09 de novembro | 2014

De todos os abandonos, ou, chegou-se ao fundo do poço?.

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Do Conselho Editorial

Ás vezes, há dias assim, em que o cidadão coloca sua angústia desbotada e cansada de tantas guerras, que embora extremamente necessárias, parece que existem para provar a resistência de cada um dos envolvidos no processo de construção da sociedade, pendurada no varal para ganhar novos tons iluminados.

E ai como toda gente que gosta de gente de todas as cores, de todos os carinhos, de todas as formas de afeto, despido de suas vestes internas descoloridas, traça o caminho de volta pelas ruas que sua paciente vocação social o fez percorrer.

E como todo corpo composto por alma e coração, como toda mão que semeia, busca nos escaninhos de sua cansada mente os frutos produtos da incansável semeadura levada a efeito no dia a dia que os anos consumiram.

Olhar para trás e ver uma cidade, um estado, ou um país cada vez mais atolado em ondas de preconceito e ódio, angustia qualquer um, perceber que a luta contra a criminalidade e a corrupção está sendo perdida, e que os corruptos tem status de autoridade, que a impunidade prospera e a punição inexiste, deve cortar as entranhas de qualquer ser bem intencionado.

Imaginar que a ralé do pensamento amoral e antiético pode estar a determinar a lei que pune e a que confere privilégios a sórdidos cujo destino em razão do comportamento deveria ser as prisões, deve arder, ferir, sangrar.

Sonhar que crimes contra o patrimônio público se arrastam por anos a fio por corredores suntuosos de uma Justiça vergonhosamente lerda e conivente com a impunidade para depois de gastar vultosas quantias coma movimentação da máquina judiciária vão se acomodar nos braços da prescrição, pode tirar a calma e a paz de qualquer sonhador.

Imaginar que a lógica do voto comprado, permanente e viva em todas as eleições produz o corrupto que legisla e governa, e que corrompe o fornecedor, juiz, promotor, delegado, policial, vereador, deputado, senador deve abrir rios de lava quente na angustia dos utópicos.

Ouvir frases iguais a que justifica que só ganha a eleição quem gasta muito dinheiro, ou que ele rouba mais faz, que este país sempre foi assim e não muda, se você estivesse lá não seria diferente, mostrando o inconformismo e a índole corrupta de grande parte dos cidadãos deve ser como a sensação de uma Gillette cortando olho no centro.

Viver, sem ter atendimento de qualidade no serviço público essencial e saber que o dinheiro é desviado para máfias compostas por ratos que não tem nem a sofisticação de ao menos fingir que não ladrões do dinheiro público e exibem o desfalque dos cofres públicos em lindos carrões, viagens internacionais, belas roupas, comidas caras, bens em nome de laranjas, deve arranhar como se fora um arame farpado enfiado pela boca e extraído com força pelo brioco.  

E no seu divagar pensa em crianças e adolescentes sem educação qualificada, idosos no total abandono na rede de saúde, gente sem trabalho, sem perspectiva de melhorias na vida, enquanto os que deveriam prover estas necessidades nada mais fazem que torná-las distante por enfiar no bolso o dinheiro destinado a corrigir estas distorções, isto deve demolir toda e qualquer ilusão, ou sinal de esperança, que possa fazer morada na vocação de socializar melhorias para todos na parte interna dos do angustiado que pendura a angustia no varal imaginado que quarando possa ficar de novo branca como a paz que pretende ou colorida como o universo que anseia.

Vestir de novo seu espírito, alma e coração depois de sentar pensamentos em suas bem intencionadas pretensões sociais, pode fazer com que levante mais caído do que fora antes e volte menos quixotesco á batalha que se não está perdida pelo menos está a demonstrar que houve enormes baixas naquilo que deveria ser mais importante que tudo, o resgate moral dos homens públicos e das instituições.       

E quando isto acontece, até os sonhadores parecem ter certeza de que se chegou ao fundo do poço.

 

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