29 de junho | 2008

Falta efetivo para Polícia Civil prestar serviço mais eficiente

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 Responsável pela área mais carente da cidade, ou seja, a zona norte, que além de extensa é bastante povoada, o delegado do 1.º Distrito Policial (DP), Eduardo José Vendramel (foto), comentou para a reportagem desta Folha, que embora bem equipada materialmente falando, a Polícia Civil está carente de profissionais para preenchimento de cargos como de escrivão e investigador. "Estamos precisando para trabalhar efetivamente melhor", acrescentou.

No entanto, destaca o trabalho da Polícia Civil, que se trata da Polícia Judiciária, que é a que chega após o crime para descobrir o autor e não antes para evitar, papel que cabe à Polícia Militar, que faz o trabalho ostensivo. Mas mesmo com a ausência de um número maior de funcionários, tem solucionado e, dentro do possível, rapidamente, muitos casos de violência.

Sobre o aumento da violência, para Vendramel o fundamento está na falta de educação familiar e não a escolar. "Não é a educação da escola que transforma o sujeito em bandido ou não, tanto é que você vê bandidos formados, bacharéis, muito bem instruídos que vão trabalhar nesse ramo", explica.

Um bom exemplo dentro da família, segundo ele, com uma boa correção dos pais e um bom direcionamento no sentido de ser um bom cidadão, pode favorecer para diminuir a quantidade de casos. "Haja vista o grande número de atos infracionais de crianças praticando delitos que atendemos aqui", afirmou.

A grande responsabilidade, diz Vendramel, é de toda a sociedade e principalmente da base familiar, que tem que assumir as responsabilidades sobre seus filhos para que venham a ser bons cidadãos.

"A responsabilidade da sociedade começa na criação dos filhos com o pai ensinando a criança a viver e ter respeito com o que tem e a respeitar o que é dos outros. Meu pai me deixou uma frase desde pequeno que vou passar a meu filho, que é: não te deixo muita coisa, mas deixo o meu nome e esse deve estar limpo até o fim da sua vida.

Quando você passar para o seu filho. O nome limpo é a coisa mais importante que a pessoa deve ter na vida", conta.

O interesse pelo crescimento da cidade é um dos fatores considerados por Vendramel como causa do aumento da criminalidade: "é uma cidade que está em franco crescimento, seja industrial ou comercial e ainda do turismo. E em toda cidade que está em crescimento a tendência é a criminalidade aumentar também".

Vendramel explica que o Parque Aquático Thermas dos Laranjais e o Festival do Folclore são atrativos a muita gente. Segundo ele, em 2007, por exemplo, a cidade recebeu cerca de um milhão de pessoas.

"Dentre essas pessoas nem todas são boas e de repente as pessoas vêem que na cidade há atrativos e encontram aqui um bom local para praticar crimes e retornam. A maioria dos roubos não é feito por pessoas daqui mesmo", informou.

Favelas

O delegado descarta outros fatores que poderiam ser responsabilizado, como, por exemplo, a desigualdade social: "O exemplo está aí das favelas que são compostas por pessoas pobres, mas 90% delas são pessoas trabalhadoras e só moram nelas porque não têm oportunidade de morar em lugar melhor. A pessoa ser pobre não quer dizer que ela seja bandido, pelo contrário".

Da mesma maneira descarta o desemprego justificando que a construção civil está em franca expansão, inclusive sentindo falta de profissionais pra atender a demanda.

"Os bandidos que estão praticando furtos hoje, praticaram ações reiteradas nesse sentido, são bandidos profissionais, são assaltantes e criminosos profissionais, não são pessoas que estão passando dificuldades não", reitera.

Nem mesmo a falta de oportunidades na vida ou até o mau desempenho do sistema carcerário em ressocialização dos presos são apontados como causa por Vendramel. Dessa forma descarta a existência de uma escola do crime.

"Não existe faculdade de crime, há pessoas querendo aprender uma coisa e pessoas querendo aprender outras. Muitos deles saem da cadeia e não querem mais praticar crimes de novo, mas 90% saem e não tem ou não querem ter outra alternativa e praticam crimes novamente", comenta.

Porém, demonstra preocupação com a ação de traficantes, principalmente em favelas. O descaso social, por exemplo, acaba ajudando que os bandidos sejam vistos como se fossem verdadeiros heróis: "O traficante vai lá e ajuda a família da criança e vira o grande ídolo. Então, o que acontece com uma criança que mora na favela? O objetivo, dela hoje é ser um traficante, é ser respeitada e querida".

Na opinião do delegado, há uma falha da imprensa ao abordar situações com muitas notícias ligadas às instituições públicas e muito pouco sobre os traficantes que matam, que decepam e cortam cabeças. "O traficante faz e acontece e a mídia não destaca, destacam só os órgãos que praticam coisas ruins.

Só que esquecem também que toda caixa tem uma laranja podre e nos órgãos públicos também existem as laranjas podres, só que elas são mínimas. Só que as mínimas são destacadas e as outras que são boas são esquecidas. Ou seja, você ser bom é obrigação, mas se você for mal lhe dá destaque", reclama.

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