10 de maio | 2009

Secretária diz que viu irregularidades na merenda escolar

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A secretária municipal da Educação, Eliana Antônia Duarte Bertoncello Monteiro, afirmou nesta semana, que ao assumir a pasta, deparou com algumas irregularidades na distribuição da merenda escolar aos alunos da rede municipal de ensino. Pelo que se depreende das informações que passou, estaria havendo um desvio de finalidade no serviço. Ao invés de atender aos alunos, objetivo principal, o serviço e os alimentos eram divididos com pelo menos parte dos funcionários de escolas, principalmente, do ensino infantil.

A situação, segundo informou, obrigou a proibir, por exemplo, que funcionários pedissem às merendeiras que preparem o almoço destes, porque estaria havendo o que se pode chamar de abusos, tais como, cozinhar alimentos diferentes dos que seriam servidos aos alunos.

A proibição e algumas outras medidas que adotou, acabou por gerar um descontentamento dessa parcela de funcionários que reclamaram na Rádio Menina AM, gerando críticas diárias até que fosse à emissora explicar a situação. Na entrevista ela chegou a concluir que esses funcionários teriam até agido de má-fé ao reclamarem.

"Essa decisão, da forma como está sendo comentada, parece alguma imposição, algo ditatorial e na verdade não tem esse caráter. Até porque é uma notícia distorcida e exagerada. O que acontece, em algumas creches, existe uma orientação da secretaria que não é nova, porque a merenda é destinada a alunos", comentou.

Entretanto, a secretária informou que, ao contrário das reclamações que teriam sido formuladas, principalmente das creches do Jardim Santa Efigênia, Jardim Luiz Zucca (Cohab II) e Jardim Hélio Casarini (Cohab III), coincidentemente três locais que atendem crianças mais carentes, não houve proibição de que almoçassem nas escolas, inclusive, se servindo da comida da merenda escolar.

As reclamações teriam chegado a ponto de que as funcionárias teriam sido proibidas de levar as sobras das comidas produzidas para suas casas. Ela justificou que as sobras, mesmo porque a comida não é produzida da quantidade exata – sempre é feito a mais – têm que ser destinadas justamente aos alunos mais carentes.

"Por ser feito (merenda) sempre a mais e é uma necessidade, as pessoas da escola, como uma concessão, habituaram-se a comer na escola. E isso não está impedido, isso prevalece. O que nós queremos, em primeiro lugar, é que as crianças tenham sua alimentação garantida. Esse é o enfoque. A prioridade é para as crianças. Quando as crianças estiveram servidas e alimentadas, as pessoas alimentam-se naturalmente", explicou.

Concessão

De acordo com a secretária, "muitas vezes, e sabemos, isso não é seguido porque dependendo do horário de trabalho do funcionário, ele não pode almoçar depois das crianças". Neste caso o funcionário, em razão da necessidade de organização da escola, almoça antes. "Isso é pela organização da escola que se decide, mas é uma concessão", reforçou.

"Eu fico surpresa de saber que alguém ligado à Educação tenha feito esse questionamento aqui, porque é uma pessoa que desconhece, em primeiro lugar, o que é um servidor público; em segundo lugar, o estatuto do servidor; e o que é pior, o trabalho na Educação, porque ela não sabe nem a quem se destina a merenda. Ninguém é proibido de comer, mas cada coisa no momento certo". Essa proibição, segundo a secretária, existe em todo o setor educacional. "(Nas creches) Eles comem. Não é que podem, eles comem normalmente", afirmou também.

Comunicado

As reclamações teriam partido de funcionárias das creches da Cohab II, Cohab III e Jardim Santa Ifigênia, desta última, inclusive teria partido a primeira reclamação. Consta que a funcionária teria lido um comunicado dizendo que "fica proibido fazer comida na creche e, se quiser comer tem que levar comida pronta de casa".

Sobre o comunicado a secretária afirmou que corresponde à realidade e "por isso mesmo que a pessoa não deveria ter telefonado. Porque ela expor uma ferida que é interna, não que queiramos esconder, mas que fica vergonhoso para quem trabalha nesta escola".

Eliana Bertoncello enfatizou que fazer comida na escola está proibido porque há pessoas que iam ao supermercado e compravam legumes diferentes do que seria servido aos alunos. A situação, segundo relatou, foi constatada pela supervisão da educação infantil: "Foram citados até quais legumes foram vistos sendo cozidos".

A secretária citou inclusive, que quando dirigia a escola do Jardim Hélio Casarini, antes de assumir a secretaria, via o desvio de merenda que ao invés de serem distribuída integralmente aos alunos, acabava sendo levada como sobras pelos funcionários no final do dia.

"Pessoas que fazem a sua vasilha plástica, colocam a merenda, claro que ninguém vai escolher o pescoço do frango, para levar para casa e quatro horas vão embora com uma sacola em cada mão para garantir o seu jantar", relatou. E, antes mesmo de ser questionada, Bertoncello explicou que chegou a comunicar o fato na secretaria durante vários anos e nunca foi atendida.

"E agora que tenho a oportunidade de corrigir isso, na medida do que for possível, porque é um universo muito grande de escolas. Mas no que depender da nossa decisão não vão se alimentar dessa forma de garantir jantar em casa, de levar comida para ser preparada na escola para comer diferente das crianças de jeito nenhum", acrescentou.

Ela reclama que essas pessoas não se identificam e acabam comprometendo todo mundo. De acordo com a secretária, mesmo com os funcionários almoçando, as sobras de comida são distribuídas a alunos mais carentes da escola.

"Isso é uma orientação não de agora, foi uma orientação do início do ano quando começamos o planejamento. Todas as escolas sabem quem são os alunos extremamente carentes. Se for oferecido para aluno ótimo porque é uma família que se alimente", asseverou.

Meia banana

Segundo a secretária a supervisora encontrou outra situação inusitada. Aconteceu da supervisora chegar em uma escola e flagrar os alunos sendo servidos com meia banana, sendo que havia frutas suficientes para serem servidas inteiras a todos os alunos. "Vamos supor que a escola atenda 100 crianças, então são enviadas 120 bananas porque se alguém quiser tem mais. A banana era dividida ao meio para dar às crianças", exemplificou.

 

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