07 de março | 2021

Maratona do Ócio do Kokão e proibição de alimentar pombos do Barreira, enfim, problemas importantes sendo debatidos

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“Olímpia está indo para a fase vermelha,
mas o importante neste momento são as
Corridas Virtuais do 1 de Maio e que
as pombas não sejam alimentadas”.

 

Primos e pombos são o que sujam a casa.
Barão de Itararé

 

Willian A. Zanolli

No bojo desta discussão da inutilidade do cargo legislativo, dois vereadores cientes e conscientes de sua “função” superaram todos os obstáculos possíveis e imagináveis e deram um salto de falta de qualidade nos seus mandatos.

Esta coisinha miúda e mixuruca da alta do diesel, gás e gasolina provocada por questões cambiais, alta do dólar e lucro dos investidores virou fichinha.

As mais de 250 mil mortes, com todo respeito aos que se foram e seus parentes, embora seja uma discussão necessária pode esperar um pouco mais diante da necessidade de dois projetos que vão mudar a concepção com que observamos a resistência das baratas diante de um colapso mundial, por exemplo.

Se o mundo não mudar depois destas duas propostas, será motivo mais do que suficiente para se concluir que o planeta e tudo que o cerca nasceu para louvar as insignificâncias.

Com tão pouco para se discutir, emprego em alta, vacina sobrando, receita do município crescendo, região na fase cor de rosa e a cesta básica em queda livre por que não se preocupar um pouco com o que é sério?

Por exemplo: comemorar esta notável obrigato­rie­­dade de ficar a maioria medrosa em casa com uma Maratona do Ócio pra comemorar o Dia do Trabalho.

Ideia genial do Zé Kokão e endossada pelo Secretário de esportes Fernan­di­nho e a segunda, não menos genial do vereador Barreira que é a proibição de alimentar pombos em Olímpia.

São tão superimpor­tan­tes e necessárias estas propostas que nem sei por on­de começar. Vou ter que tirar no par ou impar, ou no bito, ou no jogo da for­qui­lha do frango pra ver por onde começo.

Fui no mamãe mandou jogar neste daqui que é melhor que o Go na versão quântica, sem contar que, com margem de erro quase zero.

Deu o que deveria dar: a proibição de jogar alimentos para as pombas do Barreira.

De tempos que venho observando as autoridades negando este problema tão sério que são pessoas alimentando pombos na praça sem tomar providências.

Passava lá na Praça da Matriz e milhares de pessoas congestionando o trânsito dando comida aos pombos, batendo cabeça uma nas outras, causando acidentes quase graves e…

Os pombos, vou ser direto, me perdoem, cagando na cabeça dos velhotes que lá se distraem jogando seu baralhinho, dama, palito, falando da vida de outrem, sem a menor consideração pelo passado de glória daquelas pessoas e desrespeitando o direito ao “far niente” (o famoso fazer porra alguma)

Banheiro de pombo pra mim é cabeça de estátua e não abro mão; quando eles saem desta que deveria ser sua prática merecem punição.

Tá certo o Barreira. Se não der comida, eles não cagam na cabeça dos representantes da terceira idade.

Além do que, diminui bastante a concentração de alimentadores de pombo na praça central.

Se bem que do jeito que este povo é, vai ter quem seja capaz de se organizar pra alimentar os pombos em outras praças e ai eu já vou propor para montar um sistema de fiscalização tão sério e eficiente quanto o que foi criado para a proibição de soltar fogos de artifício nas comemorações.

Nunca mais ouvi o barulho de um foquetinho, nem quando o Palmeiras quase ganhou um mundial.

Sei que este pessoal ligado à natureza dá trabalho; pra eles articularem com os pombos pra montar uma espécie de Bom Prato para alimentar os pombos de madrugada não é muito difícil.

Por outro lado, os pombos também não são fáceis e pra virem se alimentar de madrugada fantasiados de coruja é um pulo, dai ser importante colocar no projeto pombos e corujas ou emplumados que se assemelhem.

Inclusive, esta proposição tiraria um pouco o preconceito do projeto que visa exclusivamente os pombos e deixa de fora as rolas e os fogo-apago ao ponto de se tornar inevitável a pergunta.

Algo a favor do Fogo-apago senhor? Alguma simpatia pelas rolas?

Já o Zé Kokão e o Fer­nan­dinho viajaram mais que o Marcos Pontes, o astronauta amigo dos terrapla­nistas.

Recebi aqui no WatsApp e como O Silvio Facetto não me autorizou a colocar o nome dele, direi que foi um anônimo que mandou.

A mensagem do Zé Kokão: “Fiz um pedido que a tradicional corrida do trabalhador de Olímpia seja realizada de maneira virtual. Obrigado ao secretário Fernandinho”. 

Não riam porque rir dos outros é pecado, mas a singela pergunta que o Sil­vi­nho Anônimo me mandou foi esta:

S.A. – Consegue explicar o que seria uma corrida virtual?

Ai deu nó na minha cabeça. Nem apelando pro cogito de Descartes consegui chegar perto no seu princípio filosófico em que “conhecimento que afirmo ser mais certo e mais patente… do que todos os que tive até agora”… Isso quer dizer que o ser humano é antes de tudo pensamento. 

Mas aí pirei na batatinha e o máximo que consegui extrair do cérebro foi:

W – Assim, algo que a humanidade ociosa sempre pleiteou, mas não tinha conseguido.

W – Ninguém aguentava mais aquele cheiro de suor dos corredores.

W – Só falta agora concurso de sexo virtual.

Interrompe por que deu censura pra menores de dezoito anos.

Continuando:

W – Rapaz o Zé Kokão está muito criativo pro meu gosto.

W – O bom desta corrida virtual é que pode participar pessoas de 8 até 800 quilos.

S. A. –  Vou falar pro Arantão.

W – Fala. Do jeito que ele é vaidoso vai querer participar.

S.A. – Vai que ele ganha, sobe a autoestima dele. Vai virar um atleta e larga mão de ser jornalista.

W- Fala pra ele que o Zé Kokão criou a São Silvestre dos Ociosos.

W – Vou colocar no Facebook: Zé Kokão e Fernandinho criaram a São silvestre dos Ociosos. Corrida Virtual. Se inscrevam!

S. A. – Será que eles fazem a inscrição sem eu pedir. É que sou tão preguiçoso… nem a inscrição queria fazer.

S.A. – Vão trazer o troféu ou a medalha em casa?

W- Quero saber se eles vão fornecer colchão pra gente treinar.

Este foi o diálogo que este importante evento esportivo suscitou, o que pode muito bem demonstrar o quanto nossos legisladores estão sintonizados no que é muito necessário à evolução da sociedade.

Fico imaginando a maravilhosa contribuição.

As pessoas participando de uma corrida a distância virtual que pode ser daqui ao fim do mundo, ida e volta ou até a vendinha de Álvora, com parada obrigatória pra uma nesga de mortadela, uma lambada de cachaça e uma “breja” gelada retirada do fundo da cisterna, tudo virtual.

Este emocionante primeiro de Maio vai ser do cacete ao cubo.

Já até comprei o equipamento de segurança e uma roupa bem colante pra esta corrida, não perco por nada.

Seria interessante ampliar a gama de esportes e colocar alguns mais radicais.

Sugiro abrir garrafa de cerveja no dente, tirar lacre de latinha de Skol sem quebrar a unha, apontar fósforo até virar palito de dente, cuspe à distância, que inclusive é uma das minhas especialidades, e conseguir ligar televisão com controle remoto com pilha com carga baixa.

Sei que tem gente que vai pensar que estas coisas são inutilidades e verdadeiramente são e alguns até recebem e bem pra isto.

Olímpia está indo para a fase vermelha, mas o importante neste momento são as Corridas Virtuais do 1.º de Maio e que as pombas não sejam alimentadas.

Enquanto não houver algo mais inútil que isto nos contentemos com esta significativa falta de bom senso e noção.

“O tambor faz muito barulho, mas é vazio por dentro”.
Barão de Itararé

 

Em tempo: Este artigo é uma ironia. Sabemos que existe corrida virtual, que há aplicativos que permitem isto. A discussão é sobre a desnecessidade destes temas em momento que a sociedade vive a maior tragédia de todos os tempos.

Willian A. Zanolli é advogado, jornalista, artista plástico.

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