03 de dezembro | 2012

O Ministério Público sabe o caos que se encontra a saúde local?

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Do Conselho Editorial

Na semana passada um jornal local anunciou que o representante do Ministério Público local, Márcio Rosseto Leite, estaria na sessão da Câmara Municipal marcada para a última segunda-feira.

Sua visita a Casa de Leis tinha por objetivo acompanhar a votação de uma emenda parlamentar que ampliaria o repasse no próximo orçamento destinado a Santa Casa de Misericórdia local.

Antes de entrar no âmago da questão vale a pena frisar que a matéria jornalística só foi possível tendo em vista que vereadores foram intimados a comparecer ao Ministério Público para juntamente com o representante local pensarem soluções para a crise que se  encontra o único hospital da cidade.

Durante a visita o promotor foi informado acerca da emenda que beneficiaria a Santa Casa. Garan­tiu aos vereadores que estaria na sessão de segunda-feira na Câmara acompanhando os trabalhos legislativos.

Evidente que foi percebido que as últimas medidas adotadas pelo atual provedor acentuaram a gravidade do que vinha sendo anunciado por este e por outros periódicos locais.

Que a UPA, com sua vocação populista e eleitoreira não resolveu e não vai resolver uma questão de gestão que está colocada diante da constatação que falta pro­fis­sionalismo e sobra ama­do­rismo nas discussões acerca de saúde no município, tanto da parte do gestor público, quanto dos que foram impostos de forma ditatorial para o comando da Santa Casa.

As próprias medidas tomadas pela atual direção dão a exata ideia da utilização eleitoreira da instituição e da tentativa de ir se impondo fórmulas que não se identificam com o receituário moderno que tiram da UTI instituições onde o desmando é trocado pelo conhecimento administrativo e o hospital deixa de tratar como cobaia a saúde pública.

Evidente e muito claro que a tentativa de Eugênio José de liquidar uma possível liderança, caso da ex-provedora, foi bem sucedida do ponto de vista político, e um fracasso do ponto de vista social, já que levou ao abismo a Santa Casa e propôs uma solução que não funciona que é o caso da UPA.

Aquilo que toda a sociedade discutia e que o governo Geninho negava agora não tem mais como esconder, a saúde pública em que pese o milionário orçamento que dispõe, está falida, por incompetência de quem administra muito mais pela vaidade que pelo social.

Sempre houve uma discussão entre o poder Executivo  e a classe médica, que foi colocada na eleição que disputou pela primeira vez, como vilão, nos palanques, e deixado claro que se eleito indicaria alguém técnico que não fosse da área médica para comandar a pasta da Saúde.

Assim foi feito, só que infelizmente a alma pop star do prefeito eleito não permitiu que descesse do palanque nem se despisse de aura autoritária, de sua vaidade, de seu egoísmo, e as diferenças com a categoria foram se acentuando, gerando a crise inevitável.

De nada adiantou aumentar o salário dos médicos, não atraiu novos quadros para cá, apelou para a terceirização seguindo a cartilha de privatização e tercei­rização do seu partido, o DEM, e não conseguiu até o presente momento resultados que justificassem os altos custos de suas decisões sempre muito caras e pouco ope­rantes.

Chegou ao ponto em que o Ministério Público novamente abre espaço para discutir exatamente o que foi motivo para a intervenção na Santa Casa, que ao invés de trazer soluções ampliou mais ainda a crise.

A ida do promotor a Câmara tinha por objetivo acompanhar a votação de uma emenda que dobraria o repasse à Santa Casa, ao contrário do que possam imaginar alguns e houve comentários neste sentido, não se trata de intromissão de poderes.

Pode se tratar, no caso de estar presente para formar convicção acerca do que verdadeiramente ocorre quando se discute Santa Casa na casa da Aurora.

Sua presença por lá, ao que tudo indica, pelas informações que se tem, apenas evitou que a emenda em questão fosse votada, e trouxe a explicação que o prefeito já havia esclarecido acerca da situação que se encontra a Santa Casa, e que tudo está resolvido.

A preocupação do Ministério Público que encontra eco na sociedade local e que era negada pelo Poder Executivo é que sendo a cidade turística somente a UPA não daria como não está dando conta do recado após ter fechado o Pronto Socorro.

De tudo ficou bem claro, que o repasse que Eugênio dizia que passava para a Santa Casa era muito mais marketing, que não continha elementos verdadeiros, que outra coisa.

Exposta esta realidade que se confronta com os discursos eloqüentes carregados de falsas imposições do mundo da fantasia, resta saber se é possível crer que a Santa Casa de Misericórdia, a UPA, a Saúde local, sendo administrada ao vai da valsa, no chute, sem método, organização, ou qualquer coisa que inspire confiança, vá melhorar depois desta segunda “intervenção” do Ministério Público ou se vai afundar mais ainda como quando aconteceu a desastrada intervenção que deu no que deu e o que deu não é bom de se notar.

Em tudo isto algo marca, os reclamos da população foram bater novamente as portas do MP, é esperar que sejam sábias as ponderações do representante local, de forma a superar as do outro representante que ao invés de trazer benefícios trouxe prejuízos, cujos custos altos estão sendo pagos pela população carente sem assistência e desamparada até hoje.

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