Teresa Ferreira Vendramel fez a apreensão de 10 pedras de crack e papel alumínio. Em seguida, ele foi colocado à disposição da Vara da Infância e Juventude da Comarca de Olímpia.

Secretária não garante fim de filas por vagas em creches

Mesmo com a construção de mais duas creches que estão sendo prometidas para iniciar atividades em 2015, a secretária municipal de Educação, E­liana An­tônia Duarte Ber­ton­celo Mon­­te­iro (foto), não garante o fim das filas de espera por vagas em u­nidades do município de O­límpia.

Embora garanta sanar o problema com as novas creches, ela não garante acabar definitivamente com as filas. “Nós esperamos que com a construção de novas creches, que esse número diminua”, afirmou durante uma entrevista que concedeu recentemente a uma emissora de rádio da cidade.

Embora há informação de um déficit ainda maior, a secretária afirma que atualmente a fila de espera é de aproximadamente 270 crianças aguardando uma vaga.

“Nós temos, pelo que as escolas nos informam a respeito da lista de espera por vagas, aproximadamente 270 alunos sem vagas”, afirmou quando foi questionada a respeito do déficit de vagas.

No entanto, deixa claro que a informação que possui não estaria baseada em um levantamento específico: “A lista de espera é baseada nos pais que procuram vagas nas diferentes creches do município”.

Atualmente, estão sendo cons­truídas uma unidade no Jardim Village Morada Verde, na zona les­te, e no terreno onde seria construído o Jardim Maranata, na zona sul.

Por outro lado, em relação ao Jardim Residencial Harmonia, cujas chaves foram entregues aos proprietários recentemente, de acordo com a secretária não há previsão para construir creche ou mesmo escola.

De acordo ainda com a informação divulgada, as creches municipais atendem 762 crianças e as filantrópicas 151. As duas novas creches têm previsão para funcionar em  2015, atendendo cerca de 300 crianças.

PROBLEMA GERA INSATISFAÇÃO

A falta de vagas em creches tem gerado muitas reclamações e insatisfação. Um caso desses é o de Tainá Regina Violi, moradora do Jardim Hélio Cazarini, conhecido por Cohab III, na zona sul da cidade.

Ela tem uma criança de dois anos que está sem vaga em uma creche: “Faz sete, oito meses que estou tentando encontrar vaga para ela. Estou trabalhando, mas não adianta. Poder ir ao conselho e não adianta. Não tem vaga em creche nenhuma”. A criança: “Fica com minha avó e ela está doente”, acrescentou.

Tainá afirma que sempre procura pela vaga: “Direto estou nas creches perguntando, mas tem muita mãe também que tem vaga e não trabalha. Entro em contato com eles (creche) só que eles não podem fazer nada”.

Também da Cohab III o mesmo problema é enfrentado por Gislane de Melo Moraes, que procura por vaga há 10 meses. Ela conta que seu marido precisou trocar de turno no emprego e agora trabalha à noite. Ele que cuida do bebê durante o dia com a ajuda da filha de 13 anos, mas que agora ficará um período sozinho por causa do reinício das aulas.

DÉFICIT PODE SER MAIOR

Segundo uma informação pu­blicada pela imprensa regional, em 2013 o município de Olímpia estaria com um déficit de 436 vagas em sua rede de creches e pré-escolas, dado que o colocaria na sexta posição entre os que mais estão necessitando na região noroeste.

Es­sa informação, que foi creditada ao Ministério da Educação, que foi publicada no dia 10 de março deste ano, pelo jornal Bom Dia, de São José do Rio Preto, em sua página 8, esse seria o total de vagas necessário para zerar o déficit no setor.

Projeto abre vagas para crianças e adolescentes em Altair e Severínia

Há projetos sociais que podem beneficiar crianças e adolescentes. Um exemplo disso é um projeto cultural ligado especificamente à música está abrindo vagas para crianças e adolescentes de Altair e Severínia. Trata-se do Projeto Gu­ri, programa da Secretaria Estadual de Cultura, que abriu aproximadamente 1,5 mil vagas em São José do Rio Preto e mais 32 cidades da região noroeste.

O Projeto Guri, que é voltado para crianças e jovens entre seis e 18 anos de idade, realiza, gratuitamente, cursos de instrumentos musicais, canto coral e iniciação musical em geral. E, é com a idade de seis anos que a criança começa a ter contato com o mundo do tráfico.

Às vezes ainda não consumindo drogas, mas convivendo talvez com irmãos maiores que já estão sendo consumidos por elas e que, para manter seus vícios, comecem a se entregar aos man­dos dos traficantes.

Entretanto, esse projeto não chega a Olímpia. As cidades que pos­suem polos do projeto são: Rio Preto, Altair, Balsamo, Barretos, Cardoso, Catanduva, Cosmorama, Fernandópolis, Guapiaçu, Icem, Ibirá, Ipiguá, Jaci, José Bonifácio, Mirassol, Neves Paulista, Nipoã, Nova Granada, Novo Horizonte, Onda Verde, Orindiuva, Ouroeste, Palmares Paulista, Palestina, Paulo de Faria, Potirendaba, Riolândia, Santa Adélia, Severínia, Tanabi, Ubarana, Urupês e Votuporanga.
Para efetuar a matrícula, é necessário comparecer ao polo em que deseja estudar, acompanhado do pai ou responsável, portando: RG ou certidão de nascimento e comprovante de matrícula escolar e/ou declaração de frequência escolar referente ao segundo semestre.

Não é preciso ter conhecimento prévio de música, nem realizar testes seletivos. Novos alunos têm de 21 de julho a 15 de agosto para realizar a inscrição.

O início das aulas ocorre a partir de 28 de julho a 18 de agosto, de acordo com a data de inscrição de cada aluno. Outras vagas podem ser abertas ao longo desse período de matrículas por conta de desistências, entre outros.

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