25 de novembro | 2012

Duvidosas prestações de contas eleitorais

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Do Conselho Editorial
Toda eleição é a mesma cantilena, no período pré-eleitoral é muito comum a argumentação de que só será bem sucedida a candidatura, tanto majoritária quanto proporcional, que tiver bala, capital, dinheiro para fazer campanha, para a compra de votos através de subterfúgios de corrupção.

 

Os entendidos não falam em pequenas quantias para quem postula uma cadeira no Legislativo e no Executivo poder chegar lá.
 

As cifras são altas, sendo que as cadeiras do Legislativo, segundo os matemáticos, são ocupadas pelos eleitos gastando valores que os salários de quatro anos não cobrem o investimento.
 

As despesas dos candidatos que se propõem a cuidar das questões executivas, pelo que se ouve, é algo astronômico se considerados os rendimentos da maioria da parcela da população.
 

Na campanha eleitoral, se observadas as manifestações de bondade dos candidatos que promovem churrascadas, abastecem veículos de eleitores, fornecem capacetes para mototaxistas, pagam contas de água, luz, cesarianas, remédios, conseguem consultas médicas, carros para levar pacientes em consultas em cidades diferentes das que estão disputando as eleições.
 

Pagam festa de aniversário e carteira ou renovação de carteira de motorista, construção de calçadas, muros, puxadinhos, banheiros etc.
 

Pode se concluir que o gasto deve ser elevado.
 

A lista de bondade é extensa e o leitor que vive neste país, que conhece a realidade desde criança, que está acostumado a ser contemplado com bondades nos três meses de campanha e contenção de despesa depois, sabe muito bem o que se está discutindo aqui.
 

Fora isto tem toda a papelada que exige técnicos preparados para cumprir as exigências da justiça eleitoral, advogado, contador, coisas que tem custo, tem preço.
 

Adicione-se a tudo isto, santinhos, cavaletes, carro de som, motorista, cabo eleitoral, locutor, homem de marketing, agência de propaganda, técnico em informática para atualizar sites, blogs, som para comício, caminhão para palanque, e por ai vai.
 

Não se colocou aqui o gasto com as famosas lideranças, os líderes de bairro, os pastores, padres, os religiosos que reformam igrejas e promovem quermesses com prendas saídas dos bolsos dos candidatos, os vendilhões do templo, cujo custo costuma não ser pequeno.
 

Tudo tem um custo em campanha. A maioria dos candidatos não consegue sair de um bar sem deixar a conta paga. Promovem rodeios, torneios de futebol, campeonato de bocha, truco, snooker, onde fornecem desde a estrutura para se levar o campeonato, as medalhas e o tradicional comes e bebes do final.  
 

Não se coloca aqui sola de sapatos ou tênis, que os candidatos costumam depois de eleitos afirmarem com uma convicção não verdadeira que pra se elegerem gastaram muita sola de sapato, o que não corresponde em termos reais a uma fagulhinha que seja do que gastaram de cédulas confeccionadas pelo Banco Central, não se justificando que se coloque sola de sapato como gasto de monta nas famigeradas prestações de contas.
 

Não haveria nada de contraditório se fosse colocada aqui a manifestação de muito dos eleitos que entendem que a condição primeira de sua eleição se deve a Deus, principalmente se for levado em consideração que a frase “Deus seja louvado”, está inscrita na nota de cem reais.
 

Infelizmente, não é o que a maioria diz quando vai retirar o salário. Para piorar, do sujeito que suborna o policial para não ser multado, ao cidadão que dá um “jeitinho” de enganar a Receita Federal, do corrupto que desvia verbas escolares, ao traficante que vende crack, todos usam cédulas que estampam um “Deus seja louvado”.
 

Chega a ser uma blasfêmia. Ou, no mínimo, uma situação bizarra.
 

Ocorre, que estas notas de cem reais, assim como as oncinhas e outras gastas durante o período eleitoral, nas campanhas milionárias, segundo a lenda urbana, não aparecem nas prestações de contas, por milagre desaparecem.
 

Qualquer leigo em contabilidade, qualquer cidadão que viva a realidade eleitoral brasileira sabe que são risíveis os gastos de campanha apresentados pela maioria dos candidatos em função do que foi demonstrado de poder de fogo financeiro durante o período eleitoral.
 

Isto não é uma prática que ocorre só por aqui, acontece em todo território nacional, e a justiça Eleitoral, maioria dos casos, aprova os absurdos apresentados como prestação de conta de campanha e a situação continua da forma como sempre foi.
 

A lenda urbana distribuindo que as campanhas são milionárias, e se não forem não há a mínima chance de eleição. Alguns candidatos eleitos ou não, provando, pelo menos no papel, que gastaram somas que não daria para comprar um tênis de marca para gastar sola, e a Justiça Eleitoral aprovando por não ter como provar que os conteúdos daquelas informações não são verídicos.
 

Alguma coisa tem que ser mudada e com urgência, pois a própria eleição, desta forma, apenas comprova que alguns espertos e mal intencionados cidadãos foram eleitos e o primeiro golpe que deram foi exatamente na Justiça, mostrando contas que não representam o que gastaram, com despesas infinitamente menores do que demonstraram que tiveram no período eleitoral.
 

O cômico nisto tudo é que no exercício do mandato a maioria superfatura tudo que faz, e neste caso também, só o fazem por acreditarem na impunidade e na ausência da justiça que muitas vezes endossa até o que sabe que não tem como ser verdadeiro, caso de algumas prestações de contas que pode ter tudo em suas justificativas, menos a verdade.

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