26 de novembro | 2016

No combate a corrupção Temer se perde com a queda de mais um ministro

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Do Conselho Editorial

Seguindo a linha do que vem sendo discutido por este jornal há algum tempo em relação às mudanças no combate à corrupção, desde o começo da operação Lava Jato, os últimos acontecimentos evidenciam que as entranhas do poder foram expostas de vez.

E não se trata aqui do poder do último mandatário a tomar assento em Brasília. Trata-se de todos os poderes constituídos, de todos os atores públicos que representam, encenam a ideia da construção de Estado que deveria estar voltada para o bem comum e que se transformou em um lodaçal sem par.

De amantes de ex-presidentes com apartamentos instalados no exterior e alto salário pago por sistemas de comunicação, a pedalinhos em sítios, joias da H. Stern, iates, a apartamentos a ser ilegalmente construído em área de preservação ambiental, navegou em águas intranquilas o poluído cenário político nacional.

O atual presidente que substituiu a anterior ocupante do cargo com o propósito de combater a corrupção que se imaginava estar em patamares vergonhosos, esta semana viu o espectro da corrupção mais uma vez bater na antessala de seu gabinete no palácio.

Em um esforço inglório e infeliz resistiu à demissão do ministro, que a exemplo de outros tantos se demitiu exatamente por que sua veia latente e pulsante por coisas erradas não permitiu sua presença na condição de negociador de um governo combalido que de combatente da corrupção, por ela está sendo arrastado à mediocridade e ao descrédito.

Muitos ministros, como escrito no texto, voltaram para casa manchados em uma honra que nunca exibiram publicamente e, no entanto, ignorando o atual momento, ousada e arriscadamente, o atual destemido governante crente da impunidade nomeou-os ciente do risco que corria.

Arriscou e pagou o preço de sua ousadia, sendo que nos casos dos ministros demissionários anteriores houve o desgaste mas não atingiu de forma tão direta um governo considerado abaixo da média como o último acontecimento.

Em razão do ritual do cargo e mesmo da maneira como tem sido tratada de forma impiedosa e às vezes até truculenta e autoritária a questão do combate aos desmandos e as roubalheiras ocorridas nas administrações de forma geral, a repercussão atingiu em cheio o centro do poder e deixou abalado o pouco que restava de credibilidade do mais alto mandatário da nação.

Da mesma forma restou dúvidas nos partidos de sua base que trataram a situação levada a efeito pelo ministro como um caso menos que deveria ser desconsiderado no conjunto das questões que aflige a nação e até assinaram manifesto de apoio ao famigerado ministro, saem chamuscados do episódio.

Fica difícil até para os leigos de política creditar respeito a parlamentares e partidos que depuseram uma presidenta eleita, com o discurso de combate a corrupção, endossando ações que deveriam ser combatidas e depois ter de conviver com o pedido de demissão do ex-ministro eterno irresponsável praticante de ações condenáveis.

Vai embora e deixa suspeição sobre o golpista que ocupa o Planalto e que segundo a denúncia levada a efeito pelo ex ministro da Cultura, que saiu atirando para não ser omisso, prevaricou no cargo, mais que isto, pode ter cometido crime de responsabilidade, o que de maneira alguma é compatível com o cargo que ocupa.

Visto que os últimos acontecimentos, narrados pelo editorial deste jornal davam conta de ex-governadores do Rio de Janeiro em verdadeiro espetáculo deprimente havia sido preso, as últimas informações sobre o escândalo e demissão do ministro que expõem o Presidente da República mais uma vez, de forma muito indigna do cargo que ocupa, dá conta de que o país mudou e quem não mudar sairá das manchetes positivas dos jornais para as páginas policiais.

Quem nomeia mal sabe o risco que corre; Pássaros da mesma plumagem voam juntos; João de Barro que acompanha morcego acaba dormindo de cabeça pra baixo; diga com quem andas e os bem intencionados dirão se vão atrás; e estas lições no Brasil atual que antes só serviam para quem não detinha o poder agora parece que vale para todos.

E, cadeia, ao que tudo indica, não foi feita pra cachorro; Valério, Dirceu, Delúbio, Genoino, Palloci, Cunha, Garotinho, Sérgio Cabral e Marcos Santos que o digam.

Mudou e o nome destes encarcerados provam isto, os novos governantes se atentem para estes tempos de transformações ou como Temer não temam e paguem para ver.

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