02 de agosto | 2015

O comando da PM de Olímpia está ligada aos que não defendem o princípio da dignidade humana?

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Do Conselho Editorial

Causaram estranheza e constrangimento na sociedade local algumas questões levantadas na polêmica trazida à tona pelo blogueiro Leonardo Concon ao publicar no face material divulgado possivelmente por membros da Policia Militar local onde expunham a constrangimento algumas meninas e que foi alvo de matéria deste jornal.

Uma delas, o fato de o comandante do batalhão ter enviado antes direito de resposta a quase todos, ou todos, os órgãos de comunicação que mantém estreita relação com o poder executivo.

Não há como compreender duas pontas desta questão, que o comandante tenha gasto dinheiro da corporação, sem necessidade, para divulgar seu direito de resposta, ou que os jornais, que visam lucro, já que são comerciantes e vivem de anúncios, tenham publicado quase uma página inteira gratuitamente.

Principalmente se forem observadas as características corporativistas do Brasil, os jornais pela ótica do corporativismo, deveriam estar a defender a tese contrária a que estão defendendo pois esta depõe contra a liberdade de expressão, do livre pensamento e endossa práticas truculentas e de opressão.

Uma breve sapeada nas páginas dos jornalistas ligados ao Poder Executivo que deram guarida ao comandante, elucida parte desta questão, se mostram como defensores intransigentes de soluções fora do contexto civilizado que tenha amparo legal.

Entendem alguns deles, de forma explicita e outros de forma velada, que comportamentos distanciados daquilo que permite a ampla defesa e o contraditório e descamba pra selvageria são válidos e deveriam se contrapor a lei para que o pais fosse enfim o reduto da barbárie que eles sonham.

Por si este pensamento leva a dedução que pode existir ai a possibilidade de que tenham patrocinado este espetáculo burlesco, surreal e absurdo da publicação de direito de resposta em suas páginas por estarem, em pensamento, jornalistas retrógrados e comando truculento da PM local, em sintonia no tocante ao desrespeito ao princípio da dignidade humana.

Esta fusão destes pensamentos ultrapassados do comando da PM local e de parte da imprensa reducionista é que levaram ambas a falta de credibilidade, uma pela parcialidade vergonhosa que se avilta por mesquinharias e cargos e a outra pela ineficiência e excessos cometidos.

Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, de maio de 2015, que identificou as forças armadas, que alguns membros atuaram com extrema violência, como atuam certos setores da PM hoje, e que por isto já foi mal avaliada no passado, como a instituição de maior credibilidade do País.

Pela análise as forças armadas hoje possuem o índice de maior confiança entre as instituições públicas ou privadas do Brasil, com 68% de credibilidade.

 A imprensa, sem generalizar, com a contribuição dos venais e corrompidos amargava o quinto lugar com 40% e a polícia o sexto com 30%.

Pesquisa divulgada pela Folha de São Paulo realizada na última terça-feira (28) mostra que 62% dos moradores de cidades com mais de 100 mil habitantes têm medo de sofrer agressão da Polícia Militar.

O levantamento foi feito por encomenda do Fórum Brasileiro de segurança Pública, que reúne pesquisadores da área. Foram entrevistadas 1.037 pessoas em 84 municípios em todas as regiões do país. A margem de erro é de três pontos.

Em 2012, quando uma pesquisa semelhante foi feita, 48% dos entrevistados relataram esse temor. Naquele ano, porém, foram entrevistados moradores de cidades com 15 mil habitantes ou mais.

“A população sente que ou vai ser vítima do criminoso ou da própria corporação”, diz Renato Sérgio de Lima, professor da FGV e vice-presidente do Fórum.

Entre os que relatam ter medo da PM, a maioria são jovens, pobres, autodeclarados pretos e moradores do Nordeste.

Estes números que deveriam ser considerados pela corporação como alarmantes e demonstrativos de um crescimento significativo de descumprimento ao ordenamento jurídico por parte de membros da instituição em total discordância ao que diz respeito aos direitos humanos, ao contrário, parece que há um cabo de guerra dentro da corporação para ampliar este descumprimento legal e institucionalizá-lo.

Parece que pouco importa a alguns que este descrédito leve a falência moral do Estado, ou que seja a PM vista como covardemente truculenta apenas com os excluídos, atingindo seus extremos de violência apenas os ppps, as putas, os pretos e os pobres, enquanto se jogam nos braços do poder e a ele se atrela em busca de benesses, algumas vezes duvidosas, como se tem fartamente noticiado na mídia nacional.

No caso de Olímpia, importante salientar que esta vocação para o autoritarismo tem se evidenciado de forma recente, sendo vários os casos de abusos relatados na mídia por moradores da periferia.    

A Policia Militar que se quer, que se pretende como ideal, não é esta, e a busca deveria ser para que a mesma nos níveis federais, estaduais e municipais fossem uma instituição mais próxima da sociedade e que atenda em suas necessidades de segurança, e não fosse vista com temor como é vista hoje por grande parte da população e as pesquisas demonstram isto.

Se juntar ao que há de mais reacionário e ultrapassado na mídia voltada para benefícios individuais que drena recurso públicos para sobreviver, não irá de maneira alguma resgatar a credibilidade da Policia Militar local, contrário a isto poderá suscitar dúvidas de um possível atrelamento dela ao Poder Executivo.

Nada demais, se o objetivo for buscar ampliar o serviço de segurança prestado à população que de há muito tem deixado a desejar, se forem outros os motivos, necessário uma ação saneadora desta proximidade para conduzir comando e comandados ao que é o objetivo principal da PM, fornecer segurança sem cometer excessos.

O caminho, em que ela, Policia Militar, deveria pautar sua atuação é o do simples observar o cumprimento das leis e para isto há diretrizes claras traçadas através de séculos por legisladores com auxílio do povo e de juristas, basta comando eficiente, prático e responsável para que o que é correto se instale, e a exemplo da desacreditada forças armadas do tempo do final da ditadura, pode, a Policia Militar vir a ocupar lugar de destaque na opinião pública, superando a crise de descrédito atual.  

O começo da mudança pode estar no comando da PM de Olímpia se ligar mais aos que defendem princípios constitucionais, direitos humanos e o tão proclamado princípio da dignidade humana.

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