02 de maio | 2021

Arantes depõe no inquérito e afirma que suspeita de envolvimento de “negacionistas” no atentado à Folha

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DECLARAÇÕES NO INQUÉRITO!
Editor da Folha foi ouvido pelo Delegado
Marcelo Pupo de Paula no dia 27. Vídeos
mostram participação direta do Bombeiro
com o grupo dos negacionistas e advogado
que fazia campanha para
anunciantes cortarem
anúncios do jornal.

O jornalista José Antônio A­rantes (foto), editor desta Folha e do site iFolha e presidente da Associação que dirige a Rádio Ci­dade de Olím­pia, prestou de­poimento na terça-feira, 27, no inquérito aberto na Delegacia de Polícia local para a­purar o atentado terrorista o­corrido com a tentativa de des­truir através de incêndio o imóvel onde funciona o jornal e reside o profissional.

Entre outras coisas, o jornalista afirmou que acredita no envolvimento de pelo menos de parte dos “negacionistas” que vinham atacando ele e su­a filha e os veículos que dirigem dias antes do fato. Deixando claro que os fatos ocorridos levam a acreditar nesta tese, uma suspeita, o jornalista entregou ao delegado um pendrive contendo imagens de dezenas de “prin­ts” postados por estas pes­soas e de se­us comentários em grupo de Whats, a­lém dos vídeos, inclusive da manifestação ocorrida dois dias antes na praça Rui Barbosa.

Arantes contou que dias an­­tes dos fatos, passou a ser perseguido nas redes sociais por cidadãos comuns e empresários que se postavam contra qualquer medida adotada pelo governo e a favor da abertura do comércio.

Tudo começou quando a­nun­ciaram no programa que ancora junto com sua filha, Cidade em Destaque, pelo Yo­uTube e Facebook e é transmitido pela rádio cidade, a notícia de que um advogado e um comerciante estavam concla­mando os comerciantes da cidade a desrespeitarem as leis de contenção da pandemia.

ATAQUES INTENSOS

APÓS PUBLICAÇÃO

DE MATÉRIA

Os ataques se intensificaram principalmente depois que foi publicada matéria em 13 de março de 2021 com o titulo: “Advogado e empresário podem responder na justiça por terem endossado desobediência civil”, em que relatava que o advogado Luiz Car­los Rosa Junior e o comerciante Marcos Antonio Miani haviam sido representados no Ministério Público local por terem compartilhado nas redes sociais manifesto em favor da desobediência civil em relação aos decretos que visam combater a Covid 19.

A partir daí os veículos e os jornalistas passaram a sofrer por parte das duas pessoas citadas, às quais se juntaram o­utras, violenta campanha nas redes sociais para que não se anunciasse nos veículos de comunicação que dirige.

O jornalista contou que foram vários ataques sofridos principalmente pela internet, mas garantiu que continuou a não acreditar que algo pudesse acontecer em uma cidade pacata como a cidade em que havia nascido, crescido e que acredita deverá ser enterrado. Principalmente que alguém pudesse tentar tirar a sua vida, de sua netinha de 09 anos e de sua esposa.

Após o incêndio, principalmente os senhores Luiz Car­los Rosa Junior, Marcos Miani, e a senhora Fran­cislaine Za­na­ta chegaram a divulgar nas redes sociais que o incêndio poderia ter sido provocado pe­lo próprio jornalista.

BOMBEIRO FOI

PARAR NO

ESPÍRITO SANTO

Após o incêndio, no dia 24 de março, a família do Bombeiro Cláudio José Azevedo de Assis, o Cláudio Baia, a­nun­ciou nas redes sociais que o mesmo havia desaparecido no dia anterior.

Houve uma mobilização pe­la internet e meios de comunicação, inclusive os veículos que o depoente dirige, con­cla­mando a quem soubesse alguma informação sobre o paradeiro do bombeiro que a passasse para a família que estava desesperada e aflita para encontrá-lo.

Declara que a vida do incendiário era insuspeita e na­da indicava que um bombeiro municipal emprestado para a corporação Estadual local há várias décadas pudesse ter alguma coisa a ver com o incêndio criminoso.

Uma informação anônima, entretanto, deu conta de que o bombeiro poderia ter participado de um encontro fora do horário de trabalho normal com uma das pessoas que estavam atacando o jornalista, num local onde existe convenção para que as atividades se encerrem num determinado horário.

SUSPEITA PELA

AMIZADE DO

BOMBEIRO COM UM

DOS DETRATORES

DO JORNALISTA

Contou que, como esta pessoa mostrava todo o seu ódio contra o jornalista e seus veículos pelas redes sociais, começaram a suspeitar que o bombeiro que havia fugido, sendo amigo desta pessoa, tivesse alguma coisa a ver com a situação.

O bombeiro Cláudio José A­zevedo de Assis foi encontrado em Linhares, no Espírito Santo e trazido pela família para Olímpia e a polícia, autorizada pela família, ao fazer uma busca em sua casa, recolheu lá a moto, a mochila e o capacete e foi encontrado um vídeo de câmera de segurança onde ele aparece saindo de sua casa com a moto e mochila nas costas minutos antes do atentado.

Ele se apresentou e não foi pedida a sua preventiva. Ficou solto.

VÍDEOS

CORROBORAM

PARTICIPAÇÃO DE

BOMBEIRO NO GRUPO

DOS NEGACIONISTAS

Segundo o jornalista, um fato que corrobora a tese de amizade profunda entre o advogado Rosa e o bombeiro incendiário, está à mostra nos vídeos em que Claudio Baia, foi flagrado nas manifestações de desobediência civil, que ocorreram no dia 15 de março, dois dias antes do incêndio criminoso.

Dezenas de “negacionistas” de Olímpia conseguiram reunir funcionários e parentes para realizar uma manifestação na Praça Rui Barbosa, defronte o gabinete oficial do prefeito Fernando Cunha (que estava fechado devido à pandemia).

No dia, Claudio Baia se postava como se fora segurança do advogado Rosa e até participou de uma ameaça de a­gressão a um professor de his­tória, Ivair Augusto Ribeiro, que, inconformado com o protesto em pleno pior momento da pandemia, começou a gritar que os participantes eram fascistas.

O autor confesso apresentou laudos psicológicos tentando construir a tese de que teria agido em razão de um surto psicótico, ou em estado de insanidade momentânea em razão de sua situação de vida e por ter sido acometido e recuperado da Covid-19.

DOCUMENTOS

INCONSISTENTES

Estes documentos foram questionados e se mostraram inconsistentes, corroborando que a tese de insanidade era apenas uma jogada de seu advogado de defesa.

Ao que parece, após tentar sem sucesso no CAPS – órgão municipal especializado em atendimento psiquiátrico e a­té no hospital Bezerra de Me­nezes em São José do Rio Preto, o autor e seus possíveis as­seclas parece ter utilizado o grau de parentesco que tem com uma assistente social da UBS do Santa Ifigênia e conseguido um laudo assinado por uma psicóloga que nem estava trabalhando no dia e agora vai responder um processo administrativo em razão de tal ato.

Além da psicóloga da UBS onde se leva até mais de 90 dias para se marcar uma consulta ter assinado o laudo no mesmo dia em que não estava trabalhando (falta abonada) e a parenta de licença prêmio há 15 dias (o documento foi expedido no mesmo dia), tudo isso leva ao entendimento que o autor, estando solto, estaria trabalhando não só na construção, mas possivelmente na destruição de provas sobre o caso.

NÃO DÁ PARA

DESCARTAR

 SUSPEIÇÕES

A situação caminha para que não se possa descartar também as suspeições (e sus­peição não é condenação e nem julgamento) em torno de um grupo de negacionistas que apoiou o ódio contra o jornal, destacadamente, os senhores Luiz Carlos Rosa Ju­nior, Marcos Miani, a senhora Fran­cislaine Zanata, que podem ter alguns comerciantes como leque de apoio. Mesmo após os fatos os citados cidadãos continuaram sua campanha de difamação na internet contra o jornalista e o jornal estimulando mais ainda o ó­dio contra ambos.

O jornalista teme que a demora em se esclarecer se existiram outros partícipes deste verdadeiro atentado a liberdade de expressão e de imprensa confessado, e a não de­cretação da prisão preventiva do autor confesso, possibilitem o desaparecimento de provas  para mostrar a verdade real deste atentado à democracia e, ao final, o criminoso respondendo por incêndio, tenha o crime desclassificado para dano qualificado, cuja pena evitará que seja recolhido a qualquer presídio para cumprimento de sua pena.

Destaca o depoente que o autor confessou com todas as letras que o ataque foi por ca­usa das opiniões do jornalista e dos veículos que dirige. Este ponto esta escancarado na lei configurando o ataque a liberdade de imprensa e de expressão que são partes in­dis­sociáveis de qualquer regime democrático, como terrorismo, demonstrando o pensamento caótico anarquista do autor e ou autores.

NÃO DÁ PARA

ALEGAR QUE NÃO

SABIA QUE

EXISTIAM

PESSOAS NA CASA

Muito além disso, na verdade, não tem como um bombeiro de 25 anos de carreira em Olímpia, alegar que não sabia da existência de pessoas na casa onde o jornalista mora há décadas e que estava com luz do corredor acesa, configurando aí a tentativa de assassinato com várias quali­fi­cadoras, também não é possível descartar que o crime seja pelo menos enquadrado como atentado a liberdade de imprensa tipificado no artigo 20 da lei 7170/1983.

“Art. 20 – Devastar, saquear, extorquir, roubar, sequestrar, manter em cárcere privado, incendiar, depredar, provocar explosão, praticar atentado pessoal ou atos de terrorismo, por incon­formis­mo político ou para obtenção de fundos destinados à manutenção de organizações políticas clandestinas ou subversivas. Pena: reclusão, de 3 a 10 anos”.

O depoente também registrou, quanto aos prejuízos verificados, que na entrada da residência foram destruídos fios, tomadas, canaletas e lâmpadas, com custo estimado em R$ 1 mil; uma mesinha de bistrô no valor aproximado de R$ 600,00; vidros da porta de entrada da casa, R$ 400,00; brinquedos como bolas e carrinho, entre outros, além de chinelos e calçados que ficavam postados na entrada do local, estimados em mais R$ 600,00; uma maquininha de cartão de crédito no valor de R$ 400,00.

ATAQUE FRONTAL

 À DEMOCRACIA

Na porta do jornal e entrada do prédio (residência e redação), a cotação para recuperação da pintura nos moldes em que estava, segundo cotações feitas, deve custar em torno de R$ 5 mil.

No total, acredita-se que o prejuízo deverá superar os R$ 10 mil, que não podem ser suportados, tendo sido realizado até agora apenas o extremamente essencial, como conserto das portas e do sistema elétrico.

Por fim, deixou consignado que o que aconteceu em O­lím­pia é motivo de preocupação das principais entidades de defesa do jornalismo e da democracia, pois foi um crime frontal contra a liberdade de expressão e de imprensa que pode servir de exemplo para que o clima de intolerância e ódio, que vem crescendo no Brasil, saia das redes sociais e ganhe contornos diretos com outros atentados a outros veículos e até a qualquer um que discorde das ideias destes milhões de cidadãos que tiveram os olhos vendados pela incapacidade de reflexão e a verdadeira lavagem cerebral que sofrem diuturnamente através de Fake News que são disparadas aos milhões pela in­ternet.


 

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