27 de julho | 2021

A noção de impunidade tem feito crescer crimes políticos no país.

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“Hoje em dia, para alguns, quem deveria ser bandido virou herói
e os que pregam certo passaram a ser julgados
e punidos como se errados fossem”.

Do Conselho Editorial

Hoje, sexta-feira, 23 de julho, os jornais do país noticiam que a deputada Joyce Hasselmann pode ter sofrido um atentado em sua residência em Brasília.

A deputada, que é do PSL, afirmou à jornalista Bela Megale, do jornal O Globo, que acordou na noite de sábado, 17, em seu apartamento, após 7 horas inconsciente, em uma poça de sangue, com vários hematomas, o dente quebrado e o rosto desfigurado, com fraturas.

Segundo a deputada “a última lembrança que tem da noite de sábado é a de estar em sua cama, no apartamento funcional onde vive, em Brasília. […] Depois, o que veio pela frente foi um lapso de memória de aproximadamente sete horas. Quando retomou os sentidos, a deputada disse ter acordado em meio a uma poça de sangue no chão de seu closet, com cinco fraturas no rosto e uma na costela. Estava ainda com um dente quebrado e queixo cortado”, informa Megale em artigo.

Vítima de uma agressão ainda não esclarecida, a deputada Joice Hasselmann concedeu entrevista ao apresentador José Luiz Datena e disse que alguns brasileiros perderam sua humanidade por “fanatismo político”.

Segundo ela, “nas redes sociais, muita gente ligada ao grupo do presidente da República está comemorando o que aconteceu. Estão dizendo que ‘foi pouco’, que eu deveria ter sido morta, que deviam ter quebrado minha coluna para eu não poder andar. É muito cruel como essas pessoas agem. Não todas, mas uma parte delas age de forma muito desumana. Parte da população perdeu a humanidade por fanatismo político”, disse.

O incidente com a deputada que apoiou e lutou pela candidatura do presidente Bolsonaro e endossou práticas condenáveis do Gabinete do Ódio, mostra, se verdadeira for a agressão, o perigo que a democracia e os democratas estão correndo com este desgoverno.

Esta a forma como os milicianos próximos do poder lidam com quem discorda deles, independente de, se um dia estiveram consigo e dividiram as mesmas horrorosas ideias.

Joice é a prova da forma terrorista como se está lidando com as diferenças de pensamento no Brasil.

Não se afirma aqui, e nem a deputada garantiu, que tenha sido um atentado, porém as manifestações nas redes sociais de bolsonaristas fanáticos aplaudindo o que aconteceu com Joice mostram bem o tipo de pessoas marginalizadas e bandidas que ainda apoiam este desgoverno.

Quem apoia ditaduras, milícias, torturas e torturadores, desvios de caráter e conduta, só pode ser alma criminosa e não se comportaria de outra maneira senão apoiando uma atitude bárbara como esta.

O terrível é a constatação de que muitos saíram do breu das tocas e estão ai estimulando ações de terror como estas como se fora normal em uma sociedade tratar com violência uma divergência de pensamento.

Mais terrível ainda é observar uma deputada passar pelo método da ameaça constante, e do ataque físico a sua pessoa, depois de endossar estes métodos truculentos e a mentira e a falsidade como meio de se fazer política e ver utilizado em si os métodos para os quais dava aval, nem que fosse por omissão.

Pior ainda é o crescendo destas ações, à medida que o inominável que ocupa a presidência começa a despencar nas pesquisas de opinião pública.

O incidente que ocorreu com este jornal, quando foi vitima de um incêndio criminoso que quase ceifou a vida do jornalista e de sua família e, de sobra, restou uma ameaça à vida do prefeito, se insere nesta conjuntura de crescimento da violência política no Brasil.

Vêm crescendo e muito no país os crimes contra a liberdade de opinião e expressão do pensamento, mais que isto, vêm crescendo assustadoramente a noção de impunidade pelos praticantes de crimes como os que foram cometidos contra a deputado e contra este jornal e o prefeito Fernando Cunha.

O endosso a violência cometida contra Joice pelos bolsonaristas pelo país afora não difere do apoio recebido pelo bombeiro incendiário nas redes sociais quando do infeliz incêndio criminoso que praticou contra o jornal e a Rádio Cidade.

Além do apoio, ficou evidente e claro que foi formada uma rede de proteção para que o incendiário e criminoso confesso se sentisse impune e continuasse em plena liberdade desfrutando de benefícios que muitos mais comprovam injustiças no tratamento com o caso, que possibilidade de punição.

Anda pelas ruas e frequenta os mesmos locais que frequentava antes e se sente impune como se sentiam, ou se sentem impunes os assassinos de Mariele ou os que atentaram contra Joice, tendo um bando de canalhas, estúpidos, defensores de bandidos, apoiando atos criminosos como se fossem parte da normalidade.

O país mudou muito ao ponto de o surreal se impor contra a realidade dos fatos.

Hoje em dia, para alguns, quem deveria ser bandido virou herói e os que pregam certo passaram a ser julgados e punidos como se errados fossem.

Quem aplaude ações como a que ocorreu com a deputada, ou com este jornal não é mais que um canalha. E quem cometeu a ação, mesmo que haja inversão de valores, não é e nunca será herói, sempre será bandido.

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