11 de agosto | 2019

O estigma de não gostar de pobres e a opção pela elite

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“A voz do povo pode não ser a voz de Deus, mas como a maioria do povo é pobre e pobre sempre é maioria, mesmo quando é conduzido, insuflado, pela repetição da construção de narrativas, de exteriorização de entendimentos, acaba ficando próximo da realidade”.

Mestre Baba Zen Aranes.

SE NÃO FOSSEM …

… tantos os comentários que grassaram principalmente pelo “Face­book” nos últimos meses, poder-se-ia dizer que este seria o resultado de um plano de marketing muito bem bolado por parte daqueles que não comungariam na cartilha do atual prefeito.

UM VERDADEIRO …

… e intrincado projeto de marketing, um verdadeiro jogo de xadrez, que poderia ter sido desenvolvido, por exemplo, pelo que poderia ser classificado, pelo menos há tempos atrás, como o antagonista, o outro lado da polarização de nossa política que sempre teve dois lados em uma mesma moeda, para criar o estigma de que o atual prefeito, por ter origem na elite local, não gosta de pobre, não governa para eles e teria nojo dos nossos descamisados.

SEMPRE TIVEMOS …

… dois grupos brigando pelo comando da cidade, mas ambos, situados à chamada direita, ou mesmo ao conservadorismo tupiniquim desta terra de coronéis que ainda não conseguiu instituir a abolição da escravatura e continua sendo dominada por uma classe média alta, que acredita ser a elite desta pobre cidade folclórica.

DESDE A …

… eleição de Fernando Cunha, filho da elite local, que foi estudar na capital e voltou mais de 40 anos depois enviado para ga­ran­tir o poder nas mãos dos “rentistas” por ordem do cacique que hoje está no segundo posto do Estado.

OCORRE …

… que desentendimentos, ou estratégias, fizeram com que a população acreditasse que a polarização local, ou seja, os dois lados do mesmo saco e compostos pela mesma farinha, estariam em luta constante, se digladiando, mesmo, estranhamente, misturando aliados e sempre parecendo orquestrar cada passo do futuro na calada da noite, longe dos olhos aflitos de uma população cada vez mais pobre e sem rumo.

SE FOI …

… fingimento ou não, a verdade é que essa possível encenação ou “brigui­nha de comadres” provocou uma situação inusitada possivelmente nunca antes vista na história desta terra de coronéis: mesmo com a imagem do atual mandatário estando totalmente manchada pelo estigma do nojo aos pobres, não surgiu nada de novo que pudesse, a pouco mais de um ano das próximas eleições, encenar um quadro pelo menos de renovação entre os próprios dois grupos pseudo antagonistas.

NEM UMA …

… terceira via deu as caras para poder fantasiar que uma disputa democrática poderia estar se afigurando no horizonte.

A NÃO SER …

… que os estrategistas estejam tentando investir suas forças no nosso “Ni­quinaro”, o político mais polêmico atualmente, sem formação e populista, que age pela intem­pes­ti­vidade e sem medir as consequências, mas que, com isso, está conseguindo ocupar um espaço de representação das classes menos favo­recidas com atitudes totalmente ques­tionáveis, mas que atingem o inconsciente destas camadas da so­cie­dade. Isto se também não for par­te da própria estratégia de não deixar que nada de novo apareça no front, já que é aliado do atual prefeito.

AO LONGO …

… destes últimos pouco mais de dois anos, foi tu­do sendo destruído, até mesmo aquele que, envergonhado, despiu a cor vermelha e cuspiu no prato com o qual se alimentou deste o seu nascimento político. Cooptado, foi exposto ao ridículo, assim como os que poderiam representar o novo e acabaram sucumbindo ao puxa-saquismo banal.

COM OS ÚLTIMOS …

… acontecimentos e os arrufos de “Niquinaro” anunciando que pode até se afastar de seu cacique que não consegue con­trolá-lo, poderia estar se configurando um opositor, mas que pode ser também contido na última hora se houver uma caixa de pan­dora que tenha o poder de colocar o cabresto na hora final.

COM A ORDEM …

… vinda de cima para que se não houver candidato em potencial do lado do império genial, que se faça a composição indicando um vice para o atual, corre-se o risco de se ter até candidatura única, ou mesmo que se coloque outro na disputa apenas para fantasiar a sua moralidade e para poder consagrar a vitória.

A GRANDE …

… verdade é que esta cidade nunca precisou tanto de gestão, de planejamento, de um governo real que governasse para todos e não só para alguns e, ao que parece, caminha para ficar tudo como dantes no quartel de Abrantes e a população tendo que engolir sem refresco alguém que ela mesmo ajudou a estigmatizar como o imperador da elite que odeia pobre, que fica longe do povo.

José Salamargo – se correr o bicho pega, se ficar o bicho come? Eis a questão? Talquei?

 

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