08 de março | 2015

Ladrão puxa-saco e tiririca um fiapo escondido no torrão faiz a peste vicejá …

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Willian Zanolli

Hoje a aula será sobre a dependência e a independência que, ao final do texto, não será nem uma coisa nem outra, nem aula.

Notemos que não se trata daquele grito dado às margens do Ipiranga pelo D. Pedro, montado em seu burrico em momento de extrema dor de barriga, o que gerou, além do desconforto com flatulências e necessidades de se encontrar com urgência um matinho acolhedor, suspeição na oposição da época que o grito Independência ou morte, pode ter muito mais manifestações intestinais do que se pode imaginar.

Dependentes do estrangeiro, continuamos como antes e agora, depois do grito, e as cagadas e os burricos se ampliam aos milhares pela vida pública como é fácil perceber sem necessidades de muitos neurônios pen­santes, mesmo nas cabeças en­feitadas pelo que é próprio do Boi Bandido.

Por falar em Boi Bandido, saberá o bandido ir além daquilo que permite suas patas? Ou apenas ciscará terra às voltas para atemorizar os que temem o pelego sujo, imundo e corrupto do poder?

Há por ai e até já lembramos aqui destas almas mortas que se vendem pelo nada, um terreno, uma promessa, um emprego, e desnudam a toda gente a canalha, a gentalha que é seu dono, que compra o que nada vale e demonstra valer tão pouco ou nada por se assemelhar a ele.

Sim, lembro-me mais ou menos, de ter feito menção a micróbios, vermes, parasitas, que se encostam a árvores podres que vicejam no parque dos poderes e começam a se achar a castanheira que enfeita a bandeira do Líbano.

Falamos, mesmo que não mereçam a tinta gasta na impressão, nem o tempo gasto deste que tem todo tempo do mundo, mesmo assim falamos.

E falamos para que toda gente soubesse da existência desta sub­es­pécie, destes ratos que se fantasiam de homens, e passam até a acreditar que são.

Falamos para que as novas gerações se atentem para o quanto se corromperam os bons costumes, lixos e dejetos que tomam formatos de autoridades e detêm o mando e o poder em suas mãos.

Falamos dos podres, dos que roubam, dos salafrários, dos prostituídos, dos corruptos, dos venais, de toda gente velhaca e sórdida que o poder abriga e agora repetimos.

Só que hoje dedicaremos filosoficamente aos puxa-sacos, as tiriricas, o principal do nosso desabafo, por que ser vendido, como ração para cachorro, lata de sardinha, tripa de frango para pesca de pacu ou papel higiênico, parece pouco para esta gente pobre de espírito público e de moral, que precisam ba­jular.

Ai passa parte da vida falando, fulano é bandido, fulano é ladrão, e parecem convencidos que acreditam nisto, e como o fulano é bandido e como o fulano é ladrão mesmo, é fácil acreditar nas afirmações do tipo zero.

Depois, o bandido, o ladrão, convoca o cabra sem vergonha para fazer parte do bando, da quadrilha, ai, o pulha, o desonesto, o safado, o sem palavra, quer que as pessoas desacreditem do que ele falava antes, e passem a acreditar na bajulação, na puxação de saco do depois da compra, do depois do negócio fraudulento e ilícito, na bajulação, na puxa­ção de saco que veio depois.

Aí, quem passa a não prestar na boca do que não vale nada é quem dava créditos ao seu desabafo em relação ao bandido que conseguiu com­prá-lo a preço de banana.

Estes posicionamentos, despojados de bom senso e de respeito humano, são amostras da permanência no relacionamento comunitário de uma espécie de erva daninha.

Algo danado, difícil de ser erradicado.

São posturas imorais, nos casos citados, envolvendo desvio de dinheiro, corrupção ativa e passiva, suborno, meta­dinha, que costumam medrar insidiosamente no relacionamento político país afora.

 São que nem grama tiririca.

Aquela graminha incômoda que, no versejar roceiro, de um autor talentoso, cujo nome neste momento me escapa, “a gente pode arrancá, virá de raiz pro ar, mas quá!, um fiapo escondido no torrão faiz a peste vicejá…”

 

Willian A. Zanolli é ar­tista plástico, jornalista, estudante de Direito, pode ser lido no www.willian za nolli.blogspot.com e ouvido de segunda, quarta e quinta-feira, das 11h30 as 13h00 no jornal Cidade em Destaque na Rádio Cidade FM 98.7 Mhz. E, aos domingos, das 10h00 as 12h00 no programa Sarau da Cidade.

 

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