06 de outubro | 2019

Conselho Tutelar: vote em quem defende os direitos da criança e do adolescente

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Do Conselho Editorial

Neste domingo haverá eleição para escolha dos conselheiros tutelares e, pelo que se pode presumir, desta vez o clima de guerra de foice para se conquistar o cargo meio que antecipou o que poderá a vir a ser o baixo nível da campanha eleitoral vindoura.

Embora uma coisa não devesse nada a ter com a outra, infelizmente os bastidores revelam que têm.

Uma eleição que visava a escolha dos que deveriam, em tese, defender os direitos das crianças e dos adolescentes meio que se transformou, para alguns concorrentes, em campanhas de infan­tilidade semelhantes à briga de adolescentes em porta de escola.

Campanhas difamató­rias ou feitas à socapa com ações objetivando de forma maliciosa e fingida enganar os que pretendem depositar seus votos nas urnas.

O uso de fingimento, dissimulação e manha, a revelia do expresso em lei para a eleição, se não contaminar o resultado, pelo menos demonstrou má intenção e dolo da parte dos que praticaram atos indevidos e desnecessários para o caso.

As denúncias estão ai nas redes sociais, capas de jornais e registradas em boletins de ocorrência. Se serão ou não apuradas com rigor é esperar o tempo, senhor da razão, para se concluir se a lei é para todos ou se o que vale é império da impunidade.

Alguns candidatos, ao que tudo indica, levaram campanhas de forma totalmente divorciada do que obriga o instrumento legal que prevê o rito da eleição.

Houve até candidata que foi premiada com matéria positiva em blog local, evidenciando trabalho em favor de crianças especiais, evidentemente para se criar vitrine à pretensão eleitoreira da candidata.

É de se concluir que muitos dos casos ocorridos deveriam levar o cidadão de bom senso e com desejo de que a sociedade melhore em todos os aspectos, concluir que estes candidatos, com estas posturas inadequadas, deveriam ser repelidos ou pela justiça ou pelo voto.

Afinal a responsabilidade de defender os interesses de crianças e adolescentes que em síntese serão o futuro da nação exige muita responsabilidade e não são os que recorrem a recursos reprováveis para serem eleitos que estão preparados para tão respeitável missão.

Alguns fatores contribuem para que esta disputa seja tão acirrada e se faça vista grossa por que este é o país dos que combatem a corrupção sendo a favor de se corromperem, infelizmente.

Além de a disputa ser agressiva e levada ao máximo do que pode ser tolerado em termos de ausência de respeito ao outro e as regras vigentes, um elemento salta para explicitar os desvios de conduta de alguns e atende pelo nome de salário.

Há vários conselhos no município: Saúde, Turismo, Cultura, Educação etc., porém em nenhum deles o conselheiro é remunerado, tratando-se de trabalho voluntário e sendo redundante, trabalho gratuito em prol da sociedade.

Geralmente, na maioria dos municípios, não se encontra nomes dispostos a atuarem gratuitamente nestes conselhos e em razão disto o poder Executivo, que tem a obrigação de montagem e funcionamento destes conselhos, é obrigado a nomear um cidadão para representante em vários conselhos.

Não há disputa, briga ou discussão, não havendo salário não há interesse.

E no dito Conselho Tutelar outros interesses se fundem a questão salarial. Exemplo disto é o desejo de setores ligados à bancada evangélica de diminuir os direitos das crianças e adolescentes em razão de seu projeto de poder e por isto disputam vagas no conselho indo na contramão do que deveria ser a luta por direitos naquele espaço público de representação popular.

Por outro lado, há interesses de policiais ligados à repressão, violência e maus tratos, de estarem representados neste conselho por motivos óbvios, razão pela qual apoiam determinadas candidaturas.

E o político, para alargar sua representação e ter, além de um apêndice contaminado no Conselho, um cabo eleitoral pago de forma lícita pelo poder público.

O típico com uma mão se lava a outra: “eu te ajudo nesta campanha e você quando eu for candidato ajuda minha eleição”. No final, quem paga é o idiota, o estúpido de sempre, que de forma coletiva é chamado de população ou povo.

Estas as razões pela quais há alguns quarteirões de onde serão realizadas as votações ocorre uma grande movimentação de veículos despejando pessoas, carros, peruas, vans e já houve casos até de ônibus transportando eleitores.

Ninguém em sã consciência acreditaria, se conhecesse a alma do povo brasileiro, que desobrigado, em pleno domingo, deixaria o conforto ou o quase conforto de seu lar, sem ganhar nenhum agradinho, para escolher um Conselheiro Tutelar.

Principalmente se souber que quando se elege os outros Conselhos, fora o da Saúde, em razão do número de profissionais da área, interessados na eleição, corre-se o risco do comparecimento popular ser menor que o número suficiente de pessoas para compor o Conselho.

Por ai, pode-se concluir que algo de muito errado ocorre nestas eleições, a começar pelo total desrespeito as regras e a impressão que maioria dos candidatos são muito mais concorrentes a uma vaga de emprego que missionários em prol dos direitos das crianças e adolescentes e que, se pudessem, queimariam o Estatuto da Criança e do Adolescente (Eca) em praça pública.

O que não se faz por amor, amor ao dinheiro.

 

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