03 de novembro | 2019

Um país à deriva sob o autoritarismo de Bolsonaro.

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Do Conselho Editorial

Depois de concluída as eleições, o natural seria que os eleitores simpatizantes de cada corrente, partido ou candidato, baixassem as armas e optassem para que o governo instalado conseguisse produzir o que pode haver de melhor para a vida em sociedade.

A oposição é própria das democracias e o exercício dela deve ter por tarefa fazer chegar ao poder os reclamos da parcela cujo candidato não se elegeu, as propostas dos excluídos, dos invisibilizados pelo sistema, as minorias e assim por diante.

Foi mais ou menos assim até a eleição em que o candidato Aécio Neves, do PSDB, derrotado e inconformado, decidiu inviabilizar o governo da candidata vencedora do pleito Dilma Rousseff.

Através de pautas bombas a oposição não permitiu que o governo colocasse projetos em votação e contribuiu para que a situação econômica, que já não era boa, por conta de erros da ex-presidente, foi empurrada para a borda do precipício.

Aproveitando o descalabro econômico alegando um instrumento legal entre aspas de convencimento e apelo popular que foram as famosas pedaladas fiscais, utilizadas por muitos governantes e que nunca deu em nada, golpearam a então presidenta impedindo-a de continuar seu mandato.

Assumiu Michel Temer que enfrentou várias denúncias de corrupção e seu governo foi travado pelos escândalos.

Neste ínterim, Aécio Neves, que se, ao invés de arquitetar um plano diabólica para desestabilizar o governo de seu concorrente, tivesse ido para a praia beber Coca-Cola seria eleito na próxima eleição, entrou no olho do furação e foi tragado pelas denúncias de corrupção.

Neste cenário de destruição das instituições e de nomes tradicionais da política nacional surgiu uma aberração a que ninguém, pela vulgaridade do vocabulário, agressividade, defesa de muita coisa que ofende ordenamento jurídico pátrio, permitiria visualizar a possibilidade de conseguir ser eleito presidente.

Com uma visão claramente fascista e antidemocrática, cercado com o que pode haver de pior no submundo do submundo, nomes do baixo clero da política, graduados do exército sem grande respeitabilidade na caserna, e falsos intelectuais que pregam absurdos e contam com o desprezo da nata da inteligência nacional, Jair Bolsonaro chegou ao poder.   

Com seus filhos, que mais parecem uma somatória dos Sobrinhos do Capitão em termos de molecagem e os Irmãos Metralhas em termos de envolvimento com o que pode haver de pior na vida política do pais, instalou-se no poder.

Do dia que assumiu até a presente data não há um projeto, um plano de governo para ser louvado ou que mereça consideração.

O país, com desculpa da expressão bolsonarista, virou um puteiro, uma espelunca de quinta categoria.

Difícil ou impossível o dia em que não haja um escândalo ou muito mais que este não seja criado pelo presidente, seus filhos e seu entorno.

Nunca houve, em tempo algum, uma presidência da república com tão baixo nível de representação e com um linguajar tão absurdamente chulo, medíocre, vulgar e desprovido de traços mínimos de inteligência.

Como desculpa pode se atribuir a aceitação cada vez menor de seu governo a questões culturais, falta de formação, caráter, vontade de levar vantagem em tudo e convivência pacifica e tolerante com a corrupção entranhada na alma do brasileiro.

Os escândalos atrelados aos incêndios na Amazônia e em outros estados, derrame de óleo no mar, truculência, ameaça a imprensa livre, utilização e aparelhamento da máquina pública, desgaste das instituições, tem afastados investimentos e conduzido empresários ao fechamento de suas industrias tanto pelo não aquecimento do mercado, quando pela insegurança jurídica.

No meio deste caos, não bastasse os excessos e exageros, Eduardo o quase embaixador dos hambúrgueres ameaçou com a volta da ditadura militar, através do famigerado A-I 5.

É impossível crer que o país vá sair do buraco diante de tanta imprecisão, tanto disparate, insensatez, burrice, má-fé e nenhum projeto de governo consistente.

Por mais que possa se desejar o melhor para o país, já passou da hora de perceber que um presidente que não consegue sequer pacificar seu partido, vá governar uma nação gigantesca e diversa como esta, conduzido pelas mãos e ausência de cérebro dos insensatos e malucos que o rodeia.

Por enquanto, sob o autoritarismo de Bolsonaro é apenas um país à deriva e dificilmente será outra coisa enquanto durar este desgoverno.

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