05 de junho | 2022

O ódio tem raízes na má formação?

Compartilhe:

“O que está ocorrendo em alguns países com esta onda
de utilização
de mentiras como fonte de
desinformação e convencimento
dos mais alienados,
do crescimento do ódio repulsivo
e abjeto, é que se
vai constatando está patente
e claro que o ódio
tem raízes na má formação”.

 

Do Conselho Editorial

Com o debate na sociedade do crescimento dos movimentos autoritários, dos discursos beligerantes, da formação dos gabinetes do ódio, do fundamentalismo, as discussões sobre a origem do ódio estão muito presentes.

Este jornal vêm sofrendo desde sempre perseguições por ter uma postura independente de defesa intransigente de respeito a diversidade de opiniões, porém, no últimos tempos o ataque se ampliou de tal maneira que o que eram discordância pontuais em relação a linha editorial, discutidas civilizadamente, passou a ser combate violento que, inclusive, culminou com um incêndio a sua sede  e residência do jornalista editor.

É do conhecimento geral que o ex-bombeiro incendiário Claudio Baia, com ligações estreitas com o bolsonarismo, a corrente negacionista e o Gabinete do Ódio local, estimulado por fúria insana do grupo, ao que tudo indica, estava ligado, radicalizou e incendiou o prédio que abriga as mídias e a casa do jornalista.

O grupo, mesmo após o incidente sinistro, continuou e continua sua sanha persecutória contra a emissora, o site e o jornal dos quais o jornalista é editor/colaborador.

Foram muitas ações na justiça, campanhas nas redes sociais pra que não se assinasse ou anunciasse nestes veículos de comunicação; denúncias anônimas no Ministério das Comunicações e Ministério Público, todas mal sucedidas sem o resultado desejado pelos conspiradores da democracia.

A luta não terminou. A cada dia uma nova ação se anuncia como definitiva, como a que enfim encerrará a trajetória de sucesso destes órgãos de comunicação que, como Fênix, vai ressurgindo das cinzas a cada ameaça, a cada investida do lado sombrio dos seres humanos que dedicam sua estada na terra a conspirar, a ter inveja dos que não conseguem dominar.

Uma grande questão se coloca para discussão mais ampla e a mesma remete a busca da origem deste deslocamento da realidade e aprofundamento da falta de nexo, bom senso, desvirtuamento de valores e valorização da pós-verdade que o mundo atual e o Brasil estão vivendo.

Há que se questionar se este tipo de relação inamistosa que a sociedade está vivenciando, se esta animosidade, cuja pretensão é a imposição do pensamento único, levará o país ou o mundo a mais confrontos ou se haverá uma pacificação construída pelos discursos de distensão e de conflitos.

Pelo que se observa da experiência nacional e a de outros países em que há uma perspectiva crescente das máquinas autoritárias atreladas ao domínio do Estado é que está ocorrendo um aumento significativo da violência religiosa, dos preconceitos, da perseguição à mídia, da eliminação de opositores, do desmonte do aparelho do Estado e crescimento do estado paralelo.

Da mesma maneira é sintomático que as economias de países onde o debate do ódio tem prosperado estejam em plena decadência, com números negativos e tendência do crescimento o desemprego, da fome e da miséria.

Personagens divididos entre uma sociedade justa e fraterna de um lado e do outro os que querem e pleiteiam um sistema ditatorial que amordace ou elimine o pensamento contrário, que exclua as diferenças e o debate civilizado.

Sim, quem não compreendeu que compreenda: há dois lados nesta disputa. Um quer seguir a marcha da evolução humana e o outro demonstra estar desejando voltar para as cavernas.

Um atento ao que está escrito nos livros, nas telas do cinema, no compasso das músicas, nos passos dos bailarinos, na pintura das telas nas cerimônias em favor da sensibilidade e da poesia que premiam a vida e colorem o futuro.

O outro pedindo armas, flechas, sarabatanas, arcos, gritos e rituais de guerra, de extermínio e de morte como se a eliminação fosse ou valor mais alto e de valor mais supremo que a existência.

Não há muito que se explicar quando se tem noção de que o único animal que não aprende nada sozinho é o ser humano, quando se sabe que um gato ou um cachorro, se retirados da ninhada, vão em frente e sem a presença de gatos e cachorros em sua vida vão miar e latir como gatos e cachorros.

Um bezerro criado sem contato com outros bezerros, vacas ou bois irá mugir como é próprio de sua espécie; já o ser humano, criado isoladamente, sem nenhum contato, não aprenderá uma palavra sequer. Esta é uma das coisas que difere o animal homem dos outros animais.

Um aprende e apreende com o outro.

Um cidadão nascido na França, se levado pra Índia e lá for educado, a menos que ensinem, não falará francês.

É o meio que produz o que se pensa e como se pensa.

Para um aborígene, o som da música clássica pode não ter valor algum, já o som de um tambor pode levá-lo ao Nirvana, assim como a Nona Sinfonia de Beethoven transporta alguns eruditos ao êxtase e Fogão de lenha de Chitãozinho & Xororó remexe a memória emotiva do homem ligado ao campo.

Cada cultura um hábito, um determinado respeito pelas convenções e pelo contrato social convencionado, pactuado silenciosamente, respeitado por maioria.

O que está ocorrendo em alguns países com esta onda de utilização de mentiras como fonte de desinformação e convencimento dos mais alienados, do crescimento do ódio repulsivo e abjeto, é que se vai constatando está patente e claro que o ódio tem raízes na má formação.

Momento de dar marcha ré e reforçar a valorização da cultura do bem e apoiar mudanças profundas no sistema de educação para, pelo menos, reduzirmos os efeitos devastadores que a nova velha visão dos fundamentalistas de plantão não transforme a Terra em um palco de batalhas sangrentas e constantes determinadas pelo crescimento continuo da ignorância e desprezo pelo conhecimento.

Compartilhe:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do iFolha; a responsabilidade é do autor da mensagem.

Você deve se logar no site para enviar um comentário. Clique aqui e faça o login!

Ainda não tem nenhum comentário para esse post. Seja o primeiro a comentar!

Mais lidas