21 de fevereiro | 2016

O autoritarismo e seus símbolos

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Do Conselho Editorial

A vida é composta, entre outras coisas, de símbolos e significados e a política, parte importante do viver em sociedade, explora os conteúdos expressos nesta realidade para se expressar.

Através deles, os seres humanos identificam em que pensamento ou ideologia estão atrelados os atores políticos e que tipo de ações pretende explorar quando instalados no poder.

E assim temos as várias composições do pensamento humano dispersas nas mais variadas correntes políticas, que vão dos defensores da ditadura ao anarquismo.

Capitalistas, socialistas, comunistas, humanistas, preservacionistas, neoliberais, místicos, antidemocratas, democratas, republicanos, nazistas, fascistas, cada um com seu discurso e bandeira des­fraldada tentando convencer e atrair as massas a ser simpáticas ao que pregam.

Algumas destas correntes, mesmo divergindo da existência do Estado como ora se apresenta, como é o caso dos anarquistas, no Brasil, por incoerência, alguns deles acabam indiretamente aceitando a presença dele, Estado, quando se manifestam através do voto.

 E da mesma maneira, os comunistas quando endossam as eleições e dela participam enquanto pos­tu­lantes a cargo de mando ou de legisladores, de certa maneira referendam o capitalismo selvagem e indicam com sua presença na disputa eleitoral que ele, capitalismo, pode dar certo se bem administrado.

Esta incoerência oculta dos discursos tem um significado/ significância que remete a ideia de complexidade ou de não amadurecimento da pretensão do autor da confusa tratativa que ora advoga ou outro universo e postula na prática a manutenção da mesmice, ou a invasão dos espaços de poder visando destroçá-los por dentro.

Estas as divergências dos que se alinham aos pensamentos radicais que atuam para modificar as coisas na essência, na raiz.

O conflito dos que se embebedam do poder, embora se dê entre correntes divergentes acaba fluindo para a mesma direção com ponto de vistas diferenciados.

Quando se trata de direita, centro e esquerda, no Brasil é necessário avaliar a posição de cada um pelos discursos, (símbolos) e pelas atitudes, (significados) com que se dirigem à população.

A direita representada, maioria das vezes, salvo as exceções instaladas na direita dita civilizada, pela truculência e pelo autoritarismo vivenciados de forma triste e sombria na ditadura militar, oprime e cerceia a manifestação do pensamento contrário para se manter no poder.

Tenta suprimir opiniões contrárias a si e não convive com o discurso dos diferentes segmentos da sociedade que sempre foram oprimidos, em suma, falam aos interesses da elite dominante.

O centro é entreguista e atua como servil capacho do poder internacional. Visa o desmonte do Estado para beneficiar a iniciativa privada e, na sua política lesa pátria, entrega ao preço de bananas todo patrimônio nacional.

O discurso, porém, é de modernismo e de implantação do Estado enxuto que funciona. No poder, provou que sua capacidade de governança é incapaz de produzir os resultados positivos que seu choque de gestão se compromete, no discurso, a trazer ao país, estados ou cidades sob seu comando.

A esquerda, sensata ou radical, diverge entre si em razão das várias correntes abrigadas em vários partidos que falam linguagens totalmente diferentes que suas utopias prometem.

Assim sendo, há “esquerdopatas” perdidos nos anos sessenta e outros além do mundo previsto por Aldoux Huxlei, Admirável Mundo Novo; George Orwell, 1984; ou Ray Bradburry em Farenheit 541.

No poder, se lambuzaram e quase se mataram através do fogo amigo, trouxeram desilusões à população por conta do divórcio que houve entre o discurso da austeridade que pregavam e a realidade que se provou totalmente distante e divorciada daquilo que se levou a maioria a crer e endossar.

A realidade chocante entre as várias correntes aqui analisadas é que elas apenas convergem, apenas coincidem seus discursos e a possibilidade de seus resultados neste período que ora começa e que terminará nas urnas.

Quase todos, estando ou não no poder, se esforçam para neutralizar o poder da mídia imparcial. Todos se incomodam com as críticas e se esforçam para diminuir a gravidade de fatos publicados nos jornais e nos meios de comunicação, adjetivando, menosprezando, não reconhecendo a importância da mídia que desvela o universo de corrupção e desmando que criaram no país.

Se no poder, a grande maioria cria aparelhos midiáticos caríssimos e em grande quantidade, pago por dinheiro público para divulgar suas ações como se estas ações fossem fruto de seu desejo pessoal e não da obrigação de governar para e pelo bem do povo.

E aparecem nas páginas sociais como se fossem super-heróis saídos da ilha da fantasia mostrando aos internautas que só eles, somente eles serão capazes de tornar em paraíso o inferno que fabricaram.

 

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