04 de fevereiro | 2013

Muito mato, muito lixo

Compartilhe:

“Partido político é um agrupamento de cidadãos para defesa abstrata de princípios e elevação concreta de alguns cidadãos”.
Carlos Drummond de Andrade

 

Willian A. Zanolli
Inicialmente, cabe-nos o dever de informar que voltamos, que o Coelho, carinhoso, como sempre, ligou agradecendo, embora não houvesse a necessidade, e já aproveitou que estávamos ali no “pareio” celular para informar que a Samba sem Compromisso, este ano, vai ensaiar, ou já começou o ensaio, no Resort, não declinou o nome por falta de crédito, ou por outro motivo que desconheço, imagino que seja no Tuti Resort.

 

Chegou no Thermas já vai ouvir o som contagiante da Samba Sem, não tem erro, todo mundo lá.
 

Sambar tira a urucubaca, o stress, a sensação de estar indo para o beleléu, além de ser afro e disíaco, como “o diria” o grande e saudoso Delapita.
 

A coisa é místico musical, primeiro o recado do Fernando Monzani, mais conhecido como Coelho, que lembra um bicho peludo que gosta de mato, e a pauta, o assunto de hoje será agradável aos coelhos.
 

Os bichinhos gostam de mato, o outro gosta muito é de samba, e de matar umas geladas no final da tarde, se vier um churrasquinho de coelho, do outro, do comedor de matos, o “home come” também.
 

Então, apareceu um cidadão aqui na porta do jornal, entre tantos outros que a gente encontra pela rua, para pedir a mesma coisa, falar do mato, dos buracos, do abandono que se encontra a cidade.
 

Não vamos citar nomes, que são tantos, só vamos falar que o sambista não se inclui na lista dos queixosos de buracos e matos, só foi o cosmos que enviou ele para iniciar o assunto.
 

O mato, falemos do mato, e dos buracos, realmente neste período chuvoso eles se acumulam, aumentam, e a cidade fica mesmo com este ar de abandono.
 

Compreensível, explicável, só que vamos aqui, não por chatice, nem ranhetice, nem por oposicionismo barato, lembrar que no ano eleitoral também choveu, tanto quanto quase todos os anos, e os buracos na hora que o pessoal reclamava na rádio eram fechados em segundos, e o mato cortava um miudinho com as roçadeiras geniais.
 

Quem me falou isto, ainda me perguntou se eu lembrava; fui obrigado a falar que estava tão envolvido no período eleitoral com o importante projeto de um minhocário no fundo do meu quintal que nem percebi a paisagem local.
 

Isto para não aumentar a indignação do camarada, que falou que tem um buraco na rua dele que permite se comunicar com Osaka, no Japão, sem celular, e o mato, está tão alto lá no bairro dele que a hora que forem cortar vão ter de pedir permissão pro Ibama, já virou Mata Atlântida.
 

Pessoal é meio Zé Geraldo, ampliam, aumentam, eu ouço, faço cara de tonto, de desentendido, digo das minhas preocupações existenciais, o minhocário, a tosse da minha cachorrinha Ginger, a orelha inflamada do gato, e o pessoal vai lembrando de ruas esburacadas, de quintais florestas, de calçadas intransitáveis pelo lixo.
 

No primeiro mandato dele, no início, lembram?, caiação de guia, máquinas capinando, ajardinando, tapando buraco, agora nadaaaa, tudo abandonado, a cidade está um lixo.
 

Eu ali, ouvindo, depois pego meu bólido, o possante, disposto a conferir a bagaça, e vou dar uma”bisoiada” por ai.
 

Genteeee, o povo tem razão, muito mato, muito lixo, coisa está feia, está abandonado no último grau.
 

Não pode falar que é falta de dinheiro por que cargo comissionado tem mais que tiririca, brota aos montes todo final de semana na Imprensa Oficial, aumento de salário pra todo mundo que é capa preta, só os descamisados foram esquecidos como sempre.
 

Ué, se fala que tem não sei quantos milhões no caixa por que a cidade está neste abandono? Falta de disposição, falta de vontade, incompetência, ou está castigando o povo por pura vontade de demonstrar depois que é a solução para tudo?
 

Sei não, andei algumas ruas da periferia e senti que o povo de menor poder aquisitivo foi totalmente esquecido pela velha atual administração neste inicio de continuidade de desgoverno, tem lugar que o mato pode se dizer, oferece riscos ao cidadão, escorpião, cobras, sem contar que pode virar esconderijo de drogas e bandidos, que estão ocultando o fruto de seus crimes até em escolas.
 

Prefeito Geninho, o povo tem medo de falar pra você, mais fala pra nós, e nós não ganhamos a fortuna que você ganha para cuidar da cidade.
 

Então arregaçando as mangas, mãos as obras, por que no primeiro mandato, agora lembro bem, a situação da cidade não era esta e muito menos no período eleitoral, então está provado que se tiver vontade e dinheiro dá para fazer, faz.
 

Dinheiro, você mesmo, Geninho, anunciou que está sobrando no caixa da viúva, o que demonstra que pode estar faltando vontade, razão pela qual sobra muito buraco e muito mato.
 

Colocada a queixa da população, que também reclama da falta de médicos na rede pública, de remédios, assunto que falaremos em outro dia, que agora estou preocupado com a casinha para a futura construção de ninho de algum passarinho que se encante pelo meu jardim.
 

Sempre há coisas mais importantes que se preocupar do que com a incompetência administrativa que é um mal secular do poder administrativo que nunca se resolve e sempre se amplia.


“O cofre do banco contém apenas dinheiro. Frustar-se-a quem pensar que nele encontrará riqueza”.
Carlos Drummond de Andrade


 Willian Zanolli é artista plástico, jornalista e neste artigo se solidariza com a dor da família de Jéferson Roberto do Prado, amigo de infância e de peladas no Brejinho, companheiro que vai deste planeta mas fica gravado na saudade como a eterna ausência que está sempre presente enquanto lembrança de bons momentos.

Compartilhe:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do iFolha; a responsabilidade é do autor da mensagem.

Você deve se logar no site para enviar um comentário. Clique aqui e faça o login!

Ainda não tem nenhum comentário para esse post. Seja o primeiro a comentar!

Mais lidas