23 de junho | 2013

Geninho, não te contaram que o movimento é contra a corrupção?

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“Vamos organizar o ato dos prefeitos, onde já se viu 75% dos impostos ficarem com o governo federal e os prefeitos mendigando com o Pires na mão pedindo esmolas em Brasília. As prefeituras já não suportam mais os custeios da saúde publica, Dona Dilma não reajusta a tabela do SUS há 1 década, as prefeituras estão gastando quase 30% em saúde e mais 27% em Educação mais Social, Esporte, Cultura, agricultura, industria, Comércio, Lazer, manutenção das áreas verdes, recapeamento, merenda, uniformes, áreas para casas populares. Novo Pacto Federativo Já. Ninguém aguenta mais. Já esta marcado dia 9 de julho marcha dos prefeitos a Brasília. Ninguém mora na União ou no estado, todos moram nos municípios, é aqui que estão os problemas”. Eugênio José Zuliani no Facebook.

 

Willian A. Zanolli

Bom, gente, o país ferveu do Oiapoque ao Chui; foi gente pras ruas que não acabava mais; fiquei e até meio preocupado que os fardas verdes, os gorilas, estivessem afim de voltar a ocupar o trono na capital federal.

Sei que isto não é mais possível, muito embora a ideia circule na cabeça de uns seres menos pensantes que acreditam em tudo e não conseguem observar que o guerrilheiro Carlos Lamarca, que deu um trabalhão danado para os milicos corruptos e assassinos de 64, fugiu da sede do exército de Quitaúna com uma perua Kombi carregada até o meio de armas obsoletas.

E fez uma revolução com aquilo.

Bom mencionar que, embora houvesse corruptos do exército defendendo a ditadura militar, havia gente séria fardada contrária às práticas delituosas levadas a efeito com a chancela do Estado que teria de proteger o cidadão e a livre manifestação do pensamento.

Pois bem, o que Lamarca levou de armas do exército para fazer revolução contra os ditadores de 64 é encontrada aos milhares em qualquer favela mixuruca por ai, e armas mesmo, não aquelas sobras da Guerra Mundial.

Portanto, pensar em volta de militares em um país em que o crime organizado de dentro da cadeia consegue dar ordens e parar grandes capitais, conseguem punir exemplarmente seus comandados e o Estado se mostra incompetente para punir o crime por menor que seja, é não conseguir visualizar o mundo ao redor.

Em suma, é estar tão louco que nem se tem consciência da própria loucura.

E a prova está ai nas manifestações de rua que ocorreram pelo país afora e que apenas sinalizam para a preocupação com o aparecimento de algum salvador oportunista da pátria, como foi Collor de Mello que, ao invés de colocar os trilhos nos eixos, acabe por des­carrilá-lo de vez.

As manifestações no conjunto foram válidas, legítimas, embora o foco de algumas delas demonstrem que as lideranças estão além de desinformadas acerca do básico em uma democracia, um distanciamento entre a pretensão e o pretendido.

Estão atribuindo poderes extremos ao poder central e retirando poderes de quem verdadeiramente deveria exercê-los.

Um exemplo claro disto por exemplo é entre outros o caso da PEC 37 que retiraria poderes de investigação do Ministério Público, que seria da responsabilidade do poder Legislativo já que ele tem a prerrogativa de votar a PEC.

Computemos a este e outro equívoco a pouca idade da moçada, falta de participação político partidário, o que é saudável, e foi sentido nas manifestações, até por que o conjunto de partidos demonstram representar muito mal a população, senão, não haveria o movimento.

O que chamou minha a atenção, até pelo meu espírito crítico, foi o senso oportunista da mídia controlada pela oposição ao governo, e ai residiu um pouco da minha preocupação.

O Movimento Passe Livre, não tem nada de novo, nada de recente, apenas teve a felicidade de neste momento de insatisfação contar com o apoio da população, e lógico, não sejamos hipócritas, com a conivência da mídia a favor do desgaste do governo atual que necessitava de uma bandeira para seus parceiros.

Para isto basta ver a mudança de discurso que iniciou colocando a moçada na condição de baderneiros e depois foi se amoldando a ideia do movimento pacifista.

Sem contar a incorporação de pautas convenientes as suas vontades que inicialmente não constavam das reivindicações, e que, verdade seja dita, estavam na insatisfação da maioria.

E daí de movimento do passe livre a fiscalizador do preço superfaturado dos estádios ao combate a corrupção foi um pulo.

Tudo isto estimulado pela mídia que gosta de fazer a cabecinha das pessoas, as que foram expulsas do movimento, as que só colocam aquilo que o patrão gosta.

No bojo destes oportunismos, eu entendi como aberração e populismo dos mais chãs e baratos foi o cometido pelo prefeito Eugênio José.

Tive de rir, porque ninguém é de ferro.

No meu facebook, o Geninho, o ex Super Homem, avisando que iria fazer, me parece, se não estão falhos meus neurônios, uma marcha de prefeitos a Brasília para pedir dinheiro para investir na Saúde, pois deve entender ele e outros prefeitos que a crise é meio culpa inteira do governo federal.

Aí, tive de dar uma risadinha, parece que não contaram pra ele que o momento não é propicio para pedir verbas, que entre as várias bandeiras do movimento que ganhou as ruas uma das mais impactantes é a que quer acabar com a corrupção.

Tudo bem que ele vai explicar no Ministério Público Federal aquelas quinze aberturas de inquérito, fora a reprovação do Tribunal de Contas e outras que por acaso instale o Ministério Público Estadual.

Ele, Geninho, em entrevista falou que irá explicar e creio que vá, embora o número de investigações permita vislumbrar que haverá dificuldades, que irá quando convocado a falar esclarecer as dúvidas.

Por enquanto, no entanto, enquanto não chega lá no homem da capa preta e explica que os irmãos Scamatti estavam brigados e por isto participaram da licitação, que houve benéficos para o município, que isto tudo não passa de intriga da oposição, e outros eteceteras, fica infelizmente no rol dos sob suspeição.

 O que não significa que possa ser considerado culpado de nada.

Agora, se a Dilma, que não tem quinze investigações contra si e seu governo, não há nenhuma, ao que tudo indica, e cuida de um país que arrecada e gasta trilhões, eu vejo no facebook do que o pessoal chama ela, nem vou repetir que tenho vergonha.

Imagina o que o pessoal não deve pensar de alguém que tem quinze averiguações e cuida de uma única cidade, mesmo que de forma injusta, pensam.

E ai no meio de uma voçoroca, os extremistas querendo capar corruptos, querendo ver pra onde rolou o dinheiro público, chamando a presidenta e quase todos os políticos de corruptos e exigindo o fim da corrupção a qualquer custo e o alcaide “encalacrado” no último querendo ir pedir mais dinheiro.

Tive de dar uma risadinha, agora que já estou voltando para a linha do equilíbrio, seria aconselhável que se evitasse esta marcha cívica dos prefeitos em prol da saúde pública, melhor pedir para os deputados que ajudaram a eleger que votem a favor de distribuir a renda do pré sal para a Saúde e para a Educação.

Acho, entendo, que esta fórmula funcione de forma mais eficaz e expõe menos.

Se bem que lá no fundo, para ser sincero, acho que foi só oportunismo do Eugênio visando gastar a imagem da Dilma para beneficiar a performance eleitoral de seu grupo nas eleições que se aproxima; não pode haver seriedade em sua proposta até por que se sabe que o problema da Saúde é muito mais de gestão que de falta de verbas e aqui, então, onde a Oscip tem um custo de serviços elevadíssimos…falaremos disto noutra ocasião.

Se não foi por oportunismo, se foi só para queimar a Dilma, cujo governo premiou com tantas verbas o governo de Eugênio, e cuja Polícia Federal o premiou com uma investigação, exatamente para saber o destino dado as verbas, o moço, falhou e feio.

O momento não é de reivindicar verbas Eugênio, o momento, Eugênio, é de justificar o que foi feito com as verbas que vieram, que agora o combate é contra a corrupção, e a ampliação de verbas sem que se encontre meios mais eficientes de fiscalização pode permitir exatamente o aumento dela.

A Dilma não vai querer gente nas ruas, e nem você, que viu a bandeira da sua campanha ser chamuscada, vai querer. Cai a ficha você pode estar meio feio na foto. 

Uma coisa de cada vez, o momento é de combate a corrupção, se não der para ajudar pelo menos não atrapalhe.

Willian A. Zanolli é artista plástico e jornalista e está achando que tem muita gente que neste movimento jogou gasolina fingindo que queria apagar o fogo e acabou bem chamuscado. E fechando o fecho éclair, tem muita gente com medo de perder o foro privilegiado. E cadeia não foi feita pra cachorro, e se sempre é tempo de aprender, então aprenda a latir logo que há canis bem confortáveis por ai.

 

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