14 de julho | 2013

De bando e de bandidos

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Do Conselho Editorial
O Brasil, pais de maravilhas mil, tem no seu comando do Oiapoque ao Chuí, bandidos e bandos que vão se alternando em função da dinâmica que foi imprimida as disputas políticas e mesmo a própria sistemática de escolha de candidatos.

O pretendente a disputar uma vaga em qualquer instância de poder terá entre outros a que se submeter a um sistema de subjugação as questões partidárias, que geralmente não são ditadas pelos regimentos internos dos partidos e sim pelos caciques partidários.

Sim, o futuro candidato terá que adequar seu discurso aos interesses nem sempre decentes dos que estão à frente de maioria das siglas, senão não passará de simples filiado sem condição alguma de participar do pleito.

Conseguindo superar estas barreiras, outras serão impostas, entre elas o domínio de um reduto eleitoral que possibilite sua eleição, igreja, sindicato, associações, etc.

Maioria destas instituições, devidamente incorporadas a máxima que a corrupção não tem solução, invariavelmente apoiam exatamente aqueles que foram por elas “amestrados” para a defesa de corporativismos ou políticas de favorecimento geralmente vinculadas a sordidez implantada no nosso sistema de poder.

Vencido estes obstáculos o candidato, terá que enfiar a mão em vários bolsos para satisfazer a sede e a fome de um eleitorado ansioso por pagamento de contas de água a um churrasco de comemoração de aniversário para se eleger.

Eleito e corrompido em várias instâncias terá que cumprir promessas de campanha que vão desde o arranjar empregos para cabos eleitorais e eleitores até possibilitar falcatruas em licitações para beneficiar empresários que enfiaram a mão no bolso para custear a campanha, ou novos empresários que abriram uma boca de porco de mentirinha para jogar notas falsas no poder público.

Esta a maratona que percorre muita gente na política, alguns bastante conhecidos, que saem de uma miséria total para ficarem milionários antes até do final do mandato em que entraram devendo até as cuecas.

Há sim, partidos que pretendem seriedade.

Também há políticos que gostariam de um novo país respirando moralidade, pena que são poucos e geralmente excluídos dos quadros partidários em que ingressaram por divergirem de orientação da direção muitas vezes, ou maioria das vezes, nada condizente com o que divulgam enquanto meta pretendida de governança.

A maioria, de quem se fala, aqui, depois de percorrida a trajetória explanada que é bem mais longa do que o exposto, sentada no poder, de onde só larga o osso depois de bilionário e cansado, por vontade própria, como há uma imensidão de casos por ai, passam a crer na impunidade, e compram juízes e sentenças e arrastam processos indefinidamente até que prescrevam.

E elegem parentes e parentes para que se perpetue no Brasil a ideia de que a punição é apenas mais umas das muitas utopias criadas nas mentes inférteis de alguns sonhadores.

Um exemplo típico do que está escrito acima é o caso do Senado que é presidido por Renan Calheiros, cujo histórico em um país com noções reais de moralidade não estaria ocupando posto tão relevante, ou, estaria em desconfortável situação depois de julgadas suas ações, pode escolher o leitor, a melhor hipótese. 

Sendo um dos alvos das manifestações das ruas parece viver com a sensação de que está conseguindo ludibriar a opinião pública em função de algumas votações de algumas reivindicações que deram, na sua opinião, a ideia de se ter atendido o pretendido pelos manifestantes.

Uma das reivindicações das ruas é exatamente a saída dele da presidência do Senado, que foi solicitada, antes dos manifestos, através de abaixo-assinado que recolheu mais de 1,6 milhões de assinaturas.

No entanto, nos bastidores Calheiros deixa entender que a agenda positiva que ele montou para saciar o apetite das ruas está surtindo efeito.

Porém, basta um simples exemplo levado a público pelo Senador Jarbas Vasconcellos para se chegar à conclusão de que tudo verdadeiramente não passa de um engodo, de uma farsa. O projeto que tipifica o crime de corrupção como hediondo por si só não resolverá a questão da celeridade as punições, sendo que seria mais interessante oferecer meios que acelerassem a punição que arrumar, como arrumaram, uma tipificação pomposa para o crime.

O que levou as pessoas às ruas em principio foi o aumento abusivo do preço dos transportes coletivos e foi adicionado à paut,a, entre outras coisas, o combate a corrupção, que pela lógica só se dará com o fim da impunidade.

A discussão da necessidade de punição tem elevado o tom dos discursos dos mais diversos segmentos da sociedade, no entanto, por razões bastante conhecidas da sociedade, os políticos que foram eleitos em sua maioria por formas extremamente distorcidas e distantes daquilo que o bom senso recomendaria como ético, vai forçando para continuar tudo da maneira como sempre teve.

Imaginar que uma pretendida reforma política que não tocasse profundamente nas bases podres de um sistema falido poderia mudar a lógica perversa implantada é não ser razoável, principalmente quando se percebe que está havendo nos bastidores uma briga gigantesca contra um plebiscito que no máximo reformaria alguns institutos que não podem mais ser preservados e manteria outros inadequados que não entraram na pauta dos incômodos presentes.

A política brasileira é falha e se move por interesses que mais lesam a pátria que a faz engrandecer, e a presença de Renan Calheiros no Senado é representativa do voto da maioria dos senadores, cuja ausência de princípios, optou por alguém que se assemelhasse a eles em termos de conduta, da mesma forma que representam eleitores cuja noção de exigência de moralidade está expressa nos candidatos que escolhem.

 

 
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