22 de abril | 2012

Crônica de uma morte anunciada

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Do Conselho Editorial
Nunca este título, lugar comum da maioria dos jornais, quando se pretende dizer, de forma indireta, de que o evitável tinha contornos de soluções que não se daria, por motivos explicitados na ausência de ações levadas a efeito no sentido de evitá-los.

A título de ilustração, necessário lembrar que o título foi extraído de um livro do Prêmio Nobel de Literatura, Gabriel Garcia Marques, que conta a história de um assassinato que irá se dar começando a narrativa pelo final, método que não era utilizado até então na literatura.

Toda a cidade sabia que por uma questão relacionada à honra que o personagem central seria assassinado, porém, apáticos, indiferentes, temerosos, distantes os moradores nada faziam para alertar a vítima que cumpre o destino que o alheamento e a indiferença não contribuem para modificar.

Infelizmente, por razões múltiplas, entre elas a incapacidade de olhar carinhosamente para o outro e entender suas angústias e conflitos, aliada a sede de um carreirismo oportunista tão selvagem que excluem da discussão social a realidade que é trocada pelo virtual, fatos que não deveria acontecer, acontecem.

A saúde pública foi por demais discutida neste espaço que contou vários mortos que estão e serão arrastados às costas de Eugênio José Zuliani até as portas do céu onde o que faz a verdadeira justiça, por justo ser, haverá de julgá-lo, pela irresponsabilidade com que conduziu os destinos dos munícipes desta cidade.

Cada morto desta cidade, que possa ter tido tirada a vida antes do tempo pela inconseqüência como está sendo conduzida a saúde pública, foi dissecado, autopsiado pelos próximos do poder com o desrespeito próprio com que os ditadores que se instalaram na Nove de Julho tratam vivos e mortos.

Entre os mortos inclui-se a sogra do editor deste jornal, e outros tantos que foram notícias na mídia local e regional, e outros que a família temerosa de retaliações e de destruição da biografia do que se foi, pelos lustras bolas de plantão, não trouxeram a público.

Ninguém tem bola de cristal; as indicativas de que havia e há algo de muito podre no reino da saúde pública do governo de Eugênio trazia e traduzia a infeliz certeza de que a qualquer momento aconteceria uma morte que destamparia a caixa de Pandora e traria à luz do dia todos os monstros construídos pelas inverdades que o governo Genioso divulga.

Infelizmente, houve o que os responsáveis temiam, e o que os irresponsáveis que deveriam evitar, facilitavam propiciando para que houvesse terreno fértil para a tragédia.

A cidade contava com um número considerável de médicos, até o governo passado, que se entendia como insuficiente para atender a demanda, sendo que a população tinha que peregrinar pelas UBS, desde a madrugada, por dias, para conseguir um atendimento.

Os exames e remédios traziam transtornos para a população, pois eram muitas vezes faltantes, porém nada se compara com o caos que está acontecendo no governo Eugênio.

Os médicos que haviam na cidade continuam por ai fazendo seus atendimentos, e à categoria foram somados, segundo outdoors, inclusive em caminhão de lixo, mais sessenta médicos contratados pela rede pública, além de uma OSCIP ao custo de quase três milhões para contratar mais médicos, foram dobrados os salários dos médicos e tudo indica não há médicos em número suficiente na rede pública.

O atendimento é caótico; não há remédios e, mesmo com o anúncio destas inúmeras contratações, não há médicos.

A saúde no governo de Eugênio nunca funcionou e conseguiu estender seus tentáculos à Santa Casa de Misericórdia que atua e atuou como coadjuvante na tragédia que culminou na morte desta criança, que veio se somar a outras não esclarecidas até agora.

O sistema de ambulâncias que antes funcionava relativamente bem caminha para desorganização que é própria deste governo.

O médico de família, as informações de bastidores dão conta de que não conseguiu se instalar até agora nem quarenta por cento do processo, em síntese não funciona como tudo.

A UPA em que se apostavam todas as fichas não sai do papel e se sair fatalmente estará fadada a não funcionar como tudo neste governo de maquiagens, onde as coisas só funcionam no outdoor e através dos bate-paus que berram por rádio arrendada pelo próprio grupo e pela internet no blog oficioso.

Como exaustivamente debatido aqui neste espaço, como ao cansaço foi indicado, que outras mortes viriam se somar, infelizmente, a crônica desta morte anunciada foi atingir uma criança.

Como tantos outros, quem acredita entende que um dia estará esta morta infante à porta do céu para recepcionar Eugênio José chegando com as possíveis outras mortes às costas que por incompetência contribuiu para que ocorressem, para, enfim ser julgado.
 

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