28 de setembro | 2014

Proibição de provas na Faer/Uniesp vira caso de polícia

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O fato de a direção da escola ter proibido aproximadamente 300 alunos de todos os cursos de fazerem as provas do bimestre na Faer/Uniesp, localizada Rua Bruno Riscali, número 569, no Jardim Vila Hípica, zona sudeste de O­lím­pia, acabou virando um caso de polícia. Isso porque se sentindo prejudicados com a situação, esses alunos procuraram a Delegacia de Polícia para registrar uma queixa.

Consta que no início da noite da terça-feira, dia 23, por volta das 19 horas, em meio à semana de provas, vários alunos ao chegarem às salas de aula foram impedidos de fazer provas por causa de problemas no aditamento do financiamento desses alunos. Segundo informações, alguns estavam com aditamento em dia, outros alegavam que o gerente dos bancos não haviam assinado esses documentos.

Os professores diziam antes de iniciar a aplicação das provas, que tinham listas que constavam nomes dos alunos que estavam em dia e autorizados a fazerem as provas e os nomes que não estavam, considerados inadimplentes, ou seja, que não poderiam fazer as provas.

Foi informado aos alunos que eles tinham até o dia 30 de setembro para regularizarem os aditamentos pendentes e que, após estarem de pos­se desses documentos já ordem, seria marcada uma nova data para fazerem as provas.

Os alunos saíram da sala e foram falar com a direção da faculdade, mas ela não os teria atendido, recebendo apenas um advogado que representava os alunos, mas sem resolver a questão.

Segundo consta no boletim registrado na mesma noite, por volta das 20h40, pelos alunos André Luiz Alves da Costa, de 35 anos de idade; Vanessa Benevides de Souza Gonçalves, de 31; Danilo Henrique de Andrade, de 18; e Diego de Souza, de 22, todos eles financiaram seus estudos através do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), pelo sistema Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior).

Ainda de acordo com o boletim registrado pelo delegado Marcelo Pupo de Paula, os alunos, alguns por inadimplência, outros por falha de cadastra­mento do sistema, não puderam fazer as provas.

ADVOGADO

O advogado Reginaldo de Queiroz Júnior tentou negociar com a diretora: “A orientação da Olinda, diretora dessa unidade da Uniesp, foi que ela entrou em contato com a direção central em São Paulo e num primeiro momento disse que os alunos não poderiam fazer a prova”.

“Expliquei a ela que a lei proíbe impedir que qualquer aluno assista uma aula ou faça uma prova, ela disse que não era proibição e que era um remanejamento. Expliquei que não existe esse tipo de argumentação, que não tem cabimento. Porque se tem 30 alunos numa sala de aula, entram os 30 e o professor diz: oh vocês 20 não vão fazer prova, mesmo que ele não use a palavra proibição está proibindo o aluno de fazer prova. Está impedindo aluno de fazer prova”, acrescentou.

Queiroz conta que ainda propôs uma negociação: “Eu disse que o mais correto, uma vez que nessa inadim­plência que está ocorrendo a faculdade também tem uma parcela de culpa, a agência bancária também tem uma parcela de culpa e o aluno também, o mais correto seria sentar, conversar e fazer as provas. Depois convocar os alunos um por um para regularizar a situação”.

Mas a diretora, aparentemente estava irredutível: “E­la disse que São Paulo ainda não tinha uma posição definitiva sobre isso e que ainda ia continuar discutindo. Os alunos devem voltar amanhã normalmente para fazer as provas e se forem impedidos, proibidos novamente, que tomassem as providências, que deveriam procurar um advogado, entrar com ação se achar que tem cabimento. Fazer um boletim de ocorrência, protestar nas redes sociais. É essa a orientação que eu dei para os alunos”.

Alunas afirmaram que tinham documento bancário nas mãos


Pelo menos duas alunas, que também foram proibidas de fazer suas provas, estão afirmando que tinham em mãos o documento bancários referente ao aditamento do Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior), sistema que integra o FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). Entretanto, elas não teriam conseguido mostrar o documento à direção da escola.

O dois casos são da estudante Maraisa Lopes de Faria: “O problema é que foi dado um prazo para fazer o aditamento para todos os alunos. Nós temos consciência disso, que tem esse prazo e ontem (2.ª feira, 22), no primeiro dia da semana de provas, passaram na sala falando que quem não tivesse o aditamento estaria impedido de fazer as provas. Só que eu estou com o aditamento aqui na minha bolsa, assinado pelo gerente do Banco do Brasil, e nem assim, eu apresentando o meu aditamento, eles autorizaram eu fazer a prova”.

Ela ainda desabafou: “Eu não devo nem uma taxa para o banco, não devo nada para a faculdade. Estou com o aditamento em mãos e a diretora não autorizou a minha prova. Eu moro em Ribeiro. Trabalhei o dia inteiro. Eu vim de ônibus. Agora não tem ônibus para ir embora. Só às dez e meia da noite. E eu estou aqui sem poder fazer a prova, sendo que eu estudei e estou apta para fazer a prova”.

Maraisa diz que terá um prejuízo muito grande: “Primeiro é constrangedor você entrar numa sala de aula e pedirem para se retirar porque seu nome não está na lista e você está impedido de fazer a prova. É muito chato isso. Eu não gostei. Acho que está tudo errado”.

“A faculdade, também segundo ela afirma, é desorganizada. Todo mundo sabe disso. A gente tenta levar numa boa, só que você vai um dia e o sistema está fora do ar, outro dia não tem ninguém para te a­tender. Ai você procura uma pessoa e tem mandam procurar outra. Você vai na outra e te mandam para outra. E eles querem exigir o quê? Está tudo errado. Por isso que o Brasil esta do jeito que está. Porque acontece todas essas palhaçadas e ninguém faz na­da”.

PROBLEMA ADMINISTRATIVO

Para a estudante Gisele Rami, ela passou por momentos constrangedores: “Eu acho constrangedor e lesivo. A gente perdeu tempo. A gente estudou. A gente acompanhou as aulas. Então, para mim, estou sendo lesada. Eu acho que o problema é administrativo, não é pedagógico. Então, eu acho que a gente tinha o direito de fazer a prova”.

No caso dela, a escola também alegou problema com o Fies: “Que eu não tinha o aditamento, mas o meu aditamento está pronto. O que a­conteceu é que o banco não me deu o papel assinado para levar. E entre os alunos tinha prazo até o dia 30 para fazer. Então, quem não estava no prazo está tendo que voltar (sem fazer a prova)”.

Uma aluna que se identificou como Vanessa, também reclamava: “Nós fomos proibidos de fazer a prova por causa de problemas administrativos do Fies, na Uniesp/Fies. Nós não temos nada a ver com isso. Não foi avisado com antecedência e passamos o maior constrangimento porque retiraram a gente da classe para não fazer a prova, sendo que existe uma lei que proíbe a faculdade de proibir a gente de não fazer a prova”.

Vanessa ainda acrescentou: “Nós fizemos a prova ontem (2.ª feira, 22) e nossa classe foi avisada hoje que certos alunos não poderiam realizar as provas. Foram mais de 300 alunos proibidos de fazer a prova”.

Mas ela relata que não foram informados de nada a respeito de quando poderia, se é que poderiam fazer as provas: “Ela (diretora) simplesmente passou para a gente que enquanto não for regularizada essa documentação do banco nós não poderemos fazer a prova”.

Micaela Aparecida Moraes Fachini contou: “Alegaram que meu aditamento não estava pronto e que eu não podia fazer a prova. Entrei na sala e pedi para o professor se podia fazer a prova e ele falou desse jeito: você não pode fazer a prova porque seu nome não está na lista. Por favor, se retire. Ai, eu não fiz a prova. Fui impedida de fazer”.

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