24 de agosto | 2014

Com tetos e sem tetos

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Do Conselho Editorial

Esta semana culmina com a divulgação do acordo levado a efeito pelo prefeito Eugênio José Zuliani e o movimento Canaã que ocupou dois terrenos públicos para chamar a atenção para um drama que acomete parte dos moradores da cidade e que se refere à falta de moradias.

Ao que tudo indica, pelo que foi noticiado pelos jornais e blogs que geralmente só transformam em notícia aquilo que consideram como desfecho favorável ao chefe e evitam agendas negativas, o acordo foi firmado em bases consideradas por eles como razoáveis.

Não poderia deixar de estar presente a reunião o oficial de justiça, como amplamente divulgado por este jornal, assim como não poderia deixar transparente e clara a exigência mais que autoritária do prefeito Eugenio de que o acordo fosse atrelado a duas questões que serão discutidas a seguir.

Que o movimento indicasse seu representante e que o mesmo, segundo o noticiário chapa branca, tomasse ciência da intimação referente a decisão da justiça local determinando a desocupação no espaço temporal de cinco dias.

Que os ocupantes, ou sem tetos, desocupassem a área sob a responsabilidade do poder público no prazo determinado pela Justiça.

Afora isto foram escolhidas famílias que serão beneficiadas com o pagamento de aluguéis por um período, até que consigam equacionar o problema da falta de moradia ou de inserção no mercado de trabalho.

Aos demais foi acenada a possibilidade de cursos profissionalizantes para futura profissionalização e viabilização da busca de reinserção no mercado, distribuição de kits construção visando ampliar ou reformar as casas daqueles que porventura residam com parentes ou não disponham de habitação razoável.

O mais importante na discussão é que o poder público se comprometeu a entrar em contato com os diversos órgãos governamentais, tanto do governo federal quanto do estadual, com o objetivo de conseguir, através dos programas habitacionais, a construção de casas que serviriam a estas pessoas, se sorteadas forem.

Recomendou o prefeito que o grupo de acampados forme uma Associação visando facilitar a conquista das casas próprias junto às instâncias de governo, por entender que assim teria argumentação mais sólida para a solicitação, além, e aqui é opinião do jornal, construir um filtro que permita visualizar exatamente quem realmente necessita e quem pode estar sendo oportunista.

O que, no entanto, chama a atenção na fala do prefeito Eugênio José Zuliani é a revelação de que depois de ter entregado mais de 2.200 casas em Olímpia não esperava que houvesse ocupação por falta de moradias.

Isto pode ser demonstrativo de duas situações que a mídia oficial nunca irá discutir: que o prefeito Eugênio José vive tão distante da realidade que vive o povo olimpiense que o elegeu para mais um mandato, e construindo tanta “verdade virtual” que quando a realidade bate a porta de seu iluminado e caro gabinete, choca pela estranheza que contradita o que seus inúmeros jornalistas pagos regiamente divulgam por aí.

O mundo maravilhoso e fantasioso que seus bajuladores fazem questão de anunciar só existe no papel, ou na mídia digital, todos, no entanto, virtualmente.

A realidade nua e crua é bem diversa do País das Maravilhas que as Alices de plantão tentam mostrar, e que os simples leitores, não sabem se tratar apenas de fábulas, literatura de gosto duvidosa ou sonho.

A segunda hipótese remete à denúncia dos ocupantes dos terrenos de que as casas populares sorteadas foram distribuídas sem muito critério, beneficiando, em razão disto, pessoas que nem precisavam tanto assim, e que Eugênio aconselha, se tiverem comprovação dos fatos seja levado à investigação.

Desde que não seja pelos processos administrativos conhecidamente elaborados e levados a efeito na maioria dos Executivos e Legislativos do país para fazer sangrar a oposição e poupar os seguidores.

Necessário, diante das evidências, se houver, que o MPF atue para sanar estas dúvidas que andam frequentando em demasia a imaginação, o inconsciente popular, as lendas urbanas, seja provocado para averiguar se há veracidade no que se espalha por ai.

Pois, se o prefeito, depois de ter entregado tantas casas, mil e duzentas, em uma cidade em que o IBGE entendia que o déficit Habitacional era menos de oitocentas moradias, fica pasmo diante de uma ocupação levada a efeito por pessoas necessitadas de habitação, pode ser que alguma coisa do muito que se diz por ai pode ser verdade, e se não for será desmontado o discurso de que o poder local tem privilegiado em demasia seus pares em detrimento de necessitados de toda a ordem.

 

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