07 de abril | 2019

Folha da Região 39 anos de jornalismo, utopias e esperanças

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Do Conselho Editorial

Em um país em que grande parcela da população é conservadora e reacionária e começa a valorizar uma pauta de costumes recheada de preconceitos e visão passadista, trabalhar com a informação, com a notícia é uma grande e perigosa aventura.

Vão se ampliando nas pequenas cidades e Olím­pia não fica fora deste espectro, núcleos reacionários que se juntam a fanáticos religiosos e vão forçando na vida social e política discussões que se imaginava sepultadas no final do século dezoito.

O nível de polarização aliado ao esvaziamento de discussões com conteúdos que valorizem a busca por soluções na construção de uma sociedade mais justa e fraterna tem tornado o debate medíocre, vazio, sem pé nem cabeça.

Vagarosamente, quem verdadeiramente se preocupa com o pensamento começa a mostrar sinais claros de preocupação com a possibilidade de o Brasil ser reduzido no futuro em uma nação com contornos belicistas de países envolvidos em guerras santas.

Neste clima em que prosperam inverdades, “fake news”, retaliações, ameaças, censura, onde combater a mentira parece ocupar mais tempo que difundir a verdade, esta Folha da Região comemora seu trigésimo nono aniversário.

No ano de 1980, em pleno início do final dos anos de chumbo e da sangrenta e criminosa Ditadura Militar, engatinhava este jornal visando bem informar e noticiar os acontecimentos de Olímpia e Região.

Desde o início a tarefa se mostrou complexa e exigiu coragem para o enfren­tamento aos coronéis de plantão que tentavam e tentam até hoje desquali­ficar o jornalismo de qualidade da Folha para imporem suas narrativas geralmente atoladas em im­probi­dade e corrupção.

Muitos deixaram o poder e ficaram inelegíveis, pagaram cestas básicas, foram condenados e outros respondem por processos na justiça em razão dos desmandos praticados.

Ao tempo em que estavam no poder, arrogantes e mandões, perseguiam este jornal, tentavam levá-lo a falência, esparramavam que tinham comprado o editor quando a notícia lhes era favorável, ou amaldiçoavam quando suas falcatruas eram expostas pelo jornal.

Vereadores, inelegíveis, cassados, preso, também se insurgiam contra notícias. Ser honesto, ser decente não se desejava, o desejo era e continua sendo, calar quem noticia a ilici­tude e este desejo a Folha jamais poderá satisfazer.

Muito embora adorasse noticiar o que pode haver de mais positivo na sociedade local, jamais se que­dará em mostrar o lado podre do poder, mesmo que isto custe retaliação e perseguição.

Uma sociedade carente de tudo, onde Educação, Saúde, Segurança, Trabalho, Emprego, Cultura e Moradia, que são o mínimo indispensável à sobrevivência e é considerado como utopia enquanto conquista e direito de todos, pela utopia esta Folha lutará.

Mesmo sabendo que foram 39 anos de guerra, de bandeira desfraldada em prol da cidade, do seu crescimento, da busca pe­la sua vocação econômica, levadas com as dificuldades que ditaduras e ditadores costumam impor aos que discutem a vida como ela é e aponta sinais de como poderia ser melhor.

Mesmo que outras linguagens interfiram no processo de discussão social, a mentira ganhe espaços e contornos de verdade até que seja desmentida.

Mesmo que os novos tempos imponham mais persistência, garra e luta em prol do ideal de manter viva e acessa a chama do jornalismo com­bativo, a Folha estará onde sempre esteve ao longo destes 39 anos, ao lado do leitor e da notícia, doa a quem doer.

 

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