23 de agosto | 2015

Estranhos e estrangeiros no Fefol?

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Willian Zanolli

Este último Festival do Folclore foi, sem sobra de dúvidas, uma lástima; lógico que no entendimento dos que o desorganizaram foi um sucesso.

O Folclore vem de um tempo dando mostras de que está despencando em termos de público e presença de grupos e este ano, em que pese considerações acerca das dificuldades que possam estar havendo em termos de buscar verbas públicas, não houve criatividade para se superar este problema que não é recente.

Foi algo meia boca em se comparando com muitos festivais que já tivemos, mesmo se comparado com o do ano passado, que era coincidentemente ano eleitoral, ficamos diante de uma festa empobrecida em muitos aspectos e que definha a olhos vistos.

Isto era algo esperado, e quem percebeu a sutileza exposta no esforço despendido o ano passado para recepcionar aves do bico longo e coloridas de populismo por conta de eleições entendeu quase tudo.

Pode ser que no ano que vem, tomara, sendo ano eleitoral, o festival de mais uma respirada, tome fôlego, coisa comum nos que estão morrendo, reação da morte.

Tomara que não também, somos olimpienses e deveríamos todos se rebelar contra esta política que coloca em segundo plano uma festa que já colocou a cidade em destaque por conta deste festejo.

Deveríamos exigir das autoridades mais responsabilidade, mais comprometimento com o festival, o que não vem de maneira alguma ocorrendo.

Finda esta primeira parte, este festival culminou com uma questão bastante folclórica que mostra bem o desnível que toma conta de certas discussões por aqui.

A responsável, ou que se toma por responsável pela organização do folclore, que contrariando o folclorista falecido trouxe à cidade o Fifol, que seria tipo um xerox de uma festa das nações, teve neste último festival uma reação típica dos últimos dias do professor.

Explico, o professor nos seus últimos dias reclamava que esta internacio­nalização do folclore trazida pela agora substituta de seus trabalhos iria destruir o folclore nacional, visto que na comparação os representantes pátrios eram mais pobres e menos estilizados, falando de forma simplista e a grosso modo.

E previa que diante das dificuldades que uma festa enfrentava para ser realizada dificilmente as duas sobreviveriam e como folclore internacional tinha maior receptividade da elite colonizada local que é chegada a um estrangeirismo e vocacionada a um preconceito, dificilmente o folclore nacional resistiria.

Algumas palavras e leituras são minhas, e não imputem ao falecido professor, que deve estar vibrando que tenha sobrado este defensor de sua obra.

Pois bem, tudo indica que o nacional, antes de tudo um forte, vem resistindo aos europeísmos, com garra, vibração, mas cede, infelizmente, como cedia nos tempos do professor, às dificuldades impostas financeiramente pelo poder público.

Este último, ampliadas estas dificuldades, como já evidenciamos a festa foi menor, no final, como no início dos festejos, a organizadora dos sepultados festivais internacionais, e dos nacionais, alertou para o risco da presença de estranhos e estrangeiros no Festival do Folclore que podem levar ao seu final.

A mensagem enigmática deixa subentendido que alguém estranho, ou estrangeiro quer tomar a frente da organização, possivelmente no seu lugar.

Disputa pelo poder é algo perfeitamente normal, só não é normal e soa estranho e estrangeiro além de bem folclórico o alerta da responsável pela festa.

Afinal, não foi ela mesma que organizou a vinda dos estranhos e estrangeiros para Olímpia contrariando a época o organizador dos Festivais?

Por que novos estranhos e estrangeiros podem causar mais estragos a um festival que sabidamente perdeu suas características principais e caminha para o esgotamento?

O que poderia fazer em termos de recuperação de público, ou de diminuição de interesse pelo festival, novos estranhos e estrangeiros que já não tenha sido feito e que não tenha resultado na fracassada tentativa de adicionar novidades ao que deveria louvar as tradições?

Ultima pergunta que se dividirão em três:

Como pode ser reconhecida como bem sucedida uma festa levada a efeito em uma cidade turística com mais de cinquenta mil habitantes que tenha sido frequentada em uma semana por sessenta mil pessoas?

Se cada habitante tivesse ido dois dias seguidos na festa, que durou uma semana, cinquenta vezes dois não daria cem mil frequentadores?

Se nem os habitantes foram dois dias seguidos na festa, que tinha portões abertos, mas não tinha atrativos, como ela pode ser bem sucedida?

Com a resposta quem tiver disposto a responder. Abraços aos estranhos e estrangeiros e boa festa no ano que vem.

 Willian A. Zanolli é ar­­tista plástico, tendo ilustrado vários anuários do Festival Nacional do Folclore, jornalista, estudante de Direito, pode ser lido no www.willianzanol­li.­blo­gs­pot.com e ouvido de segunda, quar­ta, quin­tas e sextas-feiras, das 11h30 às 13h­00 no jornal Cidade em Des­taque na Rádio Cidade FM 98.7.

 

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