13 de julho | 2014

A corrupção e seus efeitos nocivos

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Do Conselho Editorial

A corrupção criou no Brasil uma cultura de impunidade e junto com ela uma visão  de total desrespeito pela justiça e pelos órgãos encarregados de inibir a prática de ilícitos pelos homens públicos.

Não importa se é o TJ, STF, AGU, CGU, TCU, TCE, TSE, MPF, MPE, PF, PE, ou outras tantas milhares de siglas que deveriam intimidar os investigados, quando alvo de uma investigação, o que mais se ouve dos envolvidos é o tradicional não vai dar em nada.

Aliado às compras de sentenças e a subserviência de parte do Judiciário e outros órgãos ao Executivo, por motivos óbvios, o resultado de maioria das investigações terminam ou em prescrições ou em nada mesmo.

Os raros casos que viram manchetes de jornais onde se obteve o resultado clamado por parte da população que gostaria de ver a tão propalada moralização da coisa pública, são moscas brancas, agulhas em palheiro se considerada a quantidade dos velhacos que utilizaram de forma indevida a máquina pública e não foram apenados.

Está o país, neste exato momento de registro de candidaturas, discutindo dois casos que chegam a ser chocantes pelo despropósito que representam.

O ex governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, do escândalo do Mensalão do DEM, que foi filmado recebendo dinheiro de propina que, cínica e descaradamente, tenta ser candidato.

Arruda que havia sido condenado em primeira instância em dezembro pelo envolvimento no esquema de desvio de dinheiro em Brasília no caso que ficou conhecido como mensalão do DEM, através de manobras jurídicas, conseguiu adiar o julgamento da ação em segunda instância e, com isto, não sendo “Ficha suja” conseguiu registrar sua candidatura.

A Justiça, para não se ver mais uma vez desmoralizada pelo fato de suas ações não encontrarem apoio na realidade, agilizou e a Justiça do Distrito Federal confirmou depois do registro da candidatura, a condenação de José Roberto Arruda em segunda instância, o que o torna Ficha suja.

A discussão agora é se José Roberto Arruda, que teve o apoio inicial do DEM à sua candidatura, continuará candidato.

Bizarrice, um escândalo nacional dos mais vergonhosos, e o cínico sai candidato, bem localizado nas pesquisas de opinião pública e apoiado pelo seu ex partido que deu ao escândalo o nome de “Mensalão do DEM”.

É mole ou querem mais. A direção nacional do DEM retirou o apoio a candidatura de Arruda mas nada falou acerca dos correligionários que apoiam o responsável pelo esquema.

Na outra ponta da discussão está a discussão acerca da candidatura do deputado estadual do PT, Luiz Moura, que foi suspenso pelo partido por ter sido flagrado em uma reunião que participaram dezoito criminosos da facção Primeiro Comando da Capital (PCC).

O deputado, que não conseguiu legenda para disputar a eleição pelo PT, recorreu ao Tribunal de Justiça e conseguiu uma liminar judicial que pode trazer seu nome as urnas de outubro.

A título de esclarecimento, o pretendente a vaga de deputado informou que se o PT garantir sua vaga na disputa retira a ação, o Partido dos Trabalhadores por sua vez diz que não negocia com Moura e a discussão continua.

O Tribunal de Justiça em caráter liminar simplesmente anulou a convenção estadual do PT, a que oficiou a candidatura do ex ministro da Saúde Alexandre Padilha ao governo do Estado e de Eduardo Suplicy ao Senado, além de todos os candidatos a deputado que irão, ou iriam, disputar as eleições pelo partido.

Tudo isto a pedido do deputado estadual Luiz Moura, suspenso do partido em junho por suposta ligação com uma facção criminosa.

Estes são os debates mais intensos travados por ora em torno da disputa eleitoral de outubro próximo, que mostra bem o caráter e os princípios de alguns dos concorrentes, e muitos outros poderiam ser evidenciados neste espaço que seria diminuto diante de tanta tranqueira e trolha, em uma nação onde gente séria estufa o peito e se orgulha de não participar da política por se tratar, na sua opinião mal formatada, de coisa que não é feita pra gente séria.

E se, depois de ler este editorial, entrar nos principais jornais estampados na internet vai perceber a especulação de que Joaquim Barbosa, o super herói da moralidade, pediu prazo de mais um mês para se aposentar, simplesmente por que pretende impor que funcionários de seu gabinete sejam mantidos pelo próximo presidente do Supremo.

Algo inédito, que não destoa muito, em tese, das ações oportunistas que aqueles políticos que aquela casa deveria julgar com isenção, cometem na maioria das vezes, visando a manutenção e a ampliação de privilégios, notadamente os que se referem aos cargos em comissão que o Joaquim Batman quer deixar para trás em desacordo com a imagem de moralidade e senso de justiça que a maioria tinha dele.

Por estas e outras, que diminui a crença nos homens e nas instituições quase todas enlameadas pela ganância, pelo ego que conduz a imoralidade escandalosa que ao invés de discutir políticas públicas no início da campanha discute se o responsável pelo “Mensalão do DEM” pode ou não ser candidato, se o que se reúne com o PCC deve ou não ter legenda, se o presidente futuro do STF deve ou não manter os cargos comissionados deixados pelo ex presidente.

Quando chega neste fundo de poço é hora de fechar para balanço.

 

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