Brian Robert

Seu Fulano anda infeliz da vida, está desempregado. Seu Fulano é um homem bem apanhado, grisalho, magro, olhos castanhos, óculos um tanto empoeirados, barba meio rala, um sapato bem engraxado.

Seu fulano é um típico homem que podemos conhecer. Nada mais a apresentar. Um cidadão comum, como todos os outros. Seu Fulano não reclamava do seu último emprego, mas vivia se queixando dos colegas que não faziam tanto quanto ele.

Seu Fulano compra produtos sem registrar nota fiscal, Sonega impostos o quanto pode. Tem casa própria, mas disse ao funcionário do banco não ter, para conseguir participar de um programa do governo e concorrer a uma.

Seu Fulano perdeu a carteira de motorista recentemente. Ultrapassou o máximo de pontos permitido. Ainda assim, percorre por ai com seu carrinho de classe média pela cidade. Seu Fulano contorna as blitz, afinal, como está com a CNH suspensa, toda a documentação do carro também está atrasada; licenciamento, multas, IPVA. Ainda para piorar, toma duas cervejas por dia no bar de um amigo. Pega o carro e sai. “Eu nunca sofri um acidente na vida, e a bebida me ajuda a firmar o pulso. Essa coisa de que a bebida ajuda a dirigir não passa de abobrinha!”.

Seu Fulano é pai de uma linda menina. Na verdade, uma moça. Posso deduzir que essa moça tenha já uns treze anos de idade.

Que isso! – Resmunga Seu Fulano- Ela tem treze sim, mas digo que tem onze para que ela não pague uma passagem de lotação até o centro. Com sua filha, Seu Fulano ainda recebe mais um auxilio que o governo dá para que ele alimente sua filha. Ele usa esse dinheiro para passear no Shopping, na cidade logo ao lado.

Seu Fulano vai todos os meses até seu médico de confiança. Esse médico lhe concede um atestado médico, para que ele consiga com o mesmo se afastar e receber auxílio do governo para que ele não precise mais trabalhar- Assim, não tenho nenhum chefe para me dar ordens! – Conta vantagem Seu Fulano.

O preço da gasolina aumentou. “Mas que absurdo! Não sobra dinheiro para tomar aquela no Bar do Zé essa semana” – Indaga Seu Fulano. A cerveja aumentou de $1 para $2, mas o que importa para Seu Fulano é o aumento da gasolina.

Sabe a filha do Seu Fulano que falamos há pouco? Roupas de marca, daquelas mais caras, salão, cabelo, unhas sempre bem feitas. Cuidados como esse não importa o valor. A gente come arroz, feijão e um bifinho todos os dias. Treze anos, como dito antes, estuda no último ano do fundamental, mas não sabe resolver uma equação, ainda não sabe se “derepente” é tudo junto ou é “de repente” separado. A tabuada do oito? Nem sabe. Cabula aula o quanto pode, e nem ao menos se preocupa com as notas. O pai dela, Seu Fulano também não. Sabe por quê?

“Esses políticos são todos corruptos! Roubaram todo o nosso dinheiro! Queria ver se fosse aqui no meu lugar se eles iriam ser desonestos! – Afirmou nervoso Seu Fulano.

Seu Fulano? Seu Fulano pode ser eu. Pode ser você. Pode ser todos nós. SOMOS TODOS NÓS.

Brian Robert é Assistente financeiro, escritor, músico, amante da arte, pós graduado em Marketing e Turismo, graduado e técnico em Administração de empresas, tesoureiro e membro da Academia Olimpiense de Letras (AOL).