06 de março | 2016

Daniel, seria o show de despedida do mandato de Eugênio?

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Do Conselho Editorial

Olímpia, ao chegar aos seus 113 anos, merecia por parte do poder público uma comemoração a altura de sua mais que centenária passagem pela vida das pessoas.

Espera-se, geralmente, inaugurações de espaços públicos que contribuirão para a melhoria da qualidade de vida das pessoas.

Espera-se que os atores sociais venham a público discutir as expectativas de futuro, falar de projeções e planos para as próximas décadas.

Espera-se que se fale do que foi conquistado até aqui e do quanto se pretende caminhar na direção de outras conquistas relevantes.

Para isto existe o poder e sua milionária estrutura que alimenta muitas cabeças para instrumentalizar e viabilizar o que se espera de melhor naqueles que administram as cidades e os sonhos das gentes que nela habitam.

Porém, infelizmente, a impressão que se tem, pelo que se viu nas comemorações do aniversário de Olímpia, os olimpienses vão ter de esperar sentados para não se cansar.

Final de mandato de um prefeito buscador de verbas e que muitas vezes não conclui as obras, quando conclui, parece não concluir com a qualidade exigida, caso do asfalto, por exemplo, que por mais que recapeie as ruas, geralmente elas estão sempre em estado de precariedade.

Ou não demonstra eficácia no tocante a fazer com que muitas delas funcionem adequadamente, caso das UBS esparramadas pela cidade, cujo atendimento, maioria das vezes, está abaixo do plano das criticas de tão sofrível.

Muitas obras se arrastam com uma lentidão própria de quem não tem planejamento algum, caso da Rodoviária, ETE, ETA, Praça da Santa Azul, São Benedito,  extensão da Aurora Forti Neves e muitas outras que caminha a passos de cágado lento.

Não tendo nada para apresentar ao povo como vitrine na comemoração dos 113 anos de Olímpia, nada tendo de inovador, progressista, moderno, Eugênio José, do alto da insignificância de seu final de mandato, premiou o aniversário da cidade com um espetáculo.

Para uma administração que iniciou dando pão e circo ao povo, conclui seu desfecho da forma mambembe como todo patriarca esgota falta de criatividade, oferecendo circo aos nada exigentes contribuintes.

O show em si, merece respeito e louvação, pelas qualidades do repertório do artista que agrada e agradou ao grande do público presente aos festejos, e há de se reverenciar seu trabalho, que melhor estaria posto se explorado pela iniciativa privada, com ingressos pagos, em consonância com a visão do mundo dos espetáculos, que visa público e lucro.

Esta lógica não deveria, em que pese, repise-se, o respeito ao cantor, estar presente nas prestações de serviço público, por não se tratar de algo compreensível as funções públicas promover espetáculos que, via de regra, faz parte de funções profissionais distintas das que devem ser exercidas pelo administrador.

O show, a um custo altíssimo, tira das secretarias que deveriam cuidar da proposição de crescimento e fortalecimento do fazer cultural, verba significativa que poderia ser investida nos munícipes e proporcionar a eles cursos que os conduziriam a condição de entendimento deste fazer e transformá-los. no futuro, brilhantes artistas, com é o caso de Daniel.

Tanta criança precisando que sejam oportunizados cursos de música, teatro, dança, cinema e o poder, que tem como obrigação permanente disponibilizar, gasta uma fortuna com um único show e relega sua obrigação a um segundo plano, proporcionando misérias para que abnegados sonhadores realizem o sonho e o desejo dos pequeninos de conhecerem a vastidão e a beleza do mundo da cultura.   

Poderia ser compreensível mas não é, se afirmar, como estão por ai a afirmar que o show de Daniel seria a simbólica despedida de Eugênio José da confortável cadeira que ocupa no gabinete das luzes.

O simbolismo de o espetáculo ter sido levado à frente da Prefeitura e tendo a mesma servido de camarim para o cantor e sua equipe remete a outras leituras que trazem a baila o fato de ser ano eleitoral, e estas “coincidências” parecem ter muito a ver com a proximidade das eleições.

Fixa-se no imaginário popular que foi Geninho quem deu, ofereceu o espetáculo à massa, independente do prejuízo que isto possa trazer a sociedade local, que não dispõe de atendimento da saúde de ponta, ou se não atua de maneira a incluir a juventude no cenário cultural e outras discussões, esta versão do prefeito bonzinho que dá circo de graça é a que fica, e pode ter sido a pretensão.

De outra feita, nada obsta que as pessoas avaliem que o circo que sucede ao pão que Geninho foi e sempre será incapaz de prover aos seus súditos, possa ser sua despedida do cenário político local.

As pré-candidaturas já foram lançadas e se deu inicio a corrida eleitoral, exatamente na semana que se comemorou o aniversário da cidade, isto implica que o relógio começa a marcar minuto a minuto o fim do mandato de Geninho que volta ao ostracismo, o que, de certa maneira deve incomodar muito seu perfil pop star.

Considerando-se que os últimos prefeitos de Olímpia, Moreira, Rizzati e Carneiro, quando deixaram de subir as escadarias da Prefeitura que davam acesso aos seus confortáveis gabinetes, passaram a subir as escadarias do Poder Judiciário com muita frequência, para desconfortavelmente serem alvos de julgamentos de ações tomadas no comando da cidade, nada condizentes com a probidade que o cargo exige, sobra a Eugênio, o temor desta nova experiência, que foi traumática aos outros e se vir a ocorrer poderá ser traumática a si.

Nada melhor que desfrutar seus últimos momentos com muito circo, sem se fazer a pergunta da antiga música com releitura.

– E o palhaço quem é? Obvio, elementar, será aquele que sempre paga a conta.

 

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