07 de março | 2010
Plantonistas não retornam se acordo for recusado
Os médicos que compõem a escala de plantões de disponibilidade, os chamados plantonistas à distância, não retornarão os atendimentos que paralisaram oficialmente, há pelo menos 20 dias, se o interventor da Santa Casa de Olímpia, vice-prefeito Luiz Gustavo Pimenta, recusar o acordo fechado com a ainda provedora, Helena de Souza Pereira, depois da reunião do corpo clínico na noite da quarta-feira, dia 3.
A informação foi passada pelo advogado Gilson Eduardo Delgado, que representa os médicos nessa pendenga que perdura desde o ano de 2006, quando era prefeito, o médico Luiz Fernando Carneiro. Alias, pelo que se depreende da informação, os médicos, na realidade, aguardavam alguma resposta do interventor já na noite da quinta-feira, quando foi decretada a intervenção.
E a situação poderá se complicar ainda mais, culminando até com a saída de alguns médicos do corpo clínico do hospital: “Ou o interventor fala que está válido esse acordo ou então continua o movimento de paralisação, os médicos não vão retornar e o que pior, grande parte dos médicos vão abandonar o corpo clínico e aí a situação vai se agravar”, afirmou.
Gilson Delgado, que representa os médicos e, segundo consta, é o único que vai falar – isso teria ficado convencionado na reunião da quarta-feira à noite – comentou também a possibilidade aventada por Gustavo Pimenta, de até mesmo continuar não pagando os plantões à distância.
“Aí não posso concordar com ele, porque há uma decisão judicial. Inclusive nós fizemos um acordo com a Santa Casa. Houve um acordo dos médicos com a Santa Casa. Foi feito no dia 3 à noite, na reunião do corpo clínico.
Fechamos os termos do acordo, reduzimos a termos e protocolamos na quinta-feira cedo, por volta de 9h30 da manhã. Só que no mesmo dia ele (prefeito) já tinha baixado o decreto. Aí cabe um questionamento se esse valor teria validade porque nós firmamos com a Santa Casa e, não sabemos se essa intervenção validaria esse acordo”, disse.
O acordo foi protocolado no fórum para ser anexado nos processos que tramitam pela justiça. “O promotor, de antemão já sabia desse acordo. O prefeito também já sabia da possibilidade desse acordo”, asseverou.
PREFEITO SABIA DO ACORDO
Delgado, confirma que o prefeito Eugênio José Zuliani, Geninho, conversou com ele na quarta-feira, por volta das 16h30: “Aí eu falei que precisava fazer a reunião com os médicos para referendar esse acordo, porque houve um feriado na terça-feira, na segunda-feira você não encontrava ninguém, você não conseguia reunir ninguém e muito menos falar com ele, porque ele estava atrás de inauguração, de receber governador, então não tinha condições da gente conversar. Então, foi conversado na quarta-feira, durante o dia todo, com o prefeito, com o promotor, com a provedora, uma conversa boa e amistosa. O problema é que o prazo dele se encerrava às cinco da tarde e eu não tinha condições de formalizar esse acordo sem consultar todos os médicos”.
Sobre o fato de alguns médicos terem aprovado a intervenção, o advogado disse: “Ele conversou com três, quatro lá, que não pode decidir pelos 33. Tem que conversar comigo, eu acho”. Isso porque, segundo Delgado, na última reunião do corpo clínico ficou convencionado que nenhum dos médicos falariam sobre o assunto, mas somente ele.
Delgado informa que manteve contato também com o promotor Gilberto Ramos de Oliveira Júnior, pessoalmente, na sexta-feira, dia 26, na segunda-feira, dia 1, por telefone. “E ele me disse o seguinte: ainda que vocês façam um acordo ele vai pedir a intervenção, porque a intervenção é um ato do prefeito ele faz se ele quer, é uma faculdade dele. Ele, promotor, entende que resolve grande parte do problema”, explicou.
Acordo
O acordo fechado entre o grupo de médicos e Helena de Souza Pereira, quando ainda no comando da Santa Casa, foi em cima dos R$ 50 mil oferecidos por ela, já contando com a complementação ofertada pelo prefeito, e com o escalonamento de valores até que, a partir de 1° de janeiro de 2012 haja o pagamento efetivo de 1/3 do valor pago aos plantonistas de local.
Inicialmente, o pagamento do plantonista à distância seria de R$ 280 por plantão de 24 horas, valor que perduraria até 31 de dezembro de 2010. Já a partir do dia 1° de janeiro a 31 de março de 2011, passaria a ser de R$ 315. A partir de 1° de abril a 30 de junho, R$ 360; de 1° de julho a 30 de setembro, R$ 405; de 1° de outubro a 31 de dezembro, R$ 450; e, a partir de 1° de janeiro de 2012, o valor correto, 1/3 do plantonista efetivo, atualmente em torno de R$ 500.
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