07 de julho | 2013

Corrupção e as diversas visões sobre o tema

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Do Conselho Editorial

A partir do fenômeno que tomou conta das ruas ficou muito evidente, principalmente nas redes sociais, os vários enfoques que o brasileiro tem a respeito do tema mais pulsante do momento, o combate a corrupção.

Muito embora corrupção de forma simplista possa ser definida como atitude, ato, que contrarie as regras impostas pela sociedade através de leis, normas ou costumes, há no caldo de cultura que compõe a visão de maioria um enfoque diferente para cada questão apresentada como imprópria em relação ao comportamento do homem público.

Ganhando de disparada, das preferências do público estão duas que colidem frontalmente com o conceito de moralização, se levado em conta os princípios necessários à mudança de comportamentos que inibam a má conduta à frente dos serviços públicos.

A primeira delas e a mais constante nos discursos dos que não entenderam ou fingem que não entendem o processo, é a que invoca a prática de demonstrar o adversário. O que se opõem a falcatrua, também tem um pezinho na cozinha do desvio.

Em síntese, existem e não são poucos, os defensores da famosa frase bordão de um antigo humorístico de TV, “Eu sou mas quem não é?”, que ao contrário de buscar inibir a prática equivocada justifica-a através da ação de outro que por conveniência ou interesse político endossa a manifestação contrária ao desvio de conduta no trato com a coisa pública, mas quando teve a oportunidade nadou de braçada, deitou e rolou de comprido nas mazelas.

A segunda, esta então, chega a ser hilária, pela falta de conteúdo discursivo, pela exposição do ridículo e pela prova indireta, ou direta, de que não há percepção alguma do tema corrupção.

Trata-se daquela em que a escolha individual de liderança por mais corrupta e canalha que seja nunca será pelo defensor como representante do que há de mais sórdido e nefasto para a sociedade.

Para exemplificar, fugindo das representações locais, que não são poucas, para não se politizar o tema, e recorrendo a exemplos nacionais, tomemos como base o caso do deputado Paulo Maluf, que embora seja procurado pela polícia do mundo todo, não podendo sair do país, toma assento na Assembleia e vota leis que podem, em tese, impor penas ou beneficiar corruptos e corruptores.

No entanto, o número de defensores do deputado e suas práticas combatidas pelos manifestantes denunciam nas redes sociais exatamente quem teve práticas idênticas as que seu líder representa e poupam e defendem o que consideram o carismático seguidor da bisonha filosofia do rouba mas faz, bem presente por estas bandas.

O deputado em questão, mesmo que se ampliem as manifestações e sejam sinceros os desejos de maioria, crê que poderá contar com mais um mandato que o protegerá sobre o manto do foro privilegiado e da prescrição.

Neste caminho, para findar a discussão, segue Collor de Mello que conseguiu a inédita façanha de ser impedido de governar pelo povo brasileiro que foi as ruas para ejetá-lo da cadeira de Presidente da República e está eleito pelo povo, na condição de representante da população sendo defendido na rede social por alguns que não poupam outros que tiveram atitudes iguais ou semelhante as do ex-presidente.

E por ai vai o discurso confuso de alguns no tocante ao país que pretendem, os médicos saem às ruas por não desejarem a presença de médicos de outros países, e ocultam que seus pares recebem dos SUS para simplesmente pactuarem com governos tão sem éticas quanto eles, o absurdo de apenas dezesseis (16) atendimentos por dia na rede pública.

Que trabalham um período irrisório, que atendem mal, que não estão preparados em sua maioria, tanto quanto a qualquer profissional de outro país e a avaliação do ensino no Brasil na área da medicina e em outras demonstram bem isto.

Não querem ir para cidades onde não se permitam ganhar uma fábula, e nas cidades para onde vão instalam corporativismos que não permite a entrada de outros profissionais fazendo reserva de mercado e geralmente inviabilizando hospitais benemerentes em função de seus extremos de ganância.

Fechando esta questão vale frisar que estes mesmos profissionais são possivelmente os mesmos que gritaram contra os governos europeus que estavam negando vistos a médicos e dentistas brasileiros na fase crítica da crise que o país viveu em governos passados.

Outros, que notadamente se insurgem contra a corrupção é a grande massa de aposentados que se sentiram lesados no seu direito de receberem uma aposentadoria justa e equivalente a contribuição, que revelam muito mais interesse na solução de sua questão econômica que foi imposta pelo governo passado, por entender razoavelmente que a exemplo da Europa, ou se fazia isto ou se falia o país cuja população envelhece a passos galopantes.

Afora o discurso de direitos perdidos geralmente se perdem naquilo que reivindicam e o eixo central da discussão é deixado de lado fazendo aflorar ódios particularizados totalmente desconectados da realidade.

Há outras ponderações que poderiam muito bem figurar neste espaço é o fato de grande parte do controle do universo da mídia brasileira estar entregue nas mãos de interesses políticos e que seus detentores ou são profissionais da política, ou são laranjas destes, ou defendem estes, por conta das verbas públicas investidas em suas organizações.

Prova disto foi a mudança do discurso em relação às manifestações que começou por criminalizá-las como baderneiras e transformaram em um movimento legítimo e necessário às mudanças, que “eles” pretendem, tanto que trataram de incorporar palavras de ordem de suas convicções que não existiam no nascedouro das manifestações.

Poderia se falar dos rebeldes de ocasião que veem no movimento uma oportunidade de colocar na mesa de negociações sua introdução no mercado da corrupção, invocando cargos ou benesses para si.

Derradeiro, os estudantes, que tinham no passado um histórico de lutas e comprometimento com as sociais, desta vez vieram da mesma fonte e origem, classe média e classe média alta, tão desprovidos de informação que acabaram por ser, para os que pensam, a prova da necessidade de se mudar a face do país, investindo em Educação de qualidade, tão desprovidos que estavam de bandeiras.

Foi muito válida a ida do povo brasileiro em busca de seus direitos e continua sendo

Ficou evidente que há um país que se insurge perdido entre muitos que nada sabem de corrupção, outros convictos do que seja e que desejam apenas o extermínio da corrente política diferente da sua, e muitos bem intencionados, que como sempre foram usados como massa de manobra, inocentes úteis de um sistema corrupto que combatem e que é tão corrupto ao ponto de utilizar da inocência destes mudando a latinha e mantendo as moscas.

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