03 de maio | 2015

O 1º de Maio Dia do Trabalho escrito com sangue no Paraná

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Do Conselho Editorial
Em todo o Brasil, por mais que se tente esconder ou mesmo maquiar a realidade, negar os absurdos, eles existem e estão ai a ser discutidos anos após anos sem ter ao menos a visualização de uma solução para alguns deles.

Hoje é dia do trabalho, ou do trabalhador, como acharem melhor, e os dois trabalhos e trabalhador no centro de uma grande crise econômica que vai se demonstrando no horizonte tem muito mais para se queixar do que para comemorar.

Algo que já estava meio esquecido da memória dos brasileiros, os grandes movimentos grevistas começam a tomar formas, criar corpo e musculatura para ir a rua lutar com direitos que vêm sendo ameaçados nas mais diversas frentes, governos federal e estadual, Assembleias, Senados.

Hora em que as mais diversas categorias conclamadas pelas suas lideranças atentam ao que poderá ser prejudicial aos profissionais em atividade no tocante a exclusão de direitos conquistados com muita luta, sangue e suor e vão às ruas tentar reverter o quadro que poderá retirar de seus bolsos valores relativamente consideráveis, principalmente por serem mal remunerados.

Uma das mais sofridas categorias e a de maior importância para o reconhecimento do nível de cultura de uma nação, a que educa a todos, a que informa, cria senso crítico, forma cidadãos, reduzida a salários aviltantes, não poderia deixar de ganhar o espaço das ruas para lutar contra a intenção de supressão de alguns de seus direitos.

No Estado do Paraná, comandado pelo governador Beto Richa, do PSDB, os professores foram às ruas para reivindicar entre outras coisas que não fossem votadas mudanças no seu plano previdenciário, através de lei que altera a fonte de pagamento de cerca de 30 mil beneficiários do Fundo Previdenciário.

Com as mudanças na Paraná previdência, o governo do Paraná, comandado por Beto Richa do PSDB deixa de pagar sozinho as aposentadorias e repassa parte da conta para os servidores, já que o fundo é composto de recursos do executivo e do funcionalismo.

Em suma o projeto retira dos cofres da previdência valores altíssimos que seriam repassados aos cofres do governo sobrando para o professorado e para os aposentados o pagamento da manobra.

Os professores foram às ruas e o que se viu foi lamentável, foi mais que uma tragédia, uma vergonhosa lição de autoritarismo, violência, truculência, deboche, cinismo e demonstração do quanto ficou covarde e vil a classe política brasileira.

Cenas que não foram vivenciadas na ditadura militar e que circulam na internet simplesmente colocam na condição de abjetos e vis tanto o governador do Paraná, Beto Richa do PSDB, quanto seu secretariado que vibrou com as cenas de violência que filmavam, quanto aqueles infelizes deputados da assembleia daquele estado, que votaram favorável ao projeto demonstravam indiferença aos lamentáveis acontecimentos.

Há que se remendar o texto para informar que os deputados que não demonstravam indiferença foram, contrariando o estado democrático de direito, impedidos de intervir para que o confronto da Policia Militar fosse interrompido, com casos até de deputado mordido por cão Pitt Bull da policia.

A Polícia Militar, em que pese algumas exceções, encontradas entre os que se insurgiram contra as despropositadas ordens do comando e se negaram a espancar professores desarmados de forma covarde, foram presos e correm o risco de ser expulsos da corporação, se mostra cada vez menos eficaz e mais violenta e cruel, produzindo a antítese do que deveria ser.

Em pleno terceiro milênio, depois de muitos combates e lutas aguerridas para se conquistar a liberdade e a tão sonhada democracia, este momento ímpar e assustador que não encontra paralelo com os mais virulentos do período militar, que mais parecia um aparato de guerra, envolvendo helicópteros jogando perigosamente bombas de gás na população e voando baixo para derrubar barracas, cães Pitt Bull, transformando os arredores da Assembleia em uma praça de guerra, onde se ouvia apenas o barulho das armas de um lado.

Dentro da Assembleia, o presidente da casa, Ademar Trajano (PSDB), em declaração digna de quem lidera o Estado Islâmico, disse: “O que ocorre lá fora não é problema dessa Assembleia”. Mas que cínicos não se cansam, “ Não há bomba na Assembleia, a sessão tem que continuar”.

Mais de duzentos professores feridos por dentro e por fora, ensanguentados, magoados, e as manchetes dos jornais evidenciando que neste país os que ensinam todos indistintamente civismo, respeito, cidadania, valores de amor a pátria e a sociedade, recebem do Estado que teria por missão ampará-los e protegê-los, balas, bombas de gás, cães e incompreensão.

Este primeiro de Maio, que como tantos outros poderia ser escrito com luta e reivindicações da classe operária, foi escrito com a tinta vermelha do sangue dos professores que como toda gente provida de bom senso deve estar dando nota zero para truculenta Polícia Militar, deputados que endossaram o absurdo, secretários de Estado e para o tirano Beto Hitler, que voa na contramão da história e envergonha nossa nação.

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