05 de março | 2017

É preciso saber viver até no carnaval

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VIVENDO …

… aqueles dias (metamorfoseando Chico) em que a gente se sente como quem partiu ou morreu, não sabe se estacou de repente, ou se foi o mundo então que cresceu; momentos em que  quer ter voz ativa, no destino mandar, mas aí chega a roda viva e carrega o destino pra lá… Eta mundão que roda, roda, roda o moinho, roda o peão, mas o tempo sempre para num instante, às voltas do coração. A gente vai contra a corrente até não poder resistir, mas na volta do barco é que sente, sempre, sempre e sempre, o quanto deixou de cumprir …

ETA ESTADO …

… incontrolável de indecisão, que cria este vazio no peito, que sufoca, às vezes parece que queima, inflama, uma chama ardente e sempre crescente que parece brotar das entranhas e querer transformar tudo em lama.

NESTAS HORAS …

… o que se quer é o isolamento. Fugir de tudo. Sumir do mundo. Se embrenhar na escuridão. Viver só no topo da montanha. Virar natureza pura. Mas a roda viva é estranha, tacanha, te joga no fundo do poço. E aí, ainda sempre aparece alguém para tirar o poço. E das profundezas de um vazio intenso, um vácuo destruidor, é preciso buscar energia, tirar força do atrito dos neurônios para pelo menos reagir e não ser atropelado pelas ações que teimam em te impelir para uma realidade que você quer fugir.

FATOS, …

… ações, reações, atitudes, gestos, movimentos, tudo parece acontecer em câmara lenta. Sem significado, sem conteúdo, sem importância. É como se tudo corresse à margem. Como se a vida passasse como um riacho e você num galho de uma árvore, absorto, ausente, distante. Como se a vida tivesse a mesma importância de um canal de esgoto que corre para poluir os rios e, ao depois, o mar.

APENAS …

… observando, de longe, através da luneta, das caretas, o que se sente é que o ópio do povo, mesmo imposto, a contragosto, acabou resistindo.

O NOSSO, …

… carnaval de rua, um dos últimos a ser exterminado em nossa região, conseguiu sobreviver mais um ano, mesmo com a intransigência de uma medida imposta goela abaixo, típica de momentos temerosos, de se tirar das praças Matriz e Rui Barbosa, que são do povo, como o céu é do avião e passar para um lugar distante, fechado, que não tem nada a ver com a folia do reinado de Momo.

RESISTIU …

… pela vontade dos foliões de manter a tradição e não serviu como aprovação desta mudança draconiana de um governo que tem tudo pra ser democrático e parece dar seus primeiro passos rumo às decisões de alguns, não dos interessados, mas de uns e outros, ou só de um, quem sabe.

AGORA É …

… esperar que sirva de lição. O turista vai pra praça, não vai pra recinto. O povo chega mais fácil às praças, pois elas estão na região central e não no recinto, fora de mão.

MUDANÇAS …

… são sempre bem vindas, mas quando estudadas, pensadas e repensadas, para melhorar as coisas para o povo, para o contribuinte, para a população, não para satisfazer os beicinhos de quem quer impor apenas uma opinião.

É PRECISO …

… ouvir mais e impor menos. Quando se discute com a maioria, mesmo que tudo saia errado, apenas os erros serão notados, nunca as decisões.

TUDO MUITO …

… organizado, palco muito bem montado, mas não chamou a atenção. O povo não se submete aos caprichos deste ou daquele. Mesmo quando é pra viver dias de folia, o chamado ópio do povo, não dá pra conceder como se fossem migalhas da elite para os borra-botas. E não adianta criar uma realidade imaginária, uma cidade virtual como Eugênio tentou e não conseguiu. Embora a realidade não exista, a verdade seja fruto da imaginação de cada um, cada um tem a sua. Cada cabeça uma sentença.

CLARO …

… quem leu “Como começar uma revolução?” ou algum dos outros 20 livros traduzidos em mais de 30 idiomas com receitas didáticas para derrubar governos sem pegar em armas, do filósofo e professor emérito de Ciência Política da Universidade de Massachusetts, Dartmouth, Gene Sharp, ou mesmo leu alguma coisa sobre o ministro da propaganda de Hitler, Paul Joseph Goebbels, sabe que uma mentira repetida diversas vezes acaba se tornando verdade. E, mesmo, que a mídia, hoje composta também, pelos Faces e Whats da vida, cria realidades virtuais que podem ser compradas pela maioria.

DÁ NOJO …

… ver os penas compradas defendendo reforma da previdência sem falar em nenhum instante no que provocou o rombo (se é que ele existe), sem detalhar a própria previdência, apenas evidenciando a necessidade de o povo pagar o pato sempre.

DÁ NOJO …

… ver os penas compradas defendendo reforma do ensino que não foi discutida nem com alunos e nem com professores, mas imposta goela abaixo por um desgoverno que está mais perdido do que cachorro abandonado em canavial (aliás, outra coisa horrenda que vem ocorrendo com desalmados olimpienses).

E POR AÍ …

… vai … mas também tem o velho ditado que mesmo em tempos de tecnologia avançada continua valendo: não dá pra enganar a todos o tempo todo. A própria internet hoje é uma faca de dois gumes, pois ao mesmo tempo que serve aos ditadores, também destrói os reacionários (aliás, no sentido social, reacionário é aquele que não quer a evolução, a melhora da sociedade, a evolução do ser humano, e estes estão em toda parte, entre pobres e ricos, entre direita e esquerda).

MAS, …

… sempre é hora de decidir qual o rumo tomar. Ser igual aos outros ou ser melhor que os outros. E não é preciso seguir os exemplos que aí estão. Sempre se pode inovar.

 

José Salamargo – sentado a beira de um caminho que não tem mais fim. Meu olhar se perde na poeira desta estrada triste. Tenta se voltar para dentro, para buscar um novo rumo, visualizar o que se é, o que é preciso para cumprir o grande princípio: “é preciso saber viver”. Mas como? O que fazer? O que ser? Qual realidade enxergar? Qual o rumo tomar? Mas a triste notícia que ninguém entende é uma só: só você pode vislumbrar e decidir você pra você. Você decide!

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