07 de janeiro | 2013
Mais uma criança morta, de quem é a culpa?
Do Conselho Editorial.
As últimas semanas, a título do que vem ocorrendo há meses, há anos, o atendimento precário na área de saúde, ao que tudo indica, fabricou mais algumas situações de dor para participar da série infindável de absurdos que não se solucionam.
Acidentes de trânsito com diagnósticos confusos, turistas que ficam horas a fio na UPA a espera de atendimento, casos que foram relativizadas na UPA e Santa Casa, cujas gravidades são constatadas por médicos em consultas particulares, situações cotidianas que se transformaram em tragédias para famílias para as quais não se encontra explicação.
Este o quadro por demais divulgado nos jornais, emissoras de rádio, blogs locais, televisão regional e discutida por ouvintes e pelos envolvidos e que colocam em desassossego a população e os visitantes que precisam de atendimento hospitalar.
O histórico do caos é negado a extensão máxima do que pode a irresponsabilidade pelos gestores públicos, cuja incompetência faz perfumaria e não ataca a questão central que é a incapacidade de gerenciamento e o desconhecimento das necessidades do setor ligado ao populismo e fisiologismo que incha a máquina pública mas não lhe confere dinâmica moderna e eficaz de funcionamento.
Desta vez o que está chocando a sociedade, entre outros casos, o de uma menina de apenas quatro anos de idade, cuja família reside em Guaíra, que morreu na Santa Casa local no início da noite da quarta-feira desta semana, dia 2, por volta das 18h39, aproximadamente cinco horas depois de ter sido salva de afogamento em uma piscina de um rancho à margem do Rio Turvo, no bairro rural São Benedito, no município de Olímpia.
De acordo com as informações divulgadas, reproduzidas aqui, o caso foi registrado na Delegacia de Polícia de Olímpia onde foi instaurado inquérito para apurar morte suspeita e as eventuais responsabilidades.
O que se sabe é que a menina Richelly Carina Jacomassi Ciriaco Simões, de quatro anos, residente em Guaíra, passava férias com a avó, Maria Creuza da Silva Jacomassi, na companhia de um irmão de seis anos e de uma prima, de 13 anos, na Chácara Recanto dos Anjos, no bairro rural São Benedito do Turvo.
O quase afogamento, segundo consta no boletim de ocorrência registrado pela Polícia Militar, teria acontecido no início da tarde da quarta-feira, por volta das 13h30. Entretanto, em razão da dificuldade de comunicação por telefone com o Corpo de Bombeiros, não houve possibilidade de um pedido de socorro.
Por causa disso os primeiros socorros foram prestados por pessoas que residem na vizinhança que atenderam a solicitação de socorro da prima, que tem 13 anos, que conseguiu retirar Richelly de dentro da água. Os vizinhos conseguiram reanimar a menina e a levaram para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde a menina deu entrada por volta das 14 horas.
Segundo o relato de Maria Cristina da Silva, que é vizinha do rancho e participou do salvamento da criança, Richelly chegou à UPA com sinais vitais, chorando e se debatendo e chegou a vomitar, inclusive.
O socorro foi prestado depois de a prima perceber a ausência da vítima e encontrou Rackelly desacordada dentro da piscina com aproximadamente 1,40 metros de profundidade.
Consta que por volta das 16 horas, depois de aproximadamente duas horas em observação na UPA, o estado de saúde da menina teria piorado e ela teria sido levada à Santa Casa, onde entrou em óbito por volta das 18h30.
Estas referências seriam mais que suficientes para se suspeitar que o atendimento não tenha ocorrido de forma correta, principalmente para o leigo que dificilmente entenderá que se conseguiu recuperar alguém que tenha se afogado e que horas depois de ter demonstrado que estava bem e com sinais demonstrativos de recuperação plena tenha vindo a óbito.
Morreu depois de passar pela UPA e encaminhada a Santa Casa à menina, estranhamente, para quem desconhece o que pode ter ocorrido do ponto de vista do atendimento médico, que possa ter mudado tão drasticamente o quadro que parecia de normalidade.
A Secretaria de Saúde de Olímpia, tirando da reta, encaminhou solicitação de esclarecimento e direito de resposta ao Blogao oficial, referente fato ocorrido na Unidade de Pronto Atendimento – UPA 24H de Olímpia, em questão ao atendimento e posterior óbito da paciente R.J.C.S, de 04 anos, 06 meses e 20 dias de idade, na Santa Casa de Misericórdia de Olímpia.
“Para referidos esclarecimentos, informamos que a mesma paciente, acima referida, deu entrada nesta UPA às 15h13 do dia 2 de janeiro, sendo prontamente assistida pela pediatra Solange Aparecida Cabrelli, CRM-SP 102.274, onde foi notado comportamento agitado e assustado da paciente, com parâmetros de FC (frequência cardíaca) e oxigenação estáveis, sendo realizada medicação e estabilização, solicitados exames necessários para avaliação completa de quadro clínico, devida a gravidade do acidente ocorrido, e deficiência de informações sobre o tempo de permanência na piscina, relatados pela avó.
“A permanência da paciente nesta unidade, desde seu acolhimento até encaminhamento para realização de tomografia, totalizando um tempo de 1h15, dando saída às 16h28. Durante o percurso percorrido para a realização do exame, a paciente apresentou vomito e cianose, sendo diretamente encaminhada à Santa Casa de Misericórdia de Olímpia, onde, infelizmente, veio a óbito.
“Informamos que todos os dados acima relatados foram coletados através de gravações de nosso sistema de monitoramento e relato dos envolvidos no caso, e que as causas e circunstancias que levaram ao óbito só poderão ser esclarecidas pela Santa Casa de Misericórdia de Olímpia, através de seus representantes.
Portanto, por enquanto, pelo direito de resposta e esclarecimento que não esclarece, como sempre, coisa alguma, a não ser que a questão do óbito só poderá ser esclarecida pela Santa Casa.
Começa por ai, como sempre, o tradicional jogo de empurra empurra, que corre o risco de terminar como todas a tragédias ocorridas tendo como pano de fundo atendimento médico possivelmente precário, sendo culpabilizada a família, a criança ou talvez mudem o roteiro e culpabilizem a piscina.
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