17 de junho | 2018

Tempo de Copa do Mundo na pátria das chuteiras

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Do Conselho Editorial

Começou a disputa pela Copa do Mundo que este ano está sendo realizada na Rússia.

Por incrível que possa parecer, pela primeira vez na história das copas, e talvez da participação do Brasil no evento, a maioria, de acordo com pesquisas publicadas na grande mídia, não demonstrou interesse pelo evento esportivo.

Este país que outrora enfeitava ruas e mentes com a ilusão de que um troféu conquistado por jogadores blindados com salários milionários trazia esperança e renovação, parece ter percebido que esta ideia era tão somente um anestésico para aliviar a dor daquilo que merecem ter e não tiveram.

Há, pela mídia e pelas redes sociais, várias abordagens buscando explicação para este distancia­mento, este esfriamento da relação do brasileiro com o futebol focado objetivamente ao desinteresse pelo campeonato mundial.

A abordagem mais veiculada e discutida invoca o momento econômico e a falta de disposição para as pessoas se jogarem por inteiro nas possíveis emoções ou aborrecimentos que a disputa poderá trazer.

Outra questão que se pondera é o envolvi­mento dos representantes e dirigentes do futebol brasileiro e mundial em várias transações nebulosas que remeteram alguns deles à prisão.

A mídia que faz a cobertura esportiva envolvida em escândalos que indiretamente remetem a sugestão de que os resultados podem ter sido resolvidos antes mesmo do início da disputa.

A própria divisão e escolha dos times nos grupos que irão disputar, para algumas pessoas é manipulada visando a permanência de alguns para que haja público.

Mesmo a escolha de alguns jogadores que são totalmente desconhecidos do grande público, por estarem jogando no exterior e cujas escalações parecem ser feitas para ampliar o valor econômico e consequente acréscimo no caixa de seus clubes, faz com que o torcedor não se sinta estimulado.

Afora estas questões, há quem aponte que o momento é para discutir coisas que obriguem e abrigue seriedade, o país está paralisado e com um crescente desemprego, com a volta da misera­bilidade, perda de direitos trabalhistas e ameaça da perda de direitos previdenciários.

Pode ser até que estas razões todas e outras mais se justifiquem, porém, se o time escalado der uma resposta positiva, a inércia e a aparente indiferença será rompida e o grito de alegria e falsa esperança ganhará as ruas e fará com que a maioria esqueça as atribulações do dia a dia e venha a festejar sua graça envolvida em desgraças que buscam um paliativo para disfarçar sua agonia.

No entanto, se ocorrer a tragédia do sete a um frente à seleção da Alemanha na última copa, é possível que o que não está bom piore e esta copa passará à história como algo a ser esquecido como foi a de 1950.

Independente das motivações pessoais políticas ou ideológicas que ora permeiam a desilusão do povo brasileiro em relação à Copa do Mundo, seria interessante que esta motivação voltasse e reacendesse o desejo de torcer e sonhar pelo Brasil.

Afinal, se tem tão pouco sonho, emoção, esperança, ilusão e amor pelas coisas da pátria de chuteiras, que perder mais este é se esvaziar mais um pouco e se perder pelos tortuosos caminhos que conduzem a sensação de felicidade.

 

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