01 de maio | 2017

O Brasil parou. O governo Temer acabou?

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Do Conselho Editorial

O governo Temer, quando se instalou, trazia expectativas nada realistas de que a simples troca do governante bastaria para que as questões econômicas fossem resolvidas em um passe de mágica.

Infelizmente a cultura secular de golpes levados a efeito no Brasil desde a implantação da República, que foi o primeiro dos golpes, dado na monarquia por Marechal Floriano que nem esquentou a cadeira direito e já levou golpe do Marechal Deodoro, conseguiu fazer o povo entender que as questões que a  nação enfrenta são mais profundas que a simples troca de nomes.

O golpe mais recente acenava com mudanças rápidas e que colocariam o Brasil no eixo em um mundo em que a economia mundial está se desmanchando.

Só que, no bojo do discurso, havia a discussão do combate a corrupção que existiu desde sempre e foi desvelada na sua completude mostrando ser uma medusa de milhares de monstruosas cabeças.

Michel Temer, que nunca andou em boas companhias, no olho do furacão, no meio da tempestade que varria o país dos hipócritas e dos canalhas, conseguiu nomear para ministérios importantes o que havia de pior entre os piores quadros que o cercava.

Grande parte dos ministros foram denunciados na Lava Jato e o próprio Temer teve seu nome citado nas investigações um monte de vezes.

Com a caça as bruxas em alta, a classe política desmoralizada, sobrando poucos que ainda não foram denunciados por envolvimento em corrup­ção, o governo de Temer, para agradar o empresariado, tira da cartola algumas reformas que, se aprovadas, conduzirá o país de volta ao passado, ao século XVII.

A reforma trabalhista aprovada pela Câmara, com muitas mudanças por si só já deixará, se aprovada pelo Senado, o trabalhador em uma condição de extrema fragilidade no que toca aos seus direitos.

Com mais de treze milhões de desempregados, falar em terceirização, promover a criminosa pejotização do trabalho é de uma insanidade que não encontra sucedâneo em lugar algum do mundo.

Grande parte dos trabalhadores serão demitidos e terão, caso queiram trabalhar, que montar uma empresa. PJ, de pessoa jurídica, daí o termo pejotização, que será contratada pelo mesmo patrão, que para diminuir custos vai diminuir os ganhos do trabalhador.

Quem continuar empregado vai ganhar só sobre as horas trabalhadas e não receberá pelo tempo que ficar a disposição da empresa, e este tempo será de doze horas.

As férias serão gozadas em três vezes a critério do patrão, sendo apenas obrigatório que numa destas três vezes o funcionário goze de quinze dias.

A maluquice de que mulher grávida poderá trabalhar em ambiente insalubre e outras, permitiram ver que tanto o governo Temer, quanto parte do empresariado brasileiro, não tem lógica humanista alguma e não está preparado para que o acordado entre as partes valha mais que o legislado, a parte hipossuficiente, frágil, o funcionário se tornará escravo.

Estas mudanças pretendidas e vendidas como um salto para a modernidade despertaram o povo brasileiro para a realidade e fizeram com que a maioria percebesse que a reforma trabalhista fundida à reforma previdenciária aumentaria significativamente o número de desempregados, destroçaria o mercado, inviabilizaria a própria previdência que prometem salvar.

Aumentando o número de desempregados diminui a arrecadação da previdência, a pejotização provocará dispensa em massa e contratação com salários aviltantes, diminuirá o consumo e o número de contratações.

Os contratados pelas terce­irizadas trabalharão alguns períodos e outros não, aumentando o número de anos para aposentadoria, somado ao tempo de contribuição, poucos operários conseguirão se aposentar no Brasil.

Sim, a modernização do mercado com a terceirização e a reforma da previdência, apenas manterão as vantagens do mercado e os benefícios pre­videnciários para os que têm rendas vultuosas e para os que cujos benefícios astronômicos, segundo estudos divulgados, são os que impactam a conta negativa da previdência.

Percebendo isto e atento, o povo foi as ruas no país inteiro e, por mais que governantes retrógrados e passadistas tentassem impedir, foi um espetáculo que deu bem a noção de insatisfação que o povo está em razão de mais esta conta que teria que pagar caso não manifestasse sua indignação.

Não houve ônibus e nem metrô grátis, não teve chamada de minuto a minuto na loura platinada, muito menos reportagem ao vivo, mas o povo esteve nas ruas aos milhares em quase todo território nacional.

Isto pode provar que as reformas que já não se sustentavam, dificilmente serão aprovadas da maneira como os políticos corruptos e os empresários irresponsáveis pretendem, e que passada a ressaca, se ouvidas as vozes das ruas, questionarão, diante da baixa aprovação do presidente nas pesquisas de opinião pública.

Se o Brasil parou, o governo Temer acabou?

 

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