28 de agosto | 2016

A política e o terror

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Do Conselho Editorial

O que se está vivendo no Brasil nos últimos tempos tem dado bem a mostra do que pode ser a política dos esgotos praticada no país.

Sem entrar no mérito, a votação da admis­sibi­lidade do impea­ch­ment da presidenta Dilma Rousseff na Câmara Federal mostrou ao mundo um espetáculo vergonhoso e deprimente de deputados em uma votação de impedimento do maior mandatário da nação, dedicando votos aos parentes próximos, distantes, cachorrinho de estimação, cidades do coração e gangues de suas preferências.

As cenas daquela vergonhosa sessão foram estampar capas de jornais pelo mundo afora mostrando o ridículo em que se encontra a classe política brasileira.

A seguir muitos dos que proclamaram o voto contra a corrupção foram presos por corrupção nas muitas operações que vão mostrando um povo governado pela escória, por bandidos, por canalhas, na sua maioria.

A fase final do processo de impeachment que ora se estende no Senado, embora contida, em razão da casa ser presidida pelo presidente do Supremo, vai mostrando a face do cinismo, da mentira, da safadeza e da ausência de compromisso com a coisa pública ou com a justiça de grande parte dos senadores da república.

Não se trata aqui de avaliar o mérito do possível impeachment da governante no sentido da ilicitude ou licitude de seus atos, que é o que deveria estar em julgamento, e sim, da falta de clareza, da espetacularização e da sordidez demonstradas pelos pretensos julgadores que sequer ocultam suas intenções nada republicanas diante do golpe que conduzem.

E aqui se confere a condição de golpe, por que o dia seguinte virá e ele demonstrará a partilha sorrateira que foi levada a efeito para que o golpe se desse.

Mais que isto, o custo disto para a população que sofrerá na pele as perdas de direito, sem contar o soterramento das investigações que culminou com jogar holofotes nas sombras de uma política freqüentada e mantida por saqueadores de toda ordem, de mequetrefes, de vilões, gatunos, mafiosos, onde poucas exceções se encontram a beira da expulsão do hospício, que é o Senado, como bem avaliou o mais que denunciado e investigado presidente da Casa.

Estendendo para o domínio regional, parece não mudar muito o cenário político de Olímpia e região.

O período que iria anteceder as eleições já davam mostras que os titulares das chaves dos cofres que alimentam denúncias de desvios de verbas, de envolvimentos em máfias que vão do asfalto à merenda, iriam, juntamente com a “cambuia” que se ampara e se alimenta das ilicitudes praticadas, centra força para não perder o espaço que permite através de falcatruas alimentar a ostentação.

O que se tem notado é a judicialização da política para amedrontamento dos adversários que dispõem de pouco numerário para fazer frente a uma conceituada banca jurídica para se defender de representações e representações que visam, pura e simplesmente amordaçar a opinião, silenciar o debate.

Natural que muitas posturas equivocadas, ou excessos de linguagem devam ser coibidos, porém alimentar um número sem fim de representações, com o objetivo de não se permitir opinião contrária, como vêm ocorrendo em algumas cidades, pode indicar a perpetuação do continuísmo da safadeza.

Os últimos acontecimentos dão conta de um possível ataque físico e violento a um candidato a vereador que, segundo se informou, vinha sendo ameaçado há algum tempo, como outros têm sido, tira a política do centro do debate a respeito de ética e cidadania e conduz a questão para as páginas policiais e pode construir um enredo de medo, de terror inconcebível nas discussões políticas.

É preciso apurar com toda transparência e clareza o que pode estar através deste fato, que por si só choca e deixa em estado de alerta os homens de bem desta comunidade.

Não há como e seria irresponsabilidade formar juízo de valor sobre o que pode ter acontecido, como alguns defensores dos que estão instalados no poder de forma leviana estão fazendo por ai.

É necessário que se apure sem açodamento o caso, sem lhe conferir características pessoais ou políticas sem que a perícia e as investigações concluam seu curso.

A precipitação do julgamento da ação por membros chapas brancas do poder oficial deixa uma sensação estranha de alguém que se desculpa como se não tivesse nada a ver com os acontecimentos, o que em suma, cria efeito contrário no inconsciente coletivo.

Esta precipitação pode passar a ideia de que pode haver alguma culpa no caso, mesmo que não haja, afinal, onde há fumaça, houve fogo, ninguém se defende do que não fez, a menos que as suspeições caminhem na sua direção.

É preciso ir a fundo, muito fundo nesta questão, a política nacional cheira a quadrilha e máfia pelo Brasil inteiro, por aqui, até onde se sabe não se havia ido até o fundo do poço, apelando a métodos primitivos e bandidos para intimidar o oponente e tomara que este incidente criminoso seja de ordem pessoal, ou tentativa de roubo.

Se a razão for política não há mais poço nem fundo moral que mantenha em pé esta sociedade que pode se declarar perversa, pervertida, corrompida sem nenhum traço de escrúpulo que a sustente.

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