13 de março | 2016

Das liberdades e das prisões

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Do Conselho Editorial

As situações que vêm sendo criadas desde a derrota de Aécio Neves nas últimas eleições transformaram o Brasil em um barril de pólvora.

Além disto, a Operação Lava Jato que apura corrupção praticada por agentes políticos e empresários tem contribuído para a paralisação da economia do país.

Debates que deveriam ser colocados na pauta do governo para enfrentamento da grave crise mundial que vai estendendo seus tentáculos sobre a nação estão sendo deixados de lado por que não há clima favorável nos parlamentos para suas aprovações.

Traduza-se clima por votos, visto que os políticos de oposição ao governo aliados à parte da base situacionista têm imposto derrotas fragorosas e enfiado goela abaixo da população projetos extremamente conservadores ou que ampliam os gastos públicos quando deveriam contê-los.

Tudo parte de uma estratégia que possa inviabilizar a atual presidente e seu mandato, com foco no ex-presidente metalúrgico cuja intenção é tirá-lo das eleições de 2018.

Desgatados, os presidentes do Senado e Câmara, atingidos em cheio em sua honra, se defendem de delações premiadas que deixam suas biografias manchadas por participação em esquemas corruptos contribuindo ainda mais, dependendo do momento e da denúncia com a asfixia do segundo mandato da presidente.

E levada às cordas, respirando por aparelhos, vai tentando a primeira mandatária da nação resistir a renúncia desejada por muitos e recusada por ela e o impeachment solicitado em bases jurídicas duvidosas e denúncias no Tribunal Superior Eleitoral que podem ou não definir o final do mandato de si e de seu vice.

Toda esta situação inalterada desde o dia da última eleição deu nefasta contribuição para o que era uma marolinha provocada mais pela mídia que pela realidade fosse se transformando neste violento dragão que ora consome as finanças do cidadão comum que sofre com o aumento da inflação e do desemprego.

Pessoas levadas as ruas sem nenhuma consciência do que lá estavam fazendo, sem ideologia ou desejo de mudanças explícitos em algum programa partidário exigiam a principio diminuição do preço de passagens de ônibus.

Sem noção de realidade ou senso critico foram conduzidas como rebanho pela mídia comprometida e parcial a pedir o afastamento da presidente da república sem que houvesse naquele momento algo que pudesse justificar o pedido.

E, a encontrar pedido que não se sustentaria com facilidade se olhado pela ótica do direito e não da política forçaram a ideia das pedaladas fiscais, que a maioria dos administradores, de certa forma utilizam, e que a maioria não compreende bem do que se trata, tratando o que até então parecia natural a todos como possível e grave ilicitude a ser severamente combatida.

Como o que não se compreende não se discute, a bola de neve foi crescendo juntamente com os movimentos de rua, a demonização da presidenta e a caçada impiedosa ao ex-presidente para que não dispute em 2018.

Neste cenário, a economia que se fragilizava em razão da circunstância mundial derreteu, o país parou e parado não vai a lugar algum senão às ruas protestar sem ao menos entender a razão real de suas insatisfações.

Esta semana que se finda e a que passou foram marcadas por acontecimentos que de muito eram esperados: a tão anunciada e nada desconhecida possível prisão do ex-metalúrgico por um motivo qualquer que foram procurando ao longo das investigações, que tudo indica, parece ter apenas este desejo, os acontecimentos paralelos são perfumarias,

A fragilidade da denúncia, segundo renomados juristas e pasmem, membros da oposição, produziu uma reação que não se esperava e nem se cogitava.

A situação combalida e entregue foi às ruas e reagiu ao golpe estrategicamente lançado, como maioria das vezes as portas de alguma manifestação, para, segundo cínicas palavras de líderes da situação para ajudar a levar mais gente nas ruas.

Ocorre que a hipocrisia e o cinismo contando com a impunidade e o não julgamento da opinião pública não tem limites.

A possível briga de vaidades da república de procuradores e juiz de Curitiba contra o trio de promotores de São Paulo, não satisfeitos com o reflexo negativo da condução coercitiva do ex-presidente, tentando, talvez, produzir mais material auxiliar às manifestações da direita de domingo, pediram a prisão do líder da situação.

E assim, com os principais líderes de situação e oposição Lula, Dilma, Aécio, alvos de delações premiadas e Fernando Henrique amargando revelações de alcova muito comprometedoras feitas por sua ex-amante, irá de novo o povo às ruas pedir combate a corrupção.

Pode parecer incoerência, mas é Brasil e neste país todos os absurdos têm cara de naturalidade, e assim vai se falindo aos poucos, quando seria preciso pedir para que inocentes não paguem pelos desejos de domínio e de poder de loucos e desvairados que não se conformam por ter perdido a eleição.

É mais fácil diante do quadro político que se tem, acreditar que a luta é muito mais por voltar ao poder do que por combate a corrupção por que no fundo, bem lá no fundo, se gritar pega ladrão, não sobra um meu irmão.

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