15 de junho | 2008

Juventude quer liberdade e vida sem compromissos

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 Ao discutir o que o namoro pode vir a representar no futuro das pessoas, principalmente, quando se fala na formação familiar como base para o enfrentamento de dificuldades, acabam surgindo as alterações de comportamentos bastante comuns para os dias atuais. Será que o namoro de antigamente está totalmente fora de moda? Se avaliarmos pelas tendências atuais podemos dizer que não, mas ao mesmo tempo temos que admitir que sofreu alterações significativas.

Pelo menos isso é o que pode ser depreendido da avaliação da psicóloga Juliana de Cássia Ducatti, que entende, por exemplo, que o namoro não foi ou pelo menos não está sendo substituído pela expressão simplória de "ficar". Ocorre que a juventude está em busca de mais liberdade e de uma vida menos compromissada.

"Substituído não", diz a psicóloga descartando que o namoro esteja fora de moda. "Mas muitos jovens, atualmente, não querem saber de compromissos sérios e estão mais aptos ao ficar e, no ficar pode surgir o namoro e depois algo mais sério", observa.

Mas indicando que pura expressão "ficar" pode e deve até mesmo ser comparada ao que se chamava antes de "um namorico relâmpago", Ducatti reforça que o namoro não foi substituído porque há muitos namorados. "As pessoas que ficam imaginam que podem chegar ao namoro (mais consistente) um dia com essa pessoa", lembra.

No entanto, para o padre José Aparecido da Silva (foto), as sérias alterações pelas quais passou e ainda passa a sociedade, indicam a substituição, porque "os jovens, por falta de um namoro duradouro, entram no momento do ficar, onde não têm tanto compromisso um com o outro. Fica hoje, fica amanhã, para ver se dá certo".

Transformar

Mas o padre também não descarta que a situação pode se transformar em um namoro mais duradouro, isto na medida em que "ficando", pode, de repente, chegar a um relacionamento mais prolongado e sério.

"Claro que muitas pessoas ficam sem compromisso nenhum e ficam ali, terminou e acabou. Isto querendo dizer que não está substituindo o namoro, mas que depois de vários ‘ficares’ (sic) a pessoa pode namorar de verdade", justifica.

Por outro lado, acha difícil estabelecer se há ou não benefício, mas ressalta que tudo depende da responsabilidade dos jovens, na forma como encaram esse "ficar" e o que se passa com eles. "É claro que pode acarretar graves conseqüências aos jovens se resultar numa gravidez inesperada".

O lado social, ou seja, as condições de vida, sejam financeiras ou mesmo intelectuais, interferem para que o resultado seja bom ou ruim. Pelo menos é o que deixa transparecer a opinião da advogada Silvana de Sousa, que também não acredita em simples substituição de uma situação pela outra.

"Existem ainda aquelas pessoas que procuram por um relacionamento mais duradouro e isso vai depender muito da posição social, da idade da pessoa, da profissão e principalmente da religião que a pessoa pratique", diz.

Na mesma linha de pensamento opina o pastor Pedro Pernas Pasqualete, da Igreja Assembléia de Deus Ministério do Belém. "O namoro não foi substituído pelo ficar, ainda há pessoas que namoram para se conhecerem e depois se casarem", afirma.

No entanto, ressalta que a grande maioria de jovens adolescentes, em fase de conhecimento do próprio corpo, acaba seguindo a influência de também descobrirem novas situações. "Acabam ficando com uma, duas ou com 10 meninas e isso não é namoro, mas sim uma atitude negativa para a nossa sociedade", afirma.

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