21 de julho | 2013

Bate a estaca aí pra mim

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Willian A. Zanolli
Bom, como vocês devem ter percebido, nem tenho me dedicado tanto a escrever, para a alegria de alguns leitores e aborrecimento de outros.

Como há e sempre haverá uma razão para tudo, com certeza haverá uma razão para este momento de pausa.

Poderia, enquanto parte envolvida neste processo avaliar as razões pelas quais se instalou esta vontade de dar um tempo nas avaliações e análises sobre questões tão várias que envolvem a sociedade local, o meu dia a dia e o dia a dia de tanta gente com quem esbarramos por ai.

Ocorre que outras leituras mais abalizadas serão feitas, por outros que não eu, e a minha, possivelmente, mesmo me envolvendo de forma quase direta, corre o risco de passar para a história como invencionice da minha cabeça.

Razão mais que suficiente para não justificar, pois levando em consideração que os construtores de mito tem mais habilidade na construção da nossa história, por pensarem que sabem, mais da gente do que a gente mesmo, deixemos para eles esta tarefa.

Não custa nada, porém, neste período em que se propaga a compra de almas mortas que se pensam muito vivas, pelo poder, esclarecer que não esfregaram a mala preta, por enquanto, nos nossos olhos.

É…., ou não valemos nada, ou valemos tanto que não estamos por enquanto na lista de prioridades, ou, em hipótese apertada, o caixa está tão baixo que não estão dispondo de material “bufun­fan­te” para fazer nossos olhos brilhar como os do Tio Patinhas.

Vou dar crédito a hipótese apertada, estou ouvindo histórias e histórias pelas minhas andanças, parece que já tem gente latindo de novo atrás da casa para economizar cachorro.

Vou explicar para você, que nunca passou por um “perengue” ou por um excesso de vaidade movido pelo dinheiro.

No excesso de vaidade patrocinado pelo mito do eu sou autoridade você bate na porta do caboclo, ele sai de peito mais estufado que pombo no cio e pergunta com voz pra vizinhança ouvir, o que você quer, não o que deseja.

Bolso cheio de dinheiro, pouco importa a origem, estufa o peito de muita gente tosca.

Só que é levar uma pedrada que seja do universo das finanças, co­mo o peito de pomba é ar puro, es­vazia na hora, e como pomba na hora que soltam foguete o “pom­bão” fica de peito vazio esticado no meio fio enquanto observa o vôo do bando em debandada.

Bela metáfora Sir Willian Antonio, voltou bem, agora, como pombo caga na cabeça dos que sentam acima da porta do cofre, vamos lá.

Então, queda econômica, queda social, respeito adquirido pelo dinheiro, muitas vezes de procedência, diríamos, não muito confiáveis no plano da dignidade humana, costuma ser respeito frágil, que ilusoriamente dura na cabeça do vaidoso enquanto as oncinhas estiverem no bolso.

Quando as oncinhas resolvem urrar noutro terreiro adeus as compras de honras e glórias, os tapinhas nas costas, o falso respeito e a autoridade de papel, papel dinheiro.

Miséria entra pela porta, o amor pula a janela.

Ai é a fase dois, a do “peren­gue”, aquela que vivemos nós pobres mortais, que quando alguém chama nosso nome no portão, se não tiver ninguém pra responder é hora de afinar ou engrossar a voz e dar aquele perdido. Ele acabou de sair.

E o cara lá fora perguntando se demora a voltar, preciso muito falar com ele.

Se neste diálogo identificar a voz, a ausência do perigo, não custa fingir que era brincadeirinha e ir atender.

Se, porém não houver a possibilidade do reconhecimento através da falação, se der para conferir por algum buraquinho se não é o responsável pelo corte de água e luz, que ai dá até para encarar e falar que estava saindo para pagar a conta atrasada, a solução é não arriscar, que tem muito cobrador bravo por ai.

Esta fase do “pe­rengue” que ou já tem gente que está passando ou vai passar em breve, é o caos, o fundo do fundo do buraco do poço.

É pior que peidar no elevador, o cara fica se sentindo como o centro do universo das atrações negativas e ao mesmo tempo o maior rejeitado do planeta, todo mundo quer fugir dele.

Já aconteceu comigo, a do elevador, e as outras continuam acontecendo, são experiências marcantes, que sei que parecem cenas fortes mas demonstram como é ser e deixar de ser repentinamente para quem gosta de ser evidenciado pelo ter.

E é exatamente este tempo que estou observando chegar para alguns, em função da quantidade de atritos e afastamentos.

Pra mim, quadrilheiro só briga por duas razões, pela partilha do furto de seu trabalho e pela falta do que repartir.

E tudo indica que a fonte secou, e que começaram a cantar por ai… e o que houve entre nós acabou.

Esta ai, talvez a razão pela qual, tenho escrito pouco, não gosto de chutar cachorro morto, e o pessoal está em baixa, respirando por aparelhos, dando os últimos suspiros, fingindo que está vivo tentando segurar o terço com força.

Bom, por hoje e por enquanto, vamos parar por ai, se eu pegar no pulso de alguém e sentir que tem forças para de novo gritar Abre-te Sésamo e conseguir abrir as portas da caverna para o Ali-Babá voltar a ativa, sento de novo aqui no teclado e converso com vocês, sobre a ascensão do império.

Eu não gosto de declínios, acho decadente demais os finais de Nero e de Calígula. 

Se eu demorar pra voltar vai batendo a estaca ai por mim.

Willian A. Zanolli é artista plástico, jornalista, e oferece este artigo para o Álvaro Camioto, esposo da Leonice Tofolete e amigo da Gabi e da Ginger.

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