23 de janeiro | 2022

A Câmara dos alheios

Compartilhe:

“A vida do povo é um circo e são acrobatas na raça, feitos de palhaços por esta gente sem graça”.

 

Do Conselho Editorial

Muito embora se diga e repita que a representação legislativa em Olímpia, neste mandato, seja a pior composição de Câmara de todos os tempos, isto ainda é pouco perto das mediocridades e insignificâncias que saem daquele espaço público.

Há que se reconhecer que cada ser humano, por princípio, por lógica, deve dar para sua construção enquanto ser humano, o melhor de si e desenvolver um esforço sobre-humano, se possível, para superar seus próprios limites.

A coisa seria como voar no máximo de velocidade que a asa pode alcançar ou atingir a maior velocidade que as pernas ou patas conseguirem e um pouco mais para haver sobra para um possível Guinness.

Esta e a lógica da natureza que atinge a tartaruga e o guepardo, o leão, oantílope, a onça parda e a capivara, a borboleta e o colibri, e também os seres humanos.

É uma lógica humana de evolução e natural de defesa e guarda.

Qualquer inimigo que adentre o território encontrará o animal, e o ser humano é um animal pensante, pronto pra se defender, seja voando, correndo, ou pensando de forma mais ágil que o adversário.

Na Câmara municipal parece que tem uma maioria de cães, gatos, guepardos, cervos, leões e orangotangos de unhas aparadas, amestrados, como animais de um circo a apresentar um espetáculo que satisfaça o empresário proprietário.

Fugindo a regra normal que seria apresentar projetos e fiscalizar o Poder Executivo, como leões banguelas domesticados pelo domador optaram por subir em banquinhos e dar saltos ornamentais para distrair a plateia.

Na campanha eles urram que vão fazer isto e aquilo, escoiceiam bravatas pelo ar, dão bicadas nas necessidades da população, arranham projetos e unham os adversários com denúncias.

Sentados na cadeira, recebendo salários milionários, mordomias do cargo, carro, gasolina, assessoria, ronronam que nem gatinho de barriga cheia dormindo em sacaria de máquina de beneficiamento de arroz.

E passam aquelas indicações para cargos comissionados para cumprir promessas de campanha, famosa cota e um vergonhoso sistema de corrupção sem fim.

E para fingir que não estão simplesmente parasitando, vão pro Fake News da busca de emendas parlamentares, que é uma obrigação do prefeito e não do vereador, na qual eles se intrometem pra fingir que fazem alguma coisa.

Ocorre que ai as despesas que eles dão para o contribuinte, que não é pequena, fica mais alta.

A função básica do vereador é, repita-se, criar leis e fiscalizar o Executivo, trocam isto por buscar emendas e passar mel na boca dos contribuintes que têm que pagar a viagem a Assembleias e Congresso, hospedagem de primeira, alimentação e, claro, um aperitivo que ninguém é de ferro.

Não contentes, chegam a brigar para dar títulos e comendas a cidadãos.

Se a figura tiver influência no eleitorado ou família grande a disputa para conferir um título que vai pra gaveta servir de comida de baratas é feia.

E tudo isto tem custos e tudo isto pesa no bolso do cidadão.

Na hora de apresentar projetos de lei ou fiscalizar o Executivo não urram, não bicam, nem latem como faziam muitos na campanha eleitoral.

Agora são, na maioria, dóceis e mansos, os exmustanguesselvagens da pradaria,ao ponto de deixar o que entendem como dono do poder,que acaricie a crina do jeito que deseja, desde que mantenha feno e água fresca em quantidade suficiente. Pelo menos é o que parece.

Quando se afirma “o que entendem como dono do poder” está se afirmando que o poder político destina poder ao Executivo e ao Legislativo e quando o que deveria ser representante do povo curva sua espinha está abdicando vergonhosamente sua porção de poder.

Esta visão de servilismo e submissão tem uma razão de ser e esta razão está no cerne da corrupção estrutural brasileira; os benefícios que o Poder Executivo disponibiliza para atrair ou corromper os “ilegítimos” representantes do povo para formar maioria nas assembleias.

No governo atual é vergonhoso o número de vereadores eleitos que traíram seus eleitores e se transformaram em secretários e mais vergonhoso ainda é a população referendá-los em outras eleições.

São práticas condenáveis e absurdas e na atual Câmara Municipal a situação é tão caótica que não há nenhuma manifestação de que haja fiscalização do dinheiro público e muito menos projetos interessantes oriundos da criatividade da maioria.

Tudo bem que quem não é o melhor pode se esforçar no sentido contrário de ser o pior para chamar atenção pelo avesso do certo, mas não havia necessidade de ser abaixo do nível que o mínimo de comprometimento consigo mesmo exige.

Assim não gera energia positiva nenhuma na sociedade.

É como um parasita que mata a árvore aos poucos e depois que ela sucumbe, morre junto.

O número alto de seres parasitários excluídos a cada eleição é a prova que dois seres inúteis não ocupam o mesmo espaço (metáfora da árvore morta e do parasita).

A vida do povo é um circo e são acrobatas na raça, feitos de palhaços por esta gente sem graça.

E, quem não pagar ingresso fique de fora escutando a gargalhada.

 

Compartilhe:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do iFolha; a responsabilidade é do autor da mensagem.

Você deve se logar no site para enviar um comentário. Clique aqui e faça o login!

Ainda não tem nenhum comentário para esse post. Seja o primeiro a comentar!

Mais lidas