24 de fevereiro | 2019

A ascensão dos violentos e da ignorância

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Do Conselho Editorial

Nada de novo no front que não seja o discurso da mesmice e o crescimento sem igual do discurso da violência e da valorização cada vez mais crescente da ignorância como se fora propósito do ser humano se transformar em uma ilha de total desconhecimento.

A prática da violência a­trelada a mais completa ignorância geralmente é perceptível quando o indivíduo entende, interpreta ou imagina que conta com uma porcentagem, por mínima que seja, de poder e busca através das ameaças, palavreado chulo, intimidações, impedir que se­us possíveis adversários se manifestem.

Sempre, desde que o homem é homem e que passou a viver em sociedade e estabeleceu regras de convívio social, propôs a criação de leis e métodos de coerção aos que transgredissem normas sociais, que a corrente menos iluminada vem fazendo seu cabo de guer­ra para restabelecer o império das som­bras.

Os movimentos políticos e a ascensão de várias lideranças com pensamentos retrógrados que se travestem de conservadores, vêm impondo pautas cada vez mais a­trasadas em alguns pontos do planeta.

Este fenômeno assustador que relembra o período tenebroso do nascimento e ascensão do nazismo, onde discursos que pareciam verdadeiros, carregados de ódio contra as minorias, foram se impondo e se transformaram no Holocausto, parece estar ressurgindo e conta com o apoio das massas.

Não se está falando aqui de coisas que ocorrem em outros planetas ou países, está se falando de uma on­da em que o pós-fato, “fa­ke news” ou a mentira, se impôs de tal maneira na sociedade que não se sabe qual a realidade e qual a invencionice.

Grande parte dos cidadãos comuns brasileiros, tal qual os cidadãos alemães do período nazista, parece apoiar as maiores barbaridades e atrocidades cometidas contra ele.

Não percebem que o sistema qual teia de aranha vai enredando em suas teias a maioria e transformado-as em vitimas futuras de suas câ­meras de gás, que no Brasil já mostra a face, substituída pelo extermínio nos morros cariocas e nos subúrbios das cidades brasileiras.

E o discurso de ódio das redes ganhou os par­la­men­tos e as ruas e começa a se ampliar no cres­­cente de homicídios, feminicídi­os, violência policial, crescimento do poder das milícias e da influência do trá­fico.

A ideia de que se é possível calar o outro pela intimidação, força bruta e me­do parece ser a tônica presente na vida pública brasileira e a visão de se fazer a lei pelas pró­prias mãos parece ter se transformado na máxima de cada um.

Perdeu-se a conhecida cordialidade do homem brasileiro, o respeito pelo outro, pelas instituições; quem grita mais alto, quem é mais hostil, estúpido, grosseiro, violento, rude, imbecil, galgou posições de autoridade e mando e distribui ignorância, desmando e desprezo pelo outro co­mo se esta fora a normalidade em u­ma sociedade que já se orgulhou de ser civilizada.

O terrível e preocupante é a constatação de que discursos abomináveis, com conteúdos criminosos, racistas, preconceituosos, incitação a violência, menosprezo a ordem e a lei são assimilados e aplaudidos por uma massa ignara, sem conteúdo, que parece querer voltar ao período das cavernas, tamanho o número de selvageria que propaga e aplaude.

País nenhum, cidade alguma será alguma coisa se o nível de suas autoridades, de seus representantes estiver abaixo da linha de crítica como parece estar grande parte delas esparramadas por este país.

Um país, um estado, ou uma cidade, governado por gente cujo nível de entendimento de sociedade está abaixo da linha de compreensão do que seja a construção de uma sociedade, que permite e a­pla­ude a ascensão dos violentos e da ignorância, poderá ser tudo, menos algo que possa ser repeitado pelo mundo civilizado.

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