13 de abril | 2014

De mafioso em mafioso a PF enche o balaio

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Do Conselho Editorial 

Esta semana a notícia de que o irmão do ex-secretário de Alckmin, deputado Federal Rodrigo Garcia, havia ganho uma Mercedes da máfia do ISS deixou os meios políticos locais alvoroçados.

A notícia cai exatamente no momento que o governo de Eugenio José Zuliani começa a ser investigado em inquérito proposto pelo Ministério Público Federal por possível participação na famosa e escandalosa Máfia do Asfalto.

As coincidências, não fossem a proximidade, carne e unha, que Geninho tem com Rodrigo Garcia, também investigado no caso dos desvios do Metrô, não teria nada demais, porém, a relação de proximidade, o exercício de mando da equipe ligada a Garcia na prefeitura local, faz crer em uma prática idêntica no que se relaciona a lidar com verbas públicas.

Acaba, no fim e no fundo, todos parecendo farinha do mesmo saco, é como se uma única máfia, com os mesmos propósitos e fins estivesse agindo no sistema operando em ações diferentes, ISS, Metrô, prefeituras, com a finalidade de levantar fundos do poder público em beneficio de si mesmo.

Se não foi isto, pelo menos o que se depreende até aqui das investigações, tanto o irmão de Rodrigo Garcia, o próprio deputado, e o prefeito de Olímpia, além de outros envolvidos, quase todos com laços de relação de amizade e negociais com o grupo, terão muitas dificuldades para provarem que focinho de porco não é tomada.

Os indícios, as indicativas, sinalizam para algo injustificável e que não poderia estar acontecendo com verbas e com homens públicos.

Se for comprovado o que se investigou e se investiga nosso guru genioso e o grupo que o cerca caminha para a extinção política.

A leitura dos sinais já dá breve demonstração de que há recuo no discurso autoritário e prepotente do grupo, que já se percebe esfarelando, caindo aos pedaços.

Aquela figura épica e produtora de mega eventos que outrora vestia a capa de Super Homem já se revela meio desnudo publicamente, abatido e abalado pelas circunstâncias que o envolvem.

Eugênio sabiamente se retirou do páreo para a disputa estadual, não será candidato a deputado, e tudo leva a crer que deve ter considerado que está em baixa sua popularidade, que não repetiria sua votação, que não alcançaria o número de votos necessários para se eleger, desistiu.

Outra razão, que se discute nos bastidores, caso arriscasse e não se elegesse, perderia o foro privilegiado, visto que não poderia voltar ao mandato de prefeito, e ai, sem mandato, todas as pendências jurídicas despencariam na sua cabeça.

Há uma lógica de que investigações adormecem a espera de investigações e conseqüente denúncia até o término do mandato, depois são despertadas, acordadas com ímpeto voraz pelo MP e pela Justiça, onde reina a idéia de que no mandato, além dos benefícios do poder, quem paga a conta costuma ser o contribuinte, depois, é mão no bolso, abandono, e sentença desfavorável.

Já Rodrigo Garcia, bem apessoado, cara de bom moço, sempre vaselina e vaselinado, o que parece que saiu do banho, em alta antes das denúncias, por ter sido blindado tinha em torno de si a aura da seriedade tão exigida pelo eleitorado que foi ás ruas, tinha tudo para ser vice na chapa de Alckmin.

Quem conhece o jogo político sabe que dificilmente Rodrigo Garcia, vivendo o momento que está vivendo, emplacará como vice de Geraldo.

Restará à disputa para deputado federal, onde entra como chá mate Leão, aquele que já vem queimado, contando contra si, que a maioria dos seus puxadores de voto tem estreita relação ou com as máfias, ou com os mafiosos, do ISS, do Asfalto, e de brinde leva a participação de Rodrigo no escândalo do metrô.

Se por um lado não interessa a Alckmin estar ligado a alguém envolvido no escândalo do Metrô para não ter de perder mais tempo justificando o escândalo que pedindo votos ou apresentando propostas, de outro, resta saber como irá se comportar o eleitorado que demonstra não estar disposto a endossar candidaturas duvidosas.

Se as avaliações no sentido da moralização da coisa pública estiverem carregadas de bom senso e desejo de transformação, o grupo de Rodrigo Garcia e Eugênio José terão dificuldades enormes para sobreviver, e se sobreviver dificilmente serão a força que foram e representaram, e a partir desta derrota, se houver, passarão a crer na existência de punição.

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