14 de julho | 2019

Brasil, um país de políticos canalhas?

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Do Conselho Editorial

Imaginar que o Brasil possa ter se transformado depois da massificação implementada pela grande mídia de que o combate a corrupção e o implantar da nova política só po­de ser considerada pura inocência, alheamento ou burrice.

Nunca se viu tanta fala absurda, tanto despropósito e tanto desentendimento quanto neste governo que ai está e que ninguém sabe exatamente a que veio.

Sete meses de governo, nenhum projeto, nenhuma proposta, nada que induza pensar em crescimento e recuperação da economia que caminha para o caos.

Porém, todo diabólico dia uma nova maldade, uma nova crueldade é estampada nos jornais, exibida pelas televisões, discutida nas redes sociais.

E não se trata aqui de medidas provisórias que vão retirando mais e mais direitos trabalhistas, ou, permitindo que funcionários públicos sejam demitidos com a facilidade com que se troca de camisa.

Não se trata aqui de reforma previdenciária que implantada em muitos paí­ses estão sendo revistas por jogar na rua milhares de idosos em condição de penúria e abandono.

Acreditar que a reforma previdenciária vai gerar emprego e renda é estar chafurdado no pântano mais profundo da ignorância ao ponto de ter esquecido que esta era a promessa em relação à reforma trabalhista que provou-se mentirosa.

A população está sendo conduzida a miserabi­li­dade, mendigos transitam pelas ruas, crianças pedem esmolas nos semáforos, milhares de pais de família estão desempregados, empresas estão falindo e o que deveria ser discutido está esquecido como se a tragédia da falência da nação não estivesse próxima de ocorrer.

O que se coloca como pauta que parece importar para o primeiro mandatário da nação não é a queda do PIB e sim a indicação do filho do presidente da república para uma embaixada nos Estados Unidos em possível ação de nepo­tismo, segundo alguns juristas renomados.

Importante é discutir a indicação de um terrível evangélico para ministro no Supremo Tribunal Federal.

Em contrapartida, nos bastidores se mantém ministros envolvidos em casos de corrupção divulgados pela grande imprensa, deputados são convencidos por emendas parlamentares milionárias a votar de forma favorável ao governo, cujo único discurso é em prol do mercado, que vai esgotando suas energias produtivas, ficando anêmico e deixando ao desalento milhões de desempregados.  

E o que parece preocupar é a indicação de reitores em faculdades alinhados a visão ideológica aos que estão no poder ou discutir se o estado é laico ou cristão, a retirada da palavra gênero nas discussões em fóruns internacionais.

O debate é sempre desprovido do mínimo de sensatez ou noção da liturgia do cargo e as brigas de bastidores vão produzindo baixarias e impropriedades que, pelo nível, pode se observar que este governo e seu entorno não tem como dar certo.

Tudo indica que o nível de corrupção é tão assombroso ou mais assombroso que os de governos que antecederam este, basta notar que o Ministro da Justiça que era o exemplo máximo de combate a corrupção hoje parece ser a prova de que até o judiciário e o MP podem  ter se corrompido para que a nova velha política se instalasse.

O quadro que ai está muito mais se assemelha a contos absurdos do Franz Kafka que de um governo que pode ser levado a sério e, muito além disso, a situação é surreal.

Quem não se perdeu em polarizações e radicalismos infelizmente começa a concluir que este não é um país de políticos sérios na opinião de muitos que acreditaram nas mudanças que não ocorreram e começam a se cons­cien­tizar que o Brasil é um país de políticos canalhas.

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